Mestre Damasceno é homenageado na abertura da 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes

Damasceno é reconhecido como um dos grandes guardiões da oralidade da Amazônia

O Liberal
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A abertura da 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, na noite de sexta-feira (16), foi marcada por emoção e reverência à cultura popular paraense. O evento, realizado no Hangar, homenageou o Mestre Damasceno, cantor, compositor e símbolo da tradição oral amazônica, em um bate-papo que reuniu o pesquisador Guto Nunes e o professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Agenor Sarraf.

Natural da Comunidade Quilombola do Salvá, em Salvaterra, no Marajó, Damasceno é reconhecido como um dos grandes guardiões da oralidade da Amazônia. Aos 70 anos, o artista carrega uma trajetória marcada pela resistência cultural, mesmo após perder a visão aos 19 anos. Criador do espetáculo Búfalo-Bumbá e líder do grupo Nativos Marajoara, ele continua a encantar públicos com seu trabalho que mistura carimbó, boi-bumbá e ancestralidade.

Durante a conversa, Guto Nunes destacou a sensibilidade da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) ao prestar a homenagem. “É uma reparação simbólica. Damasceno, por muito tempo, esteve fora dos espaços convencionais da literatura, por sua obra ser oral, mas agora recebe o reconhecimento que merece. É um mestre que rompeu barreiras e chegou até a academia com dissertações sobre sua arte”, afirmou.

A relevância do homenageado também foi ressaltada por Agenor Sarraf, que chamou atenção para a profundidade dos saberes representados por Damasceno. “Seu espetáculo Búfalo-Bumbá é um patrimônio que une a herança africana e indígena. Valorizar sua trajetória é reconhecer modos de explicar o mundo que mantêm a floresta viva, em tempos de crise climática”, pontuou.

A jornalista e militante cultural Priscila Cobra, presente ao encontro, também exaltou a importância do mestre como inspiração. “Ele é força, poesia e resistência. Traduz em suas composições o vínculo com o território, o quilombo e a natureza. Para nós, que lutamos pela cultura popular, é uma referência viva”, destacou.

Ao longo da carreira, Damasceno recebeu diversas honrarias, como a Comenda Eneida de Moraes, a Medalha Mestre Verequete e o título de Cidadão de Belém, todos em 2023. No mesmo ano, sua obra foi reconhecida como patrimônio cultural imaterial do Pará. Em 2024, tornou-se imortal da Academia Marajoara de Letras e foi indicado ao Prêmio da Música Brasileira.

A noite seguiu com apresentações marcantes de outros expoentes do carimbó e da música marajoara. Subiram ao palco o Mestre Robledo, herdeiro do legado do Mestre Pau Que Ronca; o Mestre Eliezer, de Soure, com seu grupo Cruzeirinho; e os Nativos Marajoara, comandados por Damasceno. O público celebrou com danças e aplausos as músicas que mantêm viva a tradição do Marajó.

“Foi uma noite de celebração, de continuidade. Não homenageamos apenas um artista, mas uma história de luta, ancestralidade e amor pela Amazônia”, concluiu Guto Nunes.

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