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'Pragas urbanas': no período chuvoso, como conviver com animais nos espaços das cidades

Com habitats alagados, insetos, roedores e outras espécies são encontrados em casas, ruas, escolas e locais de trabalho

Eduardo Rocha

O primeiro semestre de cada ano costuma ser chuvoso nas cidades do Pará e essa incidência de chuvas pode contribuir para o aumento de pragas urbanas: insetos e pequenos animais que se proliferam desordenadamente e trazem desconforto. Em Belém, moradores reclamam do surgimento de insetos e roedores. Adaptar as residências e os hábitos para tentar impedir a entrada dessas criaturas nas casas tem sido uma medida adotada por muitas pessoas.

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É o caso de Uricelma Almaral, 39, moradora do canal da Pirajá, no bairro da Pedreira que diz que o acúmulo do lixo já traz alguns transtornos e um deles é o aparecimento de insetos e roedores em sua residência. Com o período chuvoso, a situação fica ainda pior. “Aqui a situação é complicada, pois moro em frente ao canal. Nesse período de chuva a situação só piora, pois a sujeira é maior e precisamos no esquivar de várias doenças”, disse a moradora.

E como forma de impedir a entrada de baratas e ratos em sua residência, Uricelma aderiu a venenos, telas e tampa de tubo de esgoto. “Eu coloquei uma tela aqui na minha grade, comprei uma tampa para o tubo do esgoto para evitar a entrada de ratos e compro venenos para matar baratas e ratos, pois nós precismos ter esses cuidados para evitar doenças”, disse a moradora.

O cozinheiro Carlos Fernandes, 72, também é morador de próximo ao canal e reclama da situação. Na frente da residência dele tem um entulho que atrai diversas moscas e entre outros insetos. “Olha essa situação aqui, tudo cheio de mosca, mosquito da dengue e uma série de outros insetos prejudiciais à saúde”, destaca.

Manoel Calandrini, 51, é um morador do canal da Pirajá indignado com a situação da sujeira, ele disse que além das moscas, ratos e baratas já apareceu até cobra. “O tempo todo aparece rato, moscas e até cobra. A gente sofre com o fedor”, reclama o morador.

O fenômeno

Como explica a bióloga Palmira Ferreira, doutora em Saúde e produção animal na Amazônia, "essa fauna urbana se chama, tecnicamente, de fauna sinantrópica, que são animais que utilizam recursos de áreas antrópicas (com a vegetação original alterada), de forma transitória em seu deslocamento, como via de passagem ou local de descanso; ou permanente, utilizando-as como área de vida (Instrução Normativa nº 141, de 19 de dezembro de 2006), ou seja, animais que coabitam as mesmas áreas que o homem".

"Vários fatores interferem para que esses animais saiam de seus habitats e invadam o perímetro urbano das cidades, no período chuvoso, como: a alteração na disponibilidade de recursos, como abrigo e alimentos, já que algumas partes enchem (inundações) e os animais são forçados a se deslocarem, como acontece com ratos, cobras e baratas. As enchentes também deixam o lixo (onde tem alimento) mais exposto, atraindo esses animais para locais em que eles ficam mais expostos", destaca Palmira.

Outro fator que interfere no aparecimento desses animais, como assinala a bióloga, é o "aumento de suas populações, provocado pelas enchentes, como é o caso dos insetos, a exemplo dos mosquitos, aranhas e baratas". Os mosquitos, porque têm ciclo de vida dependente da água onde colocam seus ovos que eclodem em larvas antes de se desenvolverem totalmente. O aumento do número de indivíduos altera as relações de equilíbrio, porque eles servem de alimento para outros insetos como aranhas, que por sua vez servem de alimentos para baratas, e assim por diante.

Cuidados

Palmira Ferreira orienta que, com relação aos insetos, as pesssoas devem se prevenir com telas, mosquiteiros, repelentes. Em relação aos animais de maior porte, deve-se evitar tocar diretamente, pois alguns são nocivos ao ser humano, mesmo que não sejam venenosos ou peçonhentos.

Para o manejo de animais silvestres, como cobras, recomenda-se a captura seguida de soltura em áreas verdes de baixa intervenção humana. A Instrução Normativa nº 141, de 19 de dezembro de 2006 prevê que, quando se tratar de animais nocivos, deve-se eliminar ou alterar os recursos utilizados por esses animais, com intenção de alterar sua estrutura e composição, sem manuseio, remoção ou eliminação direta dos espécimes.

Riscos

Um desafio para cidadãos em geral nas cidades do Brasi, no período chuvoso, é a proliferação do mosquito Aedes aegypti, considerado como uma dessas "pragas urbanas". Esse inseto é o transmissor da dengue, chikungunya e zika. Segundo levantamento do Ministério da Saúde (MS), em 2023, o Brasil registrou um aumento de 15,8% nos casos de dengue (1.601.848), na comparação com o mesmo período de 2022 (1.382.665). Também houve aumento de 5,4% no número de mortes em 2023, em relação a 2022. Já sobre a chikungunya, foram registrados 149.901 casos da doença, uma redução de 43% se comparado com 2022. A zika registrou um crescimento de 1% nos casos em relação à 2022.

O vice-presidente da executivo da Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas (Aprag), Sérgio Bocalini, enfatiza serem quatro os fatores principais para a proliferação das "pragas": água, alimento, abrigo e acesso. Roedores, baratas, mosquitos e escorpiões podem ser evitados da limpeza de gavetas e armários, descarte correto de alimentos e monitoramento de vias de acesso à casa, como buracos e rachaduras.

“As pessoas podem fazer nas suas residências, nos seus quintais, no comércio e até em áreas maiores, é não deixar uma série de atrativos que fiquem à disposição desses animais, principalmente a questão do lixo. Então, se a gente não tem essa situação favorável, consequentemente a gente acaba diminuindo a presença delas [pragas]", ressalta Bocalini.

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