Iphan abre consulta pública para reconhecer Ofício de Tacacazeira como Patrimônio Cultural
Sociedade pode enviar opiniões até 19 de novembro sobre a tradição das tacacazeiras; saiba como participar
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) abriu, na última segunda-feira (20/10), uma consulta pública para que a sociedade se manifeste sobre o registro do Ofício de Tacacazeira como Patrimônio Cultural do Brasil. O prazo vai até 19 de novembro de 2025, e qualquer pessoa pode enviar opiniões, sugestões ou informações sobre essa tradicional prática amazônica.
O tacacá é um prato típico do Pará e da região amazônica, feito com tucupi (caldo de mandioca), goma de tapioca, camarão seco e jambu, erva que provoca uma leve sensação de formigamento na boca. Em 2025, ele entrou para o top 10 dos melhores pratos do Brasil, segundo o site Taste Atlas.
VEJA MAIS
Os interessados podem enviar contribuições de três formas:
- Por e-mail: conselho.consultivo@iphan.gov.br
- Por correspondência: Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, SEPS 702/902, Centro Empresarial Brasília 50, Bloco B, Torre Iphan, 5º Andar, Brasília-DF, CEP 70390-135
- Via Protocolo Digital: disponível no site oficial do Iphan
Após o encerramento do prazo, todas as manifestações serão analisadas pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão máximo do Iphan responsável por decisões sobre o registro de bens culturais no país.
A história do Ofício de Tacacazeiras
O processo de reconhecimento do Ofício de Tacacazeira começou em 2010, com solicitação do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP) para inclusão no Livro dos Saberes. Em 2024, o projeto ganhou novo impulso com pesquisa realizada em parceria com a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), aproximando o ofício do registro como Patrimônio Cultural do Brasil.
O ofício representa a profissionalização da prática do preparo e venda do tacacá, ocupação tradicionalmente exercida por mulheres, conhecidas como tacacazeiras. Ao contrário da culinária doméstica, o trabalho das tacacazeiras envolve relações sociais, comerciais e culturais, sendo parte integrante da vida urbana amazônica.
Confira o Parecer Técnico do Iphan sobre o registro do Ofício de Tacacazeira
O tacacá e a cultura amazônica
Pesquisas históricas indicam que o consumo do tacacá por povos indígenas da Amazônia remonta ao século XVIII. A comercialização sistemática, que caracteriza o ofício das tacacazeiras, se consolidou entre o final do século XIX e início do século XX, acompanhando o crescimento urbano e a necessidade de trabalho formal limitado para mulheres.
Nesse contexto, o comércio de alimentos de rua tornou-se uma estratégia de sobrevivência e sustento familiar, permitindo conciliar atividades domésticas e renda.
Em Belém, o ofício está consolidado em toda a cidade, migrando da periferia para o centro e marcando presença em praças, feiras, festas juninas, restaurantes renomados e grandes eventos, como o Festival das Tacacazeiras e o Círio de Nazaré.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA