Moradores dos bairros do Marco e Terra Firme ainda sofrem com alagamentos
O trecho entre a Mauriti e Barão do Triunfo era um dos mais críticos
Algumas obras realizadas na área da baixada do bairro do Marco, em Belém, ajudaram a melhorar os constantes alagamentos em alguns pontos. Porém, ainda hoje, mesmo que não caia chuva forte, diversas localizações ainda ficam cheias e prejudicam o acesso de pessoas e de veículos.
Alguns deles existem há décadas, como na travessa Mauriti, com várias passagens que a cortam, em destaque para a Acatauassu Nunes, Hortinha e São Marco. Além da baixada da travessa Barão do Triunfo, que também alaga em diversos trechos, como próximo ao canal José Leal Martins e à passagem Hortinha. Além da passagem São Jorge, atrás da Unidade Integrada Pró Paz (UIPP) da Terra Firme.
Por volta das 11h30 desta terça-feira (16), com chuvisco forte que caía, a passagem Acatauassu Nunes apresentava muitos pontos de alagamentos. O trecho entre a Mauriti e Barão do Triunfo era um dos mais críticos.
Nele, muitas pessoas tiveram mesmo que colocar os pés na água suja para chegar em casa e até fazerem compras em pequenos supermercados do bairro. Em um local, os donos do empreendimento até colocaram uma rampa em madeira para os consumidores passarem, mas era tanta água que parte da rampa ficou submersa e o jeito foi meter os pés na água para chegar mercadinho.
A dona de casa Artele Batista, de 64 anos, mora no Cordeiro de Farias, no Tapanã, em Icoaraci, mas toda semana, seja no verão ou no inverno amazônico, visita as irmãs, que moram na passagem São Marco, entre as travessas Mariz e Barros e Mauriti.
“Eu me criei aqui e venho aqui quase todos os dias. Aqui na Mauriti, quando é na época de chuva, a gente só falta passar nadando, principalmente em frente à igreja São Francisco Xavier, onde enche tudo mesmo. Se a chuva cair dois dias seguidos, não tem mesmo condições da gente passar, tem gente que cai, é bicho, é lixo. Às vezes, pago até ônibus só para atravessar pelo alagamento. Acho que ainda alaga porque o serviço não é feito direito, os bueiros estão todos entupidos”, reclama a dona de casa.
Uma das pessoas que hoje vive o período de chuvas com menos tormentos é Benedito Miranda, 66 anos, que mora com a família na passagem São Marco, entre as travessas Mauriti e Mariz e Barros. Segundo ele, desde janeiro de 2021, a área, que enchia há muitas décadas, ainda não alagou.
“Onde moro parou de alagar agora em janeiro. Acho que o que resolveu foi o aterramento e asfalto feito pelo governo do Estado. Isso melhorou muito nossa vida em tudo. Graças a Deus. Antes eu tinha que levantar bem a bermuda para passar pelo alagamento. E perdi muitas coisas em casa, desde 1994. Mas ainda alaga bastante na Mauriti com a passagem Horinha e a Barão com a Hortinha”, informa o morador.
Ainda pela manhã, uma das pessoas que padeceu com os alagamentos foi Willian Moraes, 52 anos. Ele mora no bairro da Terra Firme e precisava fazer entrega de quentinhas no Marco.
“Eu vim entregar comida, mas a situação é muito ruim. Vou ter que encostar aqui, deixar a bicicleta e andar para fazer a entrega da comida. Dá até vontade de desistir, porque todo tempo é assim: chove e alaga. Essa obra no canal José Leal Martins não resolveu todos os problemas de alagamento. Bem, não piorou, mas também não melhorou. Basta chover que alaga tudinho. A Prefeitura e o Estado precisam resolver isso”, reclama o trabalhador. Ele, mesmo com os sapatos já encharcados, desistiu de passar com a bicicleta e encarar o alagamento na travessa Barão do Triunfo, entre o canal José Leal Martins e a passagem São Pedro.
O entregador de quentinhas contou ainda que já estava se preparando para enfrentar alagamentos também onde mora. “Moro na passagem São Jorge, atrás da UIPP da Terra Firme. Uma hora dessas e mesmo quando eu voltar pra casa vou ter que entrar na água também, porque lá alaga tudo. Tenho medo porque essa água é suja e contaminada e posso pegar uma doença”, afirma Willian Moraes, que conduzia a bicicleta com uma sombrinha aberta para tentar se proteger da chuva.
A Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) foi procurada pela produção de reportagem, mas ainda não se manifestou sobre as situações.
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