Ciclistas enfrentam riscos diários em Marituba e Ananindeua

Eles pedem mais ciclovias e fiscalização nesses espaços

Dilson Pimentel

Ciclistas enfrentam dificuldades diárias ao pedalar pelas ruas de  Marituba e Ananindeua, na região metropolitana de Belém. O risco é maior principalmente para quem usa a bicicleta como meio de transporte. É o caso de Janer Ribeiro Souza, de 32 anos, que faz serviços gerais. “Não tem uma ciclovia certa”, disse. Sem esse espaço exclusivo para os ciclistas, ele contou que os ciclistas buscam outra alternativa para fazer esse deslocamento. “Na maioria das vezes, tem que atravessar com a bicicleta pela passarela”, afirmou.

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A reportagem verificou que, em Marituba, os ônibus trafegam muito perto dos ciclistas. Muitos ciclistas não usam a passarela, na hora de fazer a travessia, e acabam cruzando a rodovia. O fazem de forma apressada, mas sempre há o risco de algum acidente.

Janer Ribeiro também pedala por Ananindeua, quando tem algum trabalho para fazer nesse município. E a situação, disse, se repete: falta ciclovia. “Às vezes, o carro chega a passar menos de meio metro da gente e a gente fica com medo de trafegar”, afirmou, dando graças a Deus por nunca ter sofrido um acidente no trânsito. Para ele, a saída é ter ciclovia. Janer também pede mais iluminação pública em Marituba. A falta de iluminação é muito ruim para quem pedala à noite e precisa sair de casa de madrugada, disse. “Fica muito ruim para pedalar à noite. Às vezes, tem que sair 4h30, 5 horas da manhã”, contou.

O ferreiro Raimundo Aurélio, 61 anos, pedalava, nesta terça-feira, próximo a um shopping, em Ananindeua. Ele trafega pela BR-316 há mais de dez anos. Na hora da entrevista, voltava de São Brás e seguia para a Jaderlândia. “Não me sinto seguro, principalmente pelas vans e micro-ônibus. Eles não respeitam ciclistas”, afirmou. “Tem que ter ciclovia de ambos os lados. E com proteção (grade)”, acrescentou. Naquele trecho da rodovia, a reportagem flagrou ciclistas transitando entre os ônibus e cruzando a avenida, o que também aumenta a possibilidade de acidentes.

Muitas pessoas estão desistindo de pedalar, diz ciclista

Samantha Sonayra, 37 anos, é de Marituba, mas mora no bairro da Guanabara, em Ananindeua, desde 2018. Em 2019, ela comprou sua primeira bicicleta e começou a pedalar. Em julho de 2019, ela e outros amigos montaram um grupo de ciclismo, que são “Os Brutus”. Esse grupo pedala com os iniciantes, e os ensina, nos pedais noturnos, a andar pelas vias onde tem ciclofaixas e ciclovias, para fazer esse deslocamento de Ananindeua à Belém e usar as vias mais seguras.

Samantha disse que um dos problemas enfrentados pelos ciclistas é a ocupação irregular dos espaços destinados a quem pedala. “A gente compra muitas peças de bicicletas em lojas no Paar, em Ananindeua. Você chega lá e tem vários carros estacionados dentro da ciclofaixa. Não tem fiscalização. A fiscalização não funciona”, afirmou. “A nossa dificuldade maior é poder ocupar o nosso espaço, quando ele existe. Temos ciclovias e ciclofaixas em Ananindeua. Mas, quando elas existem, muitas vezes a gente não consegue utilizá-las justamente porque existe a ocupação indevida, por carros e motos”, acrescentou.

Outra dificuldade é a falta de estruturas nas vias. Sem contar que os motoristas de ônibus trafegam muito perto dos ciclistas e passam buzinando, assustando os ciclistas. “A BR não tem estrutura para ciclistas”, afirmou. Samantha, que é professora, disse não ter coragem de ir trabalhar em Marituba de bicicleta, “por causa do trânsito caótico após a obra na BR. De bicicleta seria muito mais rápida a minha ida ao trabalho, mas desde que existissem condições de ciclomobilidade”. Ainda segundo ela, “muitas pessoas estão desistindo de pedalar porque não se sentem seguras”. Os ciclistas também se queixam da insegurança pública.

Marituba conta com quase um quilômetro de ciclovia, além de vias devidamente recém-sinalizadas verticalmente e horizontalmente 

A Prefeitura de Marituba, por meio da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Mobilidade Urbana (Segmob), informou que a rodovia BR-316, até o km 18, é estadualizada - logo, está sob a responsabilidade do Governo do Estado. A Diretoria de Trânsito de Marituba (Diretran), ligada à Segmob, entra, em qualquer obra e projeto na via, como parceira e, também, como intermediária, levando ao Governo do Estado as necessidades de mobilidade urbana na BR-316. 

Sobre a sinalização para ciclistas, a Prefeitura informou que Marituba conta com quase um quilômetro de ciclovia, além de vias devidamente recém-sinalizadas verticalmente e horizontalmente. E, com relação a operações de segurança, a Guarda Civil Municipal de Marituba, ligada à Segmob, é parceira da Polícia Militar, e atua em operações integradas realizadas no município. A Guarda Municipal realizou, durante os primeiros meses de 2021, cerca de 250 operações, com mais de 3.700 abordagens. A Guarda também realiza rondas diuturnamente nas localidades do município, por meio de viaturas e motocicletas. 

Ananindeua tem aproximadamente 8 quilômetros de ciclovia e ciclofaixas

A Prefeitura Municipal de Ananindeua informou que o município de Ananindeua tem quase 8 quilômetros de ciclovia e ciclofaixas. A Secretaria de Transporte e Trânsito (Semutran) realiza ações educativas nas escolas, feiras e mercados, conscientizando os motoristas e ciclistas, com a distribuição de panfletos e revistas com conteúdo explicativo, objetivando, assim, diminuir os acidentes e os desrespeitos aos ciclistas.

Sobre a iluminação pública,  a prefeitura de Ananindeua ressaltou que lançou o “Programa Ilumina - Mais Luz para Ananindeua" que já beneficiou mais de 10 bairros do município e substituiu mais de 2.700 lâmpadas a vapor, para luminárias em LED.  O principal objetivo do programa é reduzir custos, economizar recursos e aumentar a eficiência da iluminação da cidade, além de trazer maior eficiência energética e um menor custo com a sua manutenção, uma vez que a vida útil de cada lâmpada é de mais de 10 anos.

As luminárias de LED possibilitam também mais segurança aos ciclistas e  transeuntes, já que as ruas ficam mais claras e tudo o que acontece nela poderá ser percebido com maior nitidez, representando maior segurança para os moradores.

Estado executa obras que integram um projeto maior de mobilidade urbana dentro da Região Metropolitana de Belém

O Núcleo de Gerenciamento de Transporte Metropolitano (NGTM) executa obras que integram um projeto maior de mobilidade urbana do Estado dentro da Região Metropolitana de Belém. Um deles é a requalificação da rodovia BR-316. As intervenções ocorrem ao longo dos primeiros 10.8 km da rodovia e são voltadas para possibilitar a implantação do BRT Metropolitano, proporcionando melhorias no transporte coletivo e mudanças na infraestrutura da BR, com a instalação de 13 passarelas, ciclovias, calçadas arborizadas, nova rede de drenagem, iluminação pública, quatro túneis de acesso exclusivo para os ônibus do BRT Metropolitano, viaduto, terminais de integração e estações de passageiros.

Nos próximos 30 dias, a obra vai ganhar ritmo com a substituição da empresa executora que dará continuidade aos trabalhos. O prazo de execução da obra se estenderá até dezembro de 2022. A conclusão vai beneficiar cerca de 2,5 milhões de pessoas que moram na Região Metropolitana de Belém, sobretudo para os usuários do sistema de transporte público.

Também há a requalificação da avenida Ananin, em Ananindeua. São 2 km de extensão que receberão serviços de drenagem, terraplenagem, pavimentação, sinalização, iluminação, calçada com piso tátil, ciclofaixa e urbanização. A nova rua vai interligar o Conjunto Guajará à rodovia BR-316 e, através do viaduto que está sendo construído na altura do KM 7, os ônibus e demais veículos também poderão acessar o futuro Terminal de Integração de Ananindeua. Trata-se de uma obra em uma via que será novo acesso do maior pólo gerador de viagens do transporte coletivo de Ananindeua: conjuntos Cidade Nova e Guajará, para o terminal. O projeto tem previsão de ser concluído em 15 meses a partir da ordem de serviço que deverá ser assinada no próximo mês.

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