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Malha cicloviária de Belém está entre as 10 maiores do país; ciclistas pedem por manutenção e fiscalização nas vias

"Raio-x" feito por coletivo de ciclistas revela que o tamanho da malha cicloviária de Belém não reflete a qualidade dos espaços encontrado pelos ciclistas diariamente

Laís Santana

A malha cicloviária de Belém ocupa o 9º lugar no ranking de ciclovias e ciclofaixas nas capitais brasileiras, de acordo com levantamento realizado pela Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike) junto as prefeituras municipais. Ao todo, a capital paraense possui 116,5 km de pistas dedicadas exclusivamente aos ciclistas, seja como meio de locomoção ou por esporte. Apesar dos recentes investimentos para ampliação da malha viária, quem anda de bicicleta em Belém aponta uma série de problemas nas vias destinados à atividade e defende a melhoria na qualidade dos espaços. 

Para chamar atenção aos problemas, o coletivo de ciclistas Bike Belém elaborou um "raio-x" apontando os locais que necessitam de fiscalização e manutenção. Estão na análise: as ciclofaixas da rua dos Mundurucus, trav. Lomas Valentim, av. Pedro Álvares Cabral próximo à ponte do Galo, av. Arthur Bernardes, Complexo do Ver-o-Peso e av. Almirante Tamandaré; e as ciclovias do BRT, da av. Augusto Montenegro, av. Marquês de Herval e av. Duque de Caxias. Na maioria dos espaços, o coletivo denunciou o estacionamento irregular de veículos nas ciclofaixas, a falta de sinalização, manutenção e limpeza, e a necessidade de mais respeito e educação no trânsito.

Na ciclovia do BRT próximo a uma faculdade particular, os ciclistas precisam desviar de partes da grade de proteção que ficou retorcida depois de um acidente de trânsito e passou a invadir a pista exclusiva para as bicicletas. A mesma cena se repete em outros pontos ao longo da av. Almirante Barroso.

image Na av. Almirante Barroso, a grade de proteção do BRT representa risco aos ciclistas que trafegam na ciclovia (Ivan Duarte / O Liberal)

 

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O servidor público Edvaldo Pinheiro, de 53 anos, pedala todos os dias pela av. Almirante Barroso e João Paulo II, locais que considera mais seguros para praticar exercícios. Na avaliação do ciclista, Belém precisa de mais ciclovias, mas é necessário investir na educação no trânsito. . 

"É muito complicado pra nós ciclistas andar em muitas ciclofaixas, eu mesmo evito andar porque é uma falta de respeito muito grande, os motoristas não respeitam, as motos passam em lugar que não deveriam. Isso é uma questão de consciência já que é um meio de transporte, a gente usa não só pra fazer exercício como para se locomover", afirmou. 

Desde a infância, o empresário Arnaldo Villar, de 58 anos, utiliza a bicicleta para se locomover e há 4 anos ele passou a pedalar em grupos. Para o ciclista, é importante que a estrutura das ciclovias recebam manutenção adequada e que ciclofaixas também sejam implantadas nas ilhas."Precisa-se melhorar as ciclovias já existentes, por exemplo, aqui no BRT ainda existem buracos que podem causar acidentes. Belém tem muitos ciclistas, o que requer melhorias. Poderia ser feita a instalação de pontos de apoio com banheiros, bebedouros, locais para encher um pneu. Seriam inovações para atender o ciclista, um maior investimento no ciclismo", sugere o ciclista.

image Ciclistas cobram mais respeito ao espaço reservado a eles em Belém, que constantemente é feito de via para motos e área de estacionamento (Ivan Duarte / O Liberal)

Cid Kamijo, representante do coletivo Bike Belém, avalia que o tamanho da malha cicloviária de Belém não reflete a qualidade dos espaços encontrados pelos ciclistas diariamente.

"É ingenuidade achar que o aumento da malha cicloviária vai gerar algum tipo de qualidade, estar posicionado no top 10 do ranking é meramente um dado estatístico. Belém caminha como se fosse uma grande escada onde você só se importando com os degraus acima, sem se importar com os que estão embaixo, então o caminho fica degradado, sem conservação e condições de segurança, trafegabilidade, e acaba sendo um avanço falso", pontuou Cid. 

Kamijo ainda ressalta que o ideal seria que a expansão da malha cicloviária caminhasse em paralelo com a manutenção das faixas que já existem. "Se for para construir cada vez mais para conservar cada vez menos, é um trabalho desnecessário. Você acaba fazendo um trabalho muito ruim pensando em só expandir e não conservar. Quando a gente fala de ciclovias e ciclofaixas não se trata só de infraestrutura, estamos falando de manter vidas, a vida do ciclista que deve ser preservada", acrescentou. 

Em nota, a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informou que mantém cronograma de revitalização de ciclofaixas e recentemente revitalizou a ciclofaixa do Ver-o-Rio e Marechal Hermes, bem como, da avenida João Paulo II.  "A autarquia segue com a sua programação de implantação de novas ciclofaixas/ciclovias como, por exemplo, as malhas das avenidas 16 e 15 de Novembro, em Mosqueiro, além do Portal da Amazônia, avenida Almirante Tamandaré, Trav. São Francisco e avenida Dr. Freitas", pontuou a nota. A Semob ainda reforçou que não é de sua responsabilidade a manutenção e recuperação de grades de proteção de ciclovia.

De acordo com a autarquia, são mantidas fiscalizações regulares com agentes de trânsito fixos e em rondas, para coibir o tráfego, parada e o estacionamento irregular de veículos em ciclofaixas/ciclovias da cidade. De janeiro a junho de 2022 foram feitas 433 autuações. A Semob reforça que todas as ações de fiscalização são publicadas nas redes sociais para melhor acompanhamento da população.

De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), se o condutor for flagrado transitando pela ciclofaixa/ciclovia estará cometendo infração gravíssima, conforme o art. 193 do CTB, somando 7 pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), multa de R$ 293,47 triplicada, totalizando R$ 880,41. Já estacionar o veículo sobre a ciclofaixa/ciclovia consiste de infração grave, conforme o artigo 181 do CTB, sujeita a multa de R$ 195,23 e 5 pontos na CNH.

"Pela legislação vigente (CBT), o agente só pode autuar mediante flagrante e não pode aplicar multas com base em fotos e vídeos feitos por usuários. As autuações por vídeos só podem ser feitas por equipamentos regulamentados pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que são o radar e câmeras de videomonitoramento", acrescentou a nota da Semob.

As capitais com mais ciclovias e ciclofaixas do Brasil:

1. São Paulo (699,2km)

2. Brasília  (527,23km)

3. Rio de Janeiro (450 km)

4. Fortaleza (411 km)

5. Salvador (308,59 km)

6. Curitiba (252,1 km)

7. Recife (169 km)

8. Florianópolis (121,56 km)

9. Belém (116,5 km)

10. Rio Branco (110 km)

FONTE: ALIANÇA BIKE (com base no levantamento de dados fornecidos pelas prefeituras de cada município)

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