Primeiro recinto de aclimatação de peixes-boi da costa paraense é inaugurado em Soure
A nova estrutura, uma iniciativa do Instituto Bicho D’água, foi instalada e revitalizada na antiga Fábrica de Gelo do rio Paracauary
O primeiro recinto destinado à aclimatação para peixes-boi em toda a costa do Pará foi inaugurado na última segunda-feira (3) em Soure, na ilha do Marajó. A nova estrutura, uma iniciativa do Instituto Bicho D’água, foi instalada e revitalizada na antiga Fábrica de Gelo do rio Paracauary, sendo adaptada para oferecer condições ideais de readaptação, com objetivo de reintegrar os animais em seus habitats.
A construção do Recinto Omar integra o Projeto de Conservação de Peixes-boi do Estado do Pará, lançado em julho deste ano, no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, uma condicionante do licenciamento ambiental federal do Ibama, referente às atividades de pesquisas realizadas pela TGS na Margem Equatorial brasileira.
Batizado de Recinto Omar, o espaço foi construído em uma área de 500 m2. A unidade conta com ambulatório, áreas de higienização, nutrição, mirantes de observação, piscina, e setor de aclimatação com capacidade para atender até 8 peixes-boi, sala de monitoramento e oficina de telemetria, alojamentos para biólogos e médicos veterinários, sala de estudos e um auditório.
A bióloga e presidente do Instituto Bicho D’água, Renata Emin, comemorou a inauguração do Recinto, descrevendo-a como a concretização de um sonho coletivo, construído com ciência, amor e o esforço conjunto de muitas mãos comprometidas com a conservação da fauna amazônica. Ela acrescentou que o sentimento é de gratidão e celebração, pois a conservação acontece quando instituições, ciência e comunidades se unem.
Segundo a bióloga, atualmente, mais de 70 peixes-boi estão em reabilitação no Pará, a maioria filhotes órfãos. "Antes da soltura definitiva, esses animais precisam de uma fase de aclimatação em ambiente natural, e o novo espaço foi criado para essa etapa crucial", explicou, durante evento que contou com a presença de representantes do Ibama, da TGS, do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), e de empresas como Petronas e PRIO.
Mitigação de impactos
Já o country manager da TGS no Brasil, João Correa, destaca que o projeto vai além do resgate e reabilitação. "Além de atuar imediatamente na mitigação dos impactos sobre a espécie, o Projeto também se dedica a gerar conhecimento técnico-científico, impulsionar a educação ambiental e capacitar tanto profissionais quanto comunidades locais para uma conservação eficaz e duradoura dos peixes-boi", explica.
Também serão realizadas, no âmbito do projeto, ações de educação e sensibilização ambiental direcionadas às comunidades locais, com foco especial nas escolas da Ilha de Marajó. "O objetivo é fortalecer o vínculo entre a população e a conservação da fauna aquática, estimulando o surgimento de uma nova geração de defensores ambientais", destaca o analista ambiental do Serviço de Apoio ao Licenciamento Ambiental de Atividades de Pesquisa Sísmica Marítima do Ibama, André Favaretto Barbosa.
Integração de esforços
O diretor da Divisão Técnica do Ibama no Pará, Luiz Paulo Abarelli, observa a aderência do projeto aos programas ambientais já desenvolvidos no estado. "O Projeto de Conservação de Peixes-boi do Estado do Pará une atores de diversas esferas governamentais e da sociedade civil que, articulados em uma rede de apoio, buscam um objetivo comum: a proteção e conservação da fauna e flora amazônicas, envolvendo as comunidades tradicionais", pontua.
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