Paraense abandonada no Senegal por companhia aérea chega a Belém
Júlia Moraes, arquiteta de 26 anos e doutoranda na UFPA, passou dias sozinha em Dacar após mal-estar em voo vindo da Europa

Após dias de incerteza, medo e dor, a arquiteta paraense Júlia Moraes, de 26 anos, finalmente chega a Belém nesta sexta-feira (15). A jovem, que faz doutorado na Universidade Federal do Pará (UFPA), foi abandonada em Dacar, no Senegal, após passar mal durante um voo vindo da Europa. Sem apoio da companhias aérea, ela só conseguiu garantir o retorno ao Brasil graças ao esforço financeiro e emocional da própria família. A reportagem entrou em contato com a Air France e aguarda retorno.
“Eu só contei com a minha família e com os funcionários do aeroporto. A companhia não fez absolutamente nada. Pelo contrário, só dificultou”, desabafa Júlia, ainda abalada emocionalmente, durante entrevista a O Liberal.
A arquiteta havia embarcado em Paris na última terça-feira (12), com destino ao Brasil, após um recesso de trabalho e uma viagem de lazer pela Europa. Ela visitou amigos em Barcelona e o namorado na Itália. No retorno, passou mal ainda no avião, sentindo dores abdominais fortes que já vinham se manifestando e que seriam investigadas em Belém. O mal-estar levou à sua retirada da aeronave durante escala no Senegal e, a partir daí, o pesadelo começou.
Sem assistência médica adequada, em um país desconhecido, e com dificuldades de comunicação, Júlia se viu sozinha em Dacar. “Se eu não soubesse falar inglês, se eu não tivesse acesso ao Wi-Fi ou apoio da minha família, eu não sei o que teria acontecido comigo”, relata. A jovem destaca que, em meio à instabilidade emocional e física, o suporte de funcionários do aeroporto que a acolheu com comida, chá e palavras de conforto.
No entanto, o ponto central da denúncia de Júlia é a conduta da companhia aérea envolvida. Segundo ela, nenhuma empresa ofereceu suporte médico ou auxílio para remarcação do voo. A família precisou desembolsar cerca de R$ 15 mil para tentar garantir uma nova passagem, que acabou sendo cancelada sem aviso. “Fui até o balcão e disseram que minha passagem não existia. Mais uma vez, fiquei presa, sem respostas, sem rumo”, conta.
A arquiteta ressalta que a negligência colocou sua vida em risco. Ela passou noites em um hotel pago pela mãe, debilitada e emocionalmente abalada, com medo e sem informações. “Eu senti como se minha vida não importasse. Eles simplesmente me descartaram. Só não me jogaram pra fora do avião porque não dava”, afirma.
Após muita mobilização, Júlia conseguiu embarcar em um voo da TAP, com conexão em Lisboa e destino final em Belém. O embarque foi feito madrugada desta sexta-feira (15). Júlia afirma que, agora, o foco será sua recuperação e que medidas legais já estão sendo providenciadas com o apoio de assessoria jurídica.
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