Sindicato promete resistir à chegada de aplicativo de mototáxi

Em Marabá, no início do ano, um aplicativo semelhante enfrentou resistência dos mototaxistas do município. Novo aplicativo deve iniciar a operação em Belém no dia 19

Victor Furtado
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Um aplicativo de transporte, voltado para motos, começa a operar em Belém no próximo dia 19. É uma startup colombiana, que nasceu em 2016. No Brasil, funciona, por enquanto, em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Teresina, Fortaleza, Manaus, Goiânia e Campo Grande. Só que o Sindicato dos Mototaxistas e Motoentregadores Autônomos do Estado do Pará (Sindmapa) promete resistir e exigir que qualquer coisa seja feita apenas com a categoria regulamentada.

A Redação Integrada de O Liberal solicitou um posicionamento à Prefeitura de Belém, sobre como esse novo aplicativo atuaria, o que deveria ser feito e se entra na legislação já existente para aplicativos de transporte. Em nota, a Prefeitura de Belém disse que "...desconhece a chegada desse serviço no município e por isso é precipitado fazer qualquer tipo de avaliação prévia".

Pelo anúncio da startup, inicialmente, os mototaxistas cadastrados ficarão com 100% do valor das corridas. Não há informações sobre como fica depois. José Ribamar Silva, o "Alemão", presidente do Sindmapa, afirma que não é o primeiro aplicativo de transporte que visa motos. Outros já tentaram operar em Belém, mas as iniciativas não deram muito certo. A que foi mais longe, diz Alemão, tinha práticas predatórias e estava escravizando os trabalhadores.

image José Ribamar Silva, o "Alemão", garante que os mototaxistas de Belém vão resistir a aplicativos que tirem a liberdade de autonomia dos trabalhadores. (Alessandra Serrão / Comus)

"Foram 18 anos de luta pela regulamentação dos moto-taxistas de Belém. Não vamos aceitar que venha uma empresa e deixe que qualquer pessoa, com uma moto, faça o serviço. Quanto a participar, a categoria está vacinada com as experiências anteriores e praticamente todo mundo saiu. Já vamos acionar nosso departamento Jurídico e monitorar esse novo aplicativo. Se não conversar com os trabalhadores regulamentados, vai comprar uma guerra", adiantou Alemão.

Até o ano passado, a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) estimava que a cidade deveria ter 2,5 mil mototaxistas regularizados operando. A oferta de vagas é essa, mas ainda não foi preenchida. Ainda há muita clandestinidade nesse segmento, que historicamente cobra fiscalização.

Alemão afirma que outros aplicativos de transporte — nos quais corridas de carro costumam ser mais baratas que o que muitos mototaxistas cobram — até impactaram na categoria, mas não prejudicaram, como ocorreu com táxis comuns. Ele garante haver espaço para todos e que o público que roda de mototáxi é diferente. Afinal, nem todo mundo sabe usar os aplicativos e os motoristas nem sempre entram onde mototaxistas costumam rodar.

Empresa colombiana tem 150 mil usuários e 8 mil motociclistas no Brasil

"Nosso objetivo é apresentar uma alternativa de modal para melhorar o fluxo de mobilidade, principalmente nas grandes cidades. O cidadão passa a contar com uma possibilidade a mais para escapar do trânsito caótico nestas capitais, reduzindo em 50 % o tempo de deslocamento. E isso a um preço 30% menor que os demais aplicativos de carros particulares", explica o CEO da startup, Diogo Travassos.

Atualmente, a empresa conta com 150 mil usuários, além de oito mil motociclistas cadastrados. A startup acredita que poderá dobrar esses números até o final do primeiro semestre deste ano.

O aplicativo chegou a uma média de um milhão de viagens realizadas mensalmente, a partir de uma base de 20 mil motociclistas ativos e 200 mil usuários, na base de dados global. Além do Brasil e Colômbia, a startup mantém operações no México, Argentina, Peru, Chile, Uruguai e Guatemala. A expectativa da empresa é dobrar sua atuação na América Latina no próximo ano.

Em janeiro deste ano, a chegada de um aplicativo de motos, em Marabá, gerou uma grande confusão na cidade. Revoltados, muitos mototaxistas tentaram invadir a sede da empresa. O responsável pelo aplicativo disse ter sido agredido fisicamente.

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