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Livro traz lições do mundo nerd para os negócios; ouça

O escritor e contador André Charone mostra o que Harry Potter, "Star Wars" e "De Volta Para o Futuro" têm a ensinar a empresários e empreendedores

Camila Guimarães e Celso Freire
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Foi-se o tempo em que a cultura nerd era pensada como um submundo cultural de adolescentes, caracterizados por gostarem de tecnologia, games, filmes, livros e ficção científica, com baixa desenvolvura para socialização e, consequentemente, pouca popularidade nos círculos sociais tradicionais, como a escola, por exemplo. Ser chamado de “nerd” nas décadas de 1980 ou 1990 era quase pejorativo. Mas de lá pra cá, muita coisa mudou.

Os nerds de ontem, continuam sendo nerds ainda hoje, mas eles cresceram e o olhar para o mundo se ampliou. Foi com esse jeito nerd de ver a vida que o contador André Charone conseguiu enxergar no universo dos livros, filmes, jogos, desenhos e quadrinhos valiosas lições de empreendedorismo e gestão, compiladas no livro “Negócios de Nerd: lições da cultura pop para sua empresa”, lançado na última sexta-feira (11) e disponível, gratuitamente, para download no Google Play.

Em entrevista dada ao jornalista Celso Freire, do Programa Panorama Liberal, apresentado na Liberal AM, o contador André Charone comentou sobre o livro. Ouça:

Como o autor começou a unir cultura pop com negócios?

André, que também é professor universitário e colunista na área de contabilidade, explica que começou a conectar elementos da cultura pop com gestão de negócios enquanto dava aulas e palestras e percebeu que os mundos se relacionavam: “Eu comecei a ver que dava para tirar muitas lições desse mundo geek para o dia a dia das empresas. Foi daí que veio a ideia de transformar o mundo empresarial, que às vezes é tão burocrático, em algo que ficasse mais fácil de entender através dessas lições voltadas para o mundo nerd”.

O primeiro artigo de André foi com base no famoso desenho do Tio Patinhas, personagem americano do cartunista Carl Barks. “Eu fiz um curso na Disney Institute e depois disso eu escrevi e publiquei o primeiro artigo, falando de lições financeiras com base no Tio Patinhas. Foi muito legal porque fez sucesso até com crianças e adolescentes”.

Apesar do grande apelo para o público infantojuvenil, André diz que as lições são aplicáveis para todos os públicos, desde educação financeira de crianças até no dia a dia das empresas. Ele comenta sobre algumas outras referências da cultura pop e lições de negócios que elas deixam para empreendedores e empresários.

Harry Potter e as lições mágicas sobre gestão

Uma das literaturas referenciadas no livro de Charone é a icônica série Harry Potter, da autora britânica Joanne K. Rowling. Os livros contam a história do bruxo homônimo e seu grupo de amigos, que se dedicam a derrotar o mago das trevas, Lord Voldemort. André Charone destaca o que a história traz de precioso para o mundo dos negócios.

Um primeiro ponto é sobre controle de finanças: “Quem assistiu Harry Potter deve lembrar que, no primeiro livro e filme, Harry descobre que é bruxo e que os pais deixaram uma pequena fortuna para ele, e a gente vê que fortuna dura todos os sete anos que ele passou em Hogwarts até ele se formar, começar a trabalhar e ganhar dinheiro por conta própria”, comenta André, para quem o exemplo do personagem demonstra uma disciplina financeira que muitos adultos não têm.

Outra lição destacada da saga é sobre trabalho em equipe: “Nos livros e nos filmes nós vemos que o Harry não faz nada sozinho, sempre tem uma equipe atrás dele. Seja a Armada de Dumbledore, seja o trio principal, com Rony e Hermione”. André ressalta que, em uma empresa, ainda que você seja um líder e um bom profissional, só é possível atingir os objetivos contando com o talento dos colaboradores:

“Harry pode ser o protagonista, um líder, por assim dizer, mas ele não é um bruxo tão bom quando a Hermione, por exemplo, que é a bruxa mais brilhante que já se viu na idade dela. Mesma coisa o Rony, que não era tão brilhante quanto a Hermione nem tinha o potencial de liderança de Harry, mas ele tinha todo um conhecimento do mundo bruxo, já que ele nasceu bruxo, diferente dos outros dois”, explicou Charone. “Numa empresa, não é diferente. Você pode ser o protagonista da sua empresa, mas se você não tiver uma boa equipe por trás, você não vai conseguir alcançar o sucesso”, completou.

Big Brother Fiscal

Até mesmo o reality show Big Brother Brasil (BBB) entrou no foco do olhar nerd do autor paraense, para quem o programa tem a ensinar sobre o sistema fiscal brasileiro. “A gente compara a Receita Federal, o fisco, com o BBB. Lá você é vigiado o tempo todo e o fisco também faz isso com os seus contribuintes”, disse o contador.

André explica que, ao informar o CPF em uma nota fiscal, ao pagar o plano de saúde ou o cartão de crédito, essas informações são passadas para a Receita Federal, que passa a saber muitas informações sobre a vida do consumidor. “Ele passa a ser meio que um Big Brother da sua vida em que, se você for tentar esconder alguma coisa dela, ela vai te identificar no erro e você vai para o paredão, que vai ser a malha fina, que você cai no imposto de renda”.

Do universo nerd para a vida

Estes são apenas alguns exemplos de correlações entre produtos da cultura pop e negócios encontradas no livro, que inclui ainda lições de Matrix, Guerra nas Estrelas, De volta para o Futuro, entre outras referências. Para Charone, o livro não é apenas um projeto criado para um determinado fim, mas uma coisa de nata de nerd:

“Eu até brinco no livro que essa é uma coisa de nerd mesmo. O que diferencia o nerd de uma pessoa ‘normal’, é que uma pessoa ‘normal’ assiste um filme, se diverte e pronto. Acabou, esqueceu. O nerd não, ele assiste várias vezes, ele vai atrás do livro, pesquisa outros materiais, estuda muito mais as coisas que ele gosta também por diversão. E acabou que os dois mundos se misturaram, do entretenimento com a área que eu atuo”.

E os nerds, o que dizem sobre essa influência literária?

A visão de Charone sobre ser nerd é corroborada com a do biólogo Abel Bustamante, que é membro da comunidade Nerds Paraenses, no Facebook, maior grupo do país sobre compartilhamento da cultura pop, com quase 25 mil pessoas. Abel diz que, assim como Charone, é muito comum que a cultura nerd influencie outros aspectos da vida para além do entretenimento:

“Ser nerd é um estilo de vida, uma forma de encarar as coisas. O que eu achei mais legal é que é muito comum pessoas não relacionadas ao ambiente literário, por exemplo, se tornarem escritores contando ou reinventando histórias relacionadas à própria vida delas”, comentou o biólogo, que também relacionou o universo nerd com suas pesquisas na área de biologia.

“A minha área de pesquisa é biodiversidade e evolução de aranhas e permite descobrir novas espécies para a ciência. No meu mestrado e doutorado tenho descrito novas espécies para o Brasil, e eu nomeei algumas espécies com referências ao universo do Senhor dos Anéis, como a aranha Thiodina perian, em que ‘perian’, na língua dos elfos, o sindarin, pode ser traduzido como ‘pequeno’ e era usado pelos elfos para se referir aos hobbits”, explicou Abel.

Ele também disse que na aracnologia tem muitos exemplos de nomes relacionados à cultura pop. “Afinal, os nomes acabam sendo um reflexo da cultura do autor e, considerando que esses nomes vão durar quase tanto como a civilização humana, eu acho isso muito legal. ‘Um grande poder, leva uma grande responsabilidade’”, conclui o biólogo, em referência ao provérbio popularizado pelos quadrinhos do Homem-Aranha, escritos por Stan Lee.

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