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Comando Vermelho: O que é e como surgiu a facção criminosa que se espalhou pelo Brasil?

Entenda a origem do Comando Vermelho nas prisões cariocas, sua expansão pelo país e o impacto da facção na violência urbana e no tráfico de drogas.

Gabrielle Borges
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A megaoperação das Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho (CV) vem chamando a atenção e parando o Brasil. Deflagrada na terça-feira (28/10) nas regiões dos complexos do Alemão e da Penha, ela já é considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, com mais de 60 mortos até o momento.

Nomeada como Operação Contenção, a ação mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar e tem como objetivo cumprir 100 mandados de prisão e 150 de busca e apreensão contra líderes do Comando Vermelho.  Mas, afinal, o que seria o Comando Vermelho e qual a razão dele ser considerado perigoso? Saiba mais a seguir.

O que é o Comando Vermelho (CV)?

O Comando Vermelho (CV) é uma das maiores e mais antigas facções criminosas do Brasil, com origem no estado do Rio de Janeiro. Conhecido pela atuação no tráfico de drogas, roubos, sequestros e armas de fogo, o grupo exerce forte influência sobre comunidades cariocas e tem ramificações em diversos estados do país.

Ao longo das décadas, o Comando Vermelho construiu uma estrutura complexa e hierarquizada, com conexões dentro e fora dos presídios, consolidando-se como uma das organizações criminosas mais poderosas da América Latina.

A origem do Comando Vermelho nas prisões do Rio

O CV nasceu no fim da década de 1970, dentro do presídio da Ilha Grande, no Rio de Janeiro. À época, presos políticos detidos durante a ditadura militar (1964–1985)  foram colocados nas mesmas celas que criminosos comuns. Enquanto os políticos ensinavam noções de organização, disciplina e solidariedade, os criminosos comuns repassavam o conhecimento prático do mundo do crime.

Dessa união, surgiu um grupo inicialmente chamado de Falange Vermelha, criada por Rogério Lemgruber, um assaltante e traficante do Rio de Janeiro. Mais tarde evoluiu para o Comando Vermelho.

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A expansão nos morros e favelas do Rio de Janeiro

Nos anos 1980 e 1990, o Comando Vermelho expandiu sua influência para além dos presídios e passou a dominar morros e comunidades cariocas. O controle territorial era mantido por meio da distribuição de drogas, armamento pesado e poder paralelo com imposão de regras, julgamentos e até auxílio financeiro a moradores.

O lema “Paz, Justiça e Liberdade” se popularizou nas comunidades sob influência da facção, simbolizando um discurso de "proteção" e resistência diante da ausência do Estado. Ao mesmo tempo, o CV começou a rivalizar com outras organizações, como o Terceiro Comando Puro (TCP) e, mais tarde, o Amigos dos Amigos (ADA).

Como o Comando Vermelho movimenta o crime no Rio?

O CV tem papel central na economia paralela do tráfico de drogas no Rio. Controla rotas de entrada de entorpecentes, especialmente vindos da Bolívia, Peru e Colômbia, e distribui a mercadoria para comunidades e outros estados.

A facção também mantém forte influência dentro do sistema prisional, usando a comunicação com presos e familiares para coordenar ações nas ruas. Essa rede de comando permite ao CV financiar armas, pagar “soldados” e até realizar ataques coordenados contra forças de segurança. Além disso, o grupo se envolve em outras atividades ilícitas, como extorsão, roubo de cargas, pirataria e jogos de azar.

Em muitas comunidades, o Comando Vermelho exerce uma influência social e simbólica. Além do controle armado, a facção busca legitimar sua presença com práticas de “assistência”, como a distribuição de cestas básicas, ajuda financeira e até o financiamento de festas locais.

Essas ações criam uma relação de dependência e medo, dificultando a presença do Estado e perpetuando o domínio territorial da facção.

A expansão do Comando Vermelho pelo Brasil

A partir dos anos 2000, o CV se espalhou para outros estados brasileiros, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Estados como Amazonas, Pará, Ceará e Acre registraram a presença da facção, que passou a disputar território com rivais como o Primeiro Comando da Capital (PCC), originado em São Paulo.

No Norte, por exemplo, o CV consolidou alianças com grupos locais, o que resultou em confrontos violentos com o PCC, como os massacres em presídios amazonenses, em 2017. Essa expansão transformou o Comando Vermelho em uma rede nacional, operando com grande capacidade logística e financeira.

Apesar de operações policiais e prisões de líderes históricos, o Comando Vermelho mantém-se ativo e adaptável dentro e fora de presídios.

(*Gabrielle Borges, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Felipe Saraiva, editor web de OLiberal.com.)

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