Mortalidade infantil Yanomami é 10 vezes maior que a média do país
Dados superam os de países mais pobres do mundo, como Serra Leoa e República Centro-Africana
Bebês da etnia Yanomami morrem dez vezes mais que outras crianças brasileiras. A taxa de mortalidade de bebês, no primeiro ano de vida desta população, atingiu 114,3 a cada mil nascimentos em 2020. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o número supera o de países africanos Serra Leoa e República Centro-Africana, que estão entre os mais pobres do mundo e têm os maiores índices de mortalidade de crianças. As informações são da Agência Brasil.
Segundo relatório da Missão Yanomami, divulgado pelo Ministério da Saúde, as mortes de bebês recém-nascidos representaram quase 60% dos óbitos em menores de um ano de 2018 a 2022. O relatório aponta ainda que os tristes dados revelam falha na atenção à gestação, ao parto e aos cuidados no nascimento. A Missão Yanomami foi realizada entre os dias 15 a 25 de janeiro.
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O documento indica a desnutrição como uma das principais causas de óbito de crianças. Dados coletados desde 2015 apontam frequência de baixo peso. Em 2021, esse índice chegou a 56,5% das crianças yanomami. Quase metade das gestantes estava abaixo do peso em 2022.
Doutora em nutrição e professora aposentada da Universidade Federal de Pernambuco, Sonia Lucena explica que a desnutrição impacta severamente na imunidade das crianças.
"É muito comum na desnutrição você ter infecção respiratória aguda, às vezes pneumonia, e muitas vezes o que mata uma criança desnutrida é uma septcemia, porque o organismo dela, por não ter condições de se proteger, também perde as condições de se recuperar diante destas doenças. E o comprometimento no crescimento e no desenvolvimento normal do cérebro nesta faixa precoce da vida, ele é irrecuperável", disse Sonia.
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