Remédios contra covid-19 têm acesso difícil e variação de preços

Não é fácil receber atendimento por telefone e, também, presencialmente

Eduardo Rocha

O que fazer? É a pergunta que os moradores dos bairros de Belém se fazem diante das dificuldades em se proteger do novo coronavírus, o que envolve acesso à medicação preventiva em falta no mercado e com variação de preços, diante da falta de leitos para pacientes acometidos da covid-19.

A reportagem de OLiberal.com fez uma busca pelos medicamentos azitromicina, cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina, utilizados a partir dos primeiros sintomas da doença, pelas redes de farmácias de Belém. Verificou que não é fácil receber atendimento por telefone e, também, presencialmente, observou que os preços variam de um estabelecimento a outro. No entanto, em geral, os remédios estão em falta. O Procon pretende fiscalizar a venda em farmácias de manipulação e nas drogarias em geral.

Em uma farmácia, no bairro do Reduto, está em falta a caixa com 5 comprimidos da Azitromicina, que era vendida a R$ 20,00, e o valor da caixa com 30 comprimidos de cloroquina, de R$ 69,00. Já em farmácia de outra bandeira, na José Bonifácio perto da Duque de Caxias, também está em falta a caixa com 5 comprimidos, de 500mg, da Azitromicina. O produto era comercializado a R$ 14,10. A hidroxicloroquina (segundo uma atendente, é a forma da cloroquina vendida em farmácia) não tem mais para venda e nem previsão de se voltar a vender no estabelecimento. Era R$ 78,07 a caixa com 30 comprimidos de 400 mg. A ivermectina, também esgotada no local, saía por R$ 9,75. Preços variando da Azitromicina de R$ 14,10 para R$ 20,00 e da cloroquina, de R$ 69,00 para R$ 78,07.

Em uma rede de farmácias em Belém, a reportagem buscou contato por telefone, mas não conseguiu. Ao tentar acesso por meio do WhatsApp, recebeu como resposta mensagem automática de prosseguimento ao atendimento. Em ligações da reportagem para cinco farmácias/drogarias, em somente duas, de fato, houve de fato retorno.

Diferença

Há cerca de duas semanas, um homem, que prefere não se identificar, verificou que sua esposa apresentava sintomas semelhantes à covid-19, e, então, buscou adquirir a hidroxicloroquina nas farmácias em Belém. Como não encontrou o medicamento, adquiriu uma caixa com 30 comprimidos a R$ 400,00 em farmácia de manipulação.

A tia desse consumidor, que tem lúpus, havia adquirido o mesmo produto a R$ 65,00, em rede normal de farmácias, antes da disseminação da doença. No começo da pandemia, ela comprou o mesmo remédio já a R$ 130,00 em farmácia de manipulação. Em outras palavras, a variação de preços na venda ocorreu de R$ 130,00 a R$ 400,00, ou seja, mais de 200% de aumento de preço.

image Pessoas se aglomeram nas farmácias em busca das medicações (Cristino Martins / O Liberal)

Fiscalização

O diretor do Procon Pará, Nadilson Neves, destaca que “há uma grande variação entre as farmácias de manipulação e as drogarias, mas não tem como saber o percentual, porque começamos esse trabalho agora, e a gente está aguardando as notas fiscais desses medicamentos no Procon do Estado do Pará”. “A gente vai continuar, nesta semana, com esse trabalho ainda”, disse.

Nadilson Neves destacou que o que tem chamado a atenção do Procon Pará “é certamente o preço dos medicamentos em Belém”, ou seja, a diferença de preço entre os praticados pelas farmácias de manipulação e as drogarias em geral.

“E a gente se reuniu com a associação das farmácias de manipulação do Estado do Pará e também a associação nacional para eles apresentarem uma justificativa dos preços desses medicamentos, como a ivermectina, a Azitromicina, a cloroquina nas farmácias de manipulação. A gente pediu essa justificativa, e eles nos deram. E também vamos fazer um trabalho em cima dessas farmácias. Qual o trabalho? De fiscalizar, pedindo as notas fiscais dessas farmácias, para ver se estão praticando um preço abusivo, sim ou não, desses medicamentos de combate a covid-19. Além das farmácias de manipulação, vamos também fiscalizar as drogarias da Região Metropolitana de Belém, para verificar se realmente há um preço abusivo nesses medicamentos”, reiterou o diretor do Procon Pará.

Dirigentes da Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) informaram ao Procon do Pará, em reunião na semana passada, que contribuíram, entre outros fatores, para a alta dos preços o aumento dos custos dos insumos necessários para a fabricação dos medicamentos e contratações de funcionários para atender à demanda. 

Acompanhamento

O Conselho Regional de Farmácia do Pará (CRF/PA) monitora o funcionamento das farmácias em Belém com relação à alta demanda pelo medicamento azitromicina. Como informa o CRF-PA, os protocolos do uso de azitromicina estão associados à hidroxicloroquina e cloroquina foram estabelecidos pelo Ministério da Saúde. A entidade verifica uma grande procura pela medicação na capital paraense. “Devido ao número de prescrições deste medicamento para casos suspeitos da covid-19 e outras patologias, o estoque normal do medicamento não foi suficiente para suprir a demanda”, é identificado pelo Conselho. O CRF/PA não acompanha diretamente o estoque e dispensação em farmácias, mas constata que a falta do medicamento ocorre pelo menos nas últimas 3 semanas.

A farmácia de manipulação é, de acordo com o CRF/PA, uma opção para que a população adquira o medicamento de forma confiável. As apresentações da azitromicina são: 500mg com 3 comprimidos, 500 mg com 5 comprimidos, 1g com 1 comprimido e as apresentações em suspensão 600, 900 e 1,5 mg. “O aumento na procura do medicamento ocorreu a partir do momento em que o Ministério da Saúde divulgou a suposta eficácia e adotou como protocolo de tratamento para o vírus, junto com a cloroquina. A azitromicina sempre necessitou de receita médica por se tratar de controlados. A cloroquina passou a necessitar a partir da associação ao tratamento da covid-19.

Por causa da falta desse medicamento em farmácias, drogarias e unidades de saúde, o CRF/PA enviou ofício solicitando a intervenção junto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para flexibilizar a RDC 58/2014 que trata da intercambialidade da prescrição com a Denominação Comum Brasileira para marcas similares, visando facilitar o atendimento dos farmacêuticos na farmácia e do paciente. Desta forma, caso a portaria venha a ser flexibilizada, o paciente que tiver a prescrição da azitromicina e não encontrar o produto disponível, poderá adquirir qualquer outra marca do produto, como informou o Conselho Regional de Farmácia do Pará.

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