Belém inicia implantação de uma sinalização de trânsito mais moderna para segurança dos pedestres

As faixas iluminadas e os equipamentos eletrônicos instalados na avenida Duque de Caxias garantem mais segurança nos trechos em que não há semáforo

Dilson Pimentel

20.09.25 17h00

Equipamentos eletrônicos instalados na avenida Duque de Caxias garantem mais segurança aos pedestres nos trechos em que não há semáforo (Foto: Thiago Gomes/O Liberal)

Moradores de Belém, que vai sediar no próximo mês de novembro a COP 30, já conseguem usufruir de uma sinalização de trânsito inteligente, moderna e voltada para a maior segurança de motoristas e pedestres, inclusive com recursos de inteligência artificial. As faixas iluminadas e os equipamentos eletrônicos instalados na avenida Duque de Caxias, na capital paraense, são exemplos dessas ações, que integram as chamadas Vias Inteligentes. O investimento é de mais de R$ 4 bilhões disponibilizados pelo Tesouro Estadual, da Binacional Itaipu e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ao todo, oito avenidas de Belém serão beneficiadas pelo projeto.

Na avenida Duque de Caxias, as faixas iluminadas e os equipamentos eletrônicos garantem mais segurança aos pedestres nos trechos em que não há semáforo. O sistema eletrônico acende automaticamente no momento em que o local escurece, incidindo na faixa com pintura reflexiva e chamando a atenção do motorista, reduzindo o risco de acidentes. Segundo a Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop), do Governo do Pará, em data ainda não divulgada, a via receberá ainda semáforo autoprogramável, otimizando o fluxo de tráfego de veículos. De acordo com a pasta, a via também passa por revitalização da ciclovia e implantação do novo passeio no canteiro central, criando um ambiente de locomoção mais seguro.

No último dia 15, representantes do Departamento de Trânsito do Pará (Detran) e da Secretaria de Segurança, Ordem Pública e Mobilidade Urbana de Belém (Segbel) realizaram uma reunião de alinhamento para fortalecer a cooperação técnica entre os órgãos. O foco é a modernização da sinalização da capital e no aprimoramento das operações integradas de trânsito.

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Entre as ações previstas pelos dois órgãos estão a renovação das sinalizações horizontal e vertical, a modernização do parque semafórico e a ampliação do uso de tecnologias, como câmeras de leitura de fluxo e sistemas de inteligência artificial. Também foi definida a criação de uma comissão conjunta para acompanhar a execução dos projetos, garantindo maior efetividade às ações, principalmente em períodos de grande movimentação, como o Círio de Nazaré. A iniciativa reforça a integração entre Estado e município, promovendo mais segurança viária, fluidez no tráfego e melhor atendimento à população.

“Nós vamos formar uma equipe integrada Detran-Segbel para definir metas, especialmente no que diz respeito à sinalização semafórica, horizontal e vertical. Estamos comprometidos em realizar o nosso melhor para o bom andamento das ações, principalmente neste período em que Belém se prepara para ser a capital do mundo”, disse o novo diretor-geral do Detran Alexandre Burchacra, se referindo à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que a cidade sediará em novembro.

Para o secretário da Segbel, Luciano de Oliveira, a iniciativa representa um avanço para a mobilidade urbana. “Estamos renovando a sinalização e modernizando os semáforos, com câmeras de leitura de fluxo e recursos de inteligência artificial. Isso trará mais segurança, organização e eficiência para o trânsito da capital”, disse.

Melhorias na ciclofaixa da Duque

O entregador Victor Monteiro, 20 anos, gostou das obras que estão sendo feitas na ciclofaixa da Duque de Caxias, onde haverá um espaço para os pedestres, para que estes não transitem no mesmo espaço que os ciclistas. Victor, que trabalha como entregador de restaurante, conta que antes da adaptação era comum encontrar pedestres na área destinada às bicicletas. “Por ser uma ciclofaixa, a gente prefere vir por aqui. Mas sempre havia muitas pessoas andando. Para não bater em alguém, a gente acabava indo para a rua, mesmo sem a estrutura adequada”, contou.

O entregador Victor Monteiro, 20 anos, gostou das obras que estão sendo feitas na ciclofaixa da Duque de Caxias (Foto: Thiago Gomes/O Liberal)

Com a criação de um espaço exclusivo também para pedestres, ele percebeu uma melhora significativa. “Agora está mais organizado. Já andei várias vezes pela Duque de Caxias e realmente ajudou bastante. De vez em quando ainda acontece de ter pessoas na ciclofaixa, mas a gente conversa e explica. O importante é que cada um faça a sua parte”, reforçou.

Pacote de obras

Atualmente, de acordo com a Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop), cerca de 30 obras estruturantes estão em andamento, modernizando Belém para receber o maior evento global sobre impactos do clima. Além da Avenida Duque de Caxias, outras sete vias importantes estão no cronograma de requalificação e modernização: avenida Dr. Freitas; avenida Pedro Álvares Cabral; rua Belém; rua Municipalidade; avenida Senador Lemos; avenida Visconde de Souza Franco; e Avenida Almirante Tamandaré.

Entre as ações previstas nas vias reestruturadas estão a adoção de sistemas de controle de tráfego e monitoramento de vídeo; faixas inteligentes para pedestres, com iluminação indicativa em LED; implantação de 10 novas paradas de ônibus com totens de informação ao usuário; internet Wi-Fi; ampliação de calçadas; implantação de ciclovias e instalação de equipamentos de inteligência para gestão de tráfego. Essas medidas visam aumentar a fluidez do tráfego, proporcionar maior segurança aos pedestres e ciclistas, e garantir um deslocamento mais eficiente para moradores e visitantes.

As obras serão entregues até a COP 30, totalizando a reconstrução de quase 25 quilômetros de ruas e avenidas. Também estão em andamento outras intervenções de mobilidade, como a finalização do BRT Metropolitano, na rodovia BR-316, que terá veículos a diesel modelo Euro 6, os quais emitem 15 vezes menos carbono que os modelos atuais, e ainda modelos elétricos, que além de não emitirem gases de efeito estufa produzem baixo nível de ruído. O BRT Metropolitano atenderá aos municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides, Santa Bárbara do Pará e Santa Izabel do Pará, beneficiando cerca de 2 milhões de pessoas.

E ainda, dois viadutos em construção em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, e outros dois na entrada da capital - um já em funcionamento desde 24 de dezembro - serão entregues para a COP 30, contribuindo muito para o fluxo do trânsito durante o evento, melhorando consideravelmente a mobilidade para quem circula na região. A obra de ampliação da rua da Marinha, localizada no “Polígono da COP”, passará de duas faixas de rolamento para seis. E deve beneficiar a população de seis bairros, escoando o tráfego e garantindo mais segurança.

Belém preparada para grandes eventos e maior fluxo de pessoas

A Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Segurança, Ordem Pública e Mobilidade (Segbel), informou que vem desenvolvendo novas soluções de sinalização viária em parceria com o Governo do Estado. As iniciativas fazem parte de um conjunto de projetos-piloto que têm como objetivo modernizar a mobilidade urbana, oferecer mais segurança para pedestres e motoristas e preparar a cidade para os desafios de grandes eventos e do crescimento no fluxo de pessoas.

Esse convênio compreende o valor de R$ 50 milhões e atende toda a Região Metropolitana de Belém. De acordo com a prefeitura, a iniciativa, que contempla também Belém, "garante aos principais cruzamentos da capital uma sinalização vertical moderna e inteligente que aprimora a fluidez do trânsito e a mobilidade urbana, alinhada às melhores práticas adotadas nas grandes metrópoles do mundo".

Um dos destaques é a implantação dos novos sinalizadores de travessia de pedestres. Atualmente, a avenida Duque de Caxias já conta com seis equipamentos em funcionamento, marcando o início do projeto. Esses dispositivos aumentam a visibilidade das faixas em locais de grande movimento, reduzem os riscos de acidentes e oferecem aos condutores uma sinalização mais clara sobre os pontos de travessia. A partir dos resultados obtidos nesse teste inicial, estudos técnicos estão sendo realizados para verificar a viabilidade de expandir a instalação para outras vias da capital, priorizando as áreas de maior fluxo de trânsito.

Outro avanço na sinalização é a criação das chamadas faixas de pedestre verdes. A proposta é dar mais destaque aos locais de travessia, facilitando a visualização tanto para quem anda a pé quanto para os motoristas. A escolha da cor verde não é apenas estética: ela simboliza a conexão com a agenda ambiental da cidade e faz referência à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém em 2025. Por isso, essas novas faixas estão sendo implantadas nos cruzamentos estratégicos da cidade, reforçando a identidade visual da capital com o evento internacional.

O trabalho integra um esforço maior da Prefeitura para revitalizar e ampliar a sinalização viária de Belém. Atualmente, a cidade já conta com mais de 1.600 faixas de pedestre distribuídas em diferentes bairros, resultado de uma política contínua que, desde janeiro deste ano, já implementou e recuperou mais de 50 quilômetros de sinalização. A medida contribui não apenas para a organização do trânsito, mas também para a valorização da vida nas ruas, promovendo uma mobilidade mais segura e acessível para todos.

Moradores destacam importância de faixas de pedestres

A pintura de faixas de pedestres em Belém tem sido bem recebida pela população, que vê na ação uma forma de reforçar a segurança no trânsito. No entanto, moradores apontam que ainda há motoristas que não respeitam a sinalização, colocando pedestres em risco.

O aposentado Rubens Rosa, de 61 anos, avaliou a iniciativa como positiva. “É bastante importante, porque a gente vê que agora nas ruas não tem mais faixas. E eles pintando, fica uma segurança maior para atravessar. Para a pessoa, para o carro parar, né?”, disse. Ele ressaltou, porém, que a travessia exige atenção redobrada: “Alguns motoristas respeitam, outros não. Às vezes os carros param, mas as motos passam do lado. Então fica meio perigoso. Nós temos que prestar bem atenção. Todo cuidado é pouco”.

A doméstica Regina Oliveira, de 67 anos, também aprovou a pintura das faixas, mas alertou para a necessidade de conscientização dos condutores. “Ficou muito bom, mas tem vezes que eles não respeitam. A prefeitura está fazendo a parte dela, pintando, mas é importante que os motoristas também façam a parte deles. Tem multa, mas muita gente não respeita”, afirmou.

A doméstica Regina Oliveira, de 67 anos, também aprovou a pintura das faixas, mas alertou para a necessidade de conscientização dos condutores (Foto: Carmem Helena/O Liberal)

Desrespeito dos motoristas

O aposentado José Maria Damasceno Alves, de 60 anos, afirmou que sempre procura atravessar na faixa. “É o meio de segurança da gente, onde a gente se sente mais seguro”, disse ele, enquanto atravessava na faixa que há na avenida Perimetral, em frente ao portão 3 da Universidade Federal do Pará. Para ele, a maior dificuldade é o desrespeito por parte dos motoristas. “Não é porque você está conduzindo um carro que você é o dono do mundo. Pelo contrário, você tem que respeitar a vida de terceiros. A gente percebe que tem faixa de segurança, mas ainda assim falta um pouquinho de conscientização de muita gente”, disse.

A pensionista Jandira Monteiro, de 71 anos, compartilha da mesma preocupação. “Eu sempre procuro atravessar na faixa, Deus o livre. Mas os motoristas, me desculpem, são demais desrespeitosos. A gente tem que ter muito cuidado”, afirmou. Dona Jandira contou que já passou por situações em que não foi respeitada, mesmo estando na faixa. “Tem motorista que para e obedece à sinalização, mas tem uns que não. Chego aqui, o sinal está fechado, mas eu olho primeiro para ver se ele vai parar para eu poder atravessar. É difícil, mano. Todo cuidado é pouco, e muito”, contou.