Theatro da Paz é declarado patrimônio cultural material e imaterial do Pará
Lei sancionada pelo governador Helder Barbalho foi divulgada no Diário Oficial do Estado (DOE) nesta sexta-feira (14)
O Theatro da Paz foi declarado patrimônio cultural material e imaterial do Estado do Pará nesta sexta-feira (14) com a publicação da lei nº 11.275/2025, no Diário Oficial do Estado (DOE). A norma reconhece a relevância histórica, artística e arquitetônica do espaço, considerado uma obra monumental que atravessa gerações e segue sendo palco de óperas, espetáculos musicais e diversas manifestações culturais. Com a nova lei, a proteção e o valor simbólico de um dos mais importantes ícones culturais de Belém são reforçados.
O Theatro da Paz foi inaugurado em 1878 em meio ao auge econômico da borracha, período em que Belém se transformou rapidamente em um centro urbano modernizado e de forte influência europeia. A construção do teatro foi idealizada pela elite local, que buscava consolidar a capital paraense como um polo cultural de destaque na região Norte, à altura das grandes cidades brasileiras e estrangeiras. O governo provincial, então, investiu em um projeto arquitetônico ambicioso, inspirado nos modelos neoclássicos em voga.
As obras ficaram a cargo do engenheiro militar José Tibúrcio de Magalhães, que conduziu a execução do prédio em plena expansão urbana da cidade. O Teatro Nossa Senhora da Paz — nome original do espaço — recebeu materiais importados e mão de obra especializada para atender ao padrão estético europeu, símbolo de prestígio e modernidade da época. Seus salões, colunas e ornamentações foram pensados para refletir a riqueza proporcionada pelo ciclo da borracha.
O advogado e servidor público Antônio Rodrigues, de 50 anos, passeava com a família na praça da República, onde está localizado o Theatro da Paz. Para ele é muito importante o reconhecimento e manter o Theatro conservado. “É muito importante para preservar a imagem do Theatro, porque ele é um patrimônio e agora se tornou histórico, devido à grande que representa para o Estado do Pará. Ele surgiu no período da borracha, e é um teatro muito bonito por dentro. Já tive a oportunidade de frequentar. Ele é muito bonito”, afirmou. De acordo com ele, o Da Paz é um exemplo da riqueza da cultura paraense para todo o País. “Ele mostra para o Brasil e para as outras regiões que temos história e cultura e temos um teatro que é muito bonito como o nosso”, complementa.
O vendedor de cocos da praça da República, Romildo de Oliveira, de 64 anos, considera o Theatro da Paz muito importante para os paraenses. “O Theatro é uma coisa de muitos anos, já tem 147 anos. Isso aqui é muito importante para todos os paraenses, e para todo o pessoal que vem de fora”, assegura.
Apesar de reconhecer a importância do Theatro, Romildo não sabe o que muda com a declaração de patrimônio cultural material e imaterial para o espaço. “É importante, mas numa parte não sei nem a te explicar [a diferença]. Eles fazem umas coisas que não chega ao conhecimento da gente daqui também. Não tenho muito conhecimento disso aí, mas acho que é importante”, revela.
Ele espera que a população passeie mais na praça da República e no Theatro da Paz. “Pode ajudar a movimentar o comércio, só esperava mais isso. Eu conheço o Theatro daqui, várias vezes já entrei e no de Manaus também. É uma riqueza única. É uma coisa importante para o Pará, desde a época da borracha”, fala.
O produtor cultural do Theatro da Paz, Nilo Nunes, considera o reconhecimento extremamente importante. “Esse reconhecimento, é extremamente importante para todos nós que fazemos a gestão do Theatro da Paz, mas principalmente para o público paraense, que tem um carinho profundo por esse espaço. O Theatro da Paz é um dos cartões-postais de Belém e um dos teatros mais importantes do Brasil, e vê-lo reconhecido reforça seu valor histórico, artístico e simbólico para o Estado”, destaca.
A partir do momento em foi construído, o Theatro da Paz rapidamente se tornou referência cultural na Amazônia, recebendo companhias líricas internacionais, apresentações teatrais e eventos sociais que marcavam o calendário da elite belenense. Ao longo dos anos, passou por restaurações e modernizações que preservaram a imponência histórica, mantendo-o como um dos principais patrimônios culturais de Belém e um dos teatros mais importantes do país.
De acordo com ele, o espaço recebe investimentos em manutenção e conservação regularmente, de forma contínua. “Isso é parte da rotina de preservação de um patrimônio de 147 anos. Qualquer intervenção ou melhoria faz parte desse compromisso permanente e não está vinculada a eventos específicos. A manutenção ocorre ano após ano, seguindo necessidades técnicas e garantindo que o teatro esteja sempre em condições adequadas para receber o público e suas atividades culturais”, detalha.
Dentre as intervenções mais recentes estão a restauração das cadeiras de plateia, a recuperação de tacos danificados, a substituição da calha do telhado, além de todos os serviços diários essenciais, como limpeza, manutenção dos sistemas de climatização e outras ações que garantem o funcionamento seguro e confortável do espaço.
“O legado do Theatro da Paz transcende sua arquitetura. O sentimento do paraense em relação ao teatro é de afeto, orgulho e pertencimento. Manter esse patrimônio vivo e com uma programação acessível é uma das nossas maiores prioridades. Temos diversas atividades gratuitas, como apresentações da Orquestra Sinfônica e da Amazônia Jazz Band, além de visitas guiadas a preços populares e gratuidade às quartas-feiras”, complementa Nunes.
Segundo Nilo Nunes, uma das novas missões da equipe que trabalha no Theatro da Paz é desmistificar a ideia de que o local é um espaço elitizado, como ocorreu em fases antigas da história. “Nosso objetivo é reforçar que o teatro é de todos e para todos. Quanto mais a população ocupar esse espaço especialmente crianças e jovens, mais fortalecemos seu legado para as próximas gerações. A educação patrimonial é fundamental nesse processo. Quando as crianças de hoje compreendem o valor do nosso patrimônio cultural, aumentamos as chances de que, no futuro, tenhamos adultos comprometidos com sua preservação e continuidade”, assegura.
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