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Programa de combate a evasão escolar dá suporte ao retorno de alunos da rede pública no Estado

Levantamento da Seduc mostra que 10% dos alunos da rede estadual não tinham retomado as atividades escolares, mas, graças ao projeto, 7% já foram reinseridos

Laís Santana
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Davi Samuel da Silva, de 7 anos, é estudante da Escola Estadual de Ensino Fundamental Pratinha II, em Belém, e foi um dos mais de 58 mil alunos que não haviam retornado para as aulas presenciais após a retomada geral, em agosto deste ano, mesmo sendo vizinho da escola. Foi após o trabalho de Busca Ativa Escolar, iniciativa da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) desenvolvido nas unidades escolares, que ele voltou a frequentar a sala de aula e vai poder terminar o ano letivo. 

A Seduc, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), realiza a Busca Ativa Escolar aos estudantes sem frequência escolar ou em risco de abandono dos estudos, com o objetivo de promover o retorno desses estudantes ao processo de aprendizagem. De acordo com levantamento da secretaria, o número de alunos que não voltaram às atividades escolares equivale a 10% dos estudantes de toda a rede pública estadual de ensino. Graças ao projeto, 7% já voltaram às salas de aula. 

Na escola Pratinha II, a Busca Ativa Escolar é uma importante ferramenta para alcançar os alunos ausentes, e se evidenciou ainda mais importante com a implantação do ensino remoto e a retomada das aulas presenciais. 

“Aqui na escola a Busca Ativa Escolar já existia desde 2019, nós fazíamos todo o controle da frequência e infrequência dos alunos, mas ela se evidenciou mais a partir de 2020 com o início da pandemia que foi quando surgiu esse maior índice de evasão. Foi aí que ela surgiu como projeto aqui na escola para que nós buscássemos aqueles alunos que não estavam frequentando as aulas online e também fazer com que essas famílias dessem um feedback daquilo que estava sendo solicitado pelos professores”, relembra Adriana Neves, vice-diretora escolar. 

A Seduc realiza a Busca Ativa de forma intersetorial e colaborativa, envolvendo diversos parceiros, como Unicef, Conselho Tutelar, Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Os métodos utilizados no Busca Ativa Escolar incluem visitas aos domicílios pelos coordenadores pedagógicos, professores e até colegas de classe. Outra estratégia adotada foi a redação de cartas pelos alunos que estão frequentando as aulas, entregues aos que não estão frequentando, e o uso de rádios comunitárias e redes sociais. 

Com o início das aulas presenciais, a professora conta que alguns alunos não retornaram. Foi preciso fazer um mapeamento dos faltosos e depois levantar informações de número de telefone e endereço. 

“Nossa Unidade Seduc na Escola (USE) criou o projeto ‘Uma campanha de braços abertos’ que era justamente para as escolas se mobilizarem e a nossa escola realmente abraçou essa causa, criamos nossa comissão da Busca Ativa Escolar e fizemos um plano de ação. Nós fazíamos um mapeamento semanalmente, se o contato não atendia nós iamos na casa do aluno. Contamos também com ajuda da comunidade, a Igreja Católica, os comércios e até pais de outros alunos. Conseguimos que muitos retornassem e aqueles que não retornaram foram justamente os alunos que pediram transferência para outras unidades”, afirma a vice-diretora. 

Os motivos para a ausência dos alunos foram muitos: alunos que os pais não tinham condições de crédito para internet, famílias que perdem seu celular, que tinha que optar por trabalhar ou dar apoio aos alunos, famílias que perderam o emprego e não tinham condições de pagar a passagem do estudante, pais que tiveram problemas de saúde durante a pandemia, dentre outros. 

No caso de Davi Samuel, o pai teve um problema de saúde e ficou sem trabalhar, com isso a mãe Maria da Silva, que atualmente trabalha como doméstica, precisou sair de casa para garantir o sustento da família. Dessa forma, o estudante e a irmã não tinham como ir para aula. Maria também se sentia bastante insegura uma vez que o filho ainda não foi vacinado. 

“A gente tava fazendo aula online, acompanhando tudo direitinho, só que aí a gente perdeu a conexão. Quando voltou as aulas eu voltei a trabalhar e meu marido estava operado, aí eu fiquei pensando ‘como eu vou fazer para colocar eles para escola?’, só que até então eu não tava justificando, aí resolvi ir na escola pra trancar a matrícula dele porque não tinha quem levar e buscar. Como meu marido melhorou, a gente conseguiu que minha outra filha levasse e ele buscava, aí deu pra ele voltar a frequentar as aulas. A escola amparou os alunos, eles ligam, insistem e atendem a gente no que precisamos”, declarou Maria da Silva. 

O pequeno Davi Samuel comemora a volta para a escola. “Eu até gosto de fazer dever”, revela. “Eu achei bacana voltar para escola, é mais legal que ficar em casa. Estou feliz aqui”, afirma.

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Belém
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