Idosa desaparecida desde 1979 é achada em hotel; MTE investiga situação análoga à escravidão

A mulher vivia em um quarto afastado da área de hóspedes

Luciana Carvalho
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Uma idosa de 79 anos, desaparecida desde 1979 foi encontrada morando em um hotel. A Polícia Civil investiga a suspeita de maus-tratos e o Ministério do Trabalho (MTE) apura se a mulher era mantida no local em condição semelhante à de escravizada.

De acordo com a Polícia Civil, a mulher foi localizada no dia 31 de janeiro em Garibaldi, na Serra do Rio Grande do Sul, depois que os policiais receberam denúncias informando que ela estaria no estabelecimento. Segundo o delegado responsável pelo caso, a idosa teria se afastado da família há cerca de 44 anos por conta de uma desavença. "A senhora teria se afastado da família em 1979, por alguma desavença, algo que não está bem esclarecido. Desde então, a família não soube mais dela", diz o delegado. Os policiais investigam a suspeita de maus-tratos.

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Funcionários do hotel disseram à polícia que a mulher trabalhou como servente no local na década de 1990. Em depoimento, a idosa disse que foi demitida em 2000 e que, desde então, foi mantida no estabelecimento sem vínculo empregatício. Ela ganharia de R$ 25 a R$ 50 por semana, sem folgas nos finais de semana, e trabalharia na manutenção do hotel. A partir dessas informações, o MTE investiga se ela era mantida no local em condição semelhante à de escravizada.

Segundo as autoridades policiais, a idosa vivia em um quarto afastado da área de hóspedes. O ambiente não tinha iluminação natural e o banheiro não era próximo. "As condições de higiene no local eram precárias, roupas de cama e colchão muito sujos. Ela fazia as necessidades em um balde", explica o delegado.

Os agentes do MTE observaram que alguns móveis foram reparados e trocados de lugar entre a abordagem da polícia e a  fiscalização do órgão. Na ocasião da vistoria da polícia, não havia iluminação, os móveis estavam quebrados e não tinha pia no banheiro. Já na visita do MTE, havia lâmpadas e uma pia, além de móveis que foram consertados.

A família da idosa foi localizada em Cachoeirinha, a 117 km de Garibaldi. Ela foi entregue aos parentes e levada para o município no dia 2 de fevereiro. O advogado que representa os familiares dela afirma que a preocupação, neste momento, é com a saúde da mulher. "Num primeiro momento, a família acolheu super bem a idosa, buscando tratamento médico pra ela, psicológico, dental, ela está bem abalada. É uma situação bem complicada", comenta.

O que dizem os responsáveis pelo hotel?

O advogado que representa os donos do hotel, Flavio Green Koff, diz que a mulher era vista como parte da família. "O tempo foi passando, foi passando, e não tinha o que fazer com essa senhora. Vamos jogar na rua? O que fazer? Não tinha uma solução", afirma.

O advogado diz ainda que a mulher "tinha uma vida normal, andava onde queria; tinha o seu quarto, não era cinco estrelas, evidentemente; não tinha banheiro no quarto, não era uma suíte, mas o banheiro dela ficava a 20 passos mais ou menos do quarto dela, em área coberta, não tinha problema nenhum".

O hotel também nega que a idosa tenha permanecido como funcionária depois que foi demitida, reforçando que a ela apenas morava no local, com acesso livre e alimentação disponível.

(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política).

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