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Grávida de 13 anos tem atendimento negado em hospital, convulsiona e realiza parto de risco

Família afirma que uma enfermeira falou para a jovem procurar ajuda em outra unidade de saúde: 'aqui não é lugar para fazer pré-natal'

Emilly Melo

Uma adolescente de 13 anos prestes a dar à luz teve o atendimento médico negado no Hospital Dr. Adhemar de Barros, em Apiaí, no interior de São Paulo, segundo a denúncia da família. De acordo com a mãe da jovem, a filha teria sido "humilhada" durante o processo de triagem na unidade. A adolescente foi indicada por uma funcionária que deveria procurar diagnóstico em outro local

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“Ela chegou ao hospital quase desmaiando e a enfermeira não teve a coragem de medir a pressão arterial. Falou para minha mãe que lá não fazia teste de gravidez, que na farmácia tinha teste por R$ 5. Minha mãe pediu ajuda e se propôs até a pagar a consulta se fosse possível, mas a enfermeira começou a fazer perguntas e deixou minha irmã constrangida e envergonhada”, explicou o irmão da jovem em entrevista ao g1.

A família não sabia da gravidez, pois a jovem deixou em segredo porque estava com medo de contar aos familiares. Por ter tido sintomas, a adolescente conseguiu esconder a gestação durante os nove meses, até começar a passar mal. 

A família relata no boletim de ocorrência, registrado na Polícia Civil, que a jovem foi levada pela mãe ao hospital da cidade após acordar vomitando. Durante o processo de triagem, a mãe disse à enfermeira que suspeitava que a filha estava grávida. Nesse momento, a profissional teria afirmado que a unidade “não é um posto de saúde, não é lugar para fazer pré-natal.”

Ainda de acordo com a mãe, a enfermeira se recusou a encaminhar a adolescente para o atendimento médico e começou a fazer perguntas para a menor: “Você fez sexo? Transou com alguém?”. Em seguida, pediu para a adolescente ir fazer o teste de gravidez e, caso o resultado desse positivo, que elas não aparecessem no hospital.

“Eu implorando, pedindo para ela [a enfermeira] deixar minha filha passar no médico. Ela não ouviu o clamor de uma mãe. Se a gente vai ao hospital, vai para buscar ajuda, a gente não vai por brincadeira”, disse a mãe.

A Prefeitura de Apiaí, que administra o Hospital Dr. Adhemar de Barros, não se posicionou sobre o caso até a última atualização desta matéria. 

Trabalho de parto de risco

De acordo com o boletim de ocorrência, eles deixaram o hospital e foram até um laboratório particular para realizar um exame de sangue para comprovar a gravidez. A mãe e a filha foram para casa para aguardar o resultado do exame. No entanto, após 1h30 , a adolescente voltou a passar mal e eles retornaram para o hospital, onde ela foi levada para a sala de emergência já com convulsões

Com o agravamento do quadro de saúde, a jovem precisou fazer uma cesariana de emergência e ser entubada após o parto. Ela foi transferida para a Santa Casa de Misericórdia de Itapeva, onde permaneceu internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por cinco dias. Segundo o irmão da jovem, ela chegou a ficar inconsciente. A adolescente e o bebê recém-nascido receberam alta médica e passam bem

(*Emilly Melo, estagiária, sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do Núcleo de Política)

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