Insuficiência cardíaca: saiba o que é, como identificar e tratar essa condição
O cardiologista Edson Sacramento, de Belém, explica de que forma o quadro se manifesta e quais as principais causas

Em todo o mundo, cerca de 26 milhões de pessoas no mundo são afetadas pela insuficiência cardíaca, como aponta uma estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). A condição, segundo alertam especialistas, pode surgir de forma silenciosa e gerar diversos sintomas que afetam a qualidade de vida do paciente — como palpitações, por exemplo. Para debater o assunto, Belém recebeu, no final de maio, o Simpósio de Insuficiência Cardíaca, que reuniu especialistas, profissionais de saúde e acadêmicos para discutir os avanços e desafios no diagnóstico e tratamento.
O cardiologista Edson Sacramento, de Belém, explica que a insuficiência cardíaca é uma condição crônica em que o coração não consegue bombear sangue de forma eficaz para atender às necessidades do corpo. “Isso pode ocorrer por falha na contração (insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida) ou por dificuldade no enchimento do coração (fração de ejeção preservada). É importante entender que não significa que o coração parou, mas sim que ele está funcionando de maneira enfraquecida ou descoordenada”.
Com relação aos sinais da doença, o médico detalha: Os sintomas podem surgir aos poucos ou de forma súbita, e variam conforme o lado do coração mais afetado, esquerdo, direito ou ambos. O quadro se desenvolve com falta de ar (dispneia), inicialmente aos esforços e, em casos mais avançados, até em repouso.; cansaço e fraqueza, especialmente após atividades simples; e inchaço (edema), principalmente nas pernas, tornozelos ou abdômen”, relata.
“Outros sintomas são ganho rápido de peso, por retenção de líquidos; tosse seca persistente ou chiado no peito; desconforto ao deitar-se, com necessidade de elevar a cabeça para dormir (ortopneia; palpitações, confusão mental ou tontura, em estágios mais avançados”, completa o cardiologista.
As causas da insuficiência cardíaca podem ser diversas. No entanto, as mais comuns são hipertensão arterial crônica, com sobrecarrega o coração, além de complicações por conta de infarto do miocárdio e doença arterial coronariana. “E outras causas incluem miocardiopatias, que é doença do músculo cardíaco; doenças das válvulas cardíacas); arritmias; diabetes mellitus; consumo excessivo de álcool ou drogas ilícitas; doenças infecciosas ou inflamatórias, como a doença de Chagas; e fatores genéticos e envelhecimento”, explica.
Detecção
A detecção da doença ocorre de forma clínica e por meio de exames, frisa Sacramento. Além disso, os procedimentos laboratoriais também podem ser determinantes para diagnosticar a arritmia. É o caso do BNP ou NT-proBNP — que são marcadores de sobrecarga cardíaca — que avaliar a função renal, eletrólitos, hemograma e função hepática. E ainda, teste ergométrico, ressonância magnética cardíaca, em casos mais complexos, e até mesmo cateterismo cardíaco, quando há suspeita de doença coronariana.
“O diagnóstico é clínico, mas complementado por exames. As principais ferramentas são anamnese e exame físico, radiografia de tórax, que pode mostrar aumento cardíaco ou congestão pulmonar, eletrocardiograma para identificar arritmias ou infarto prévio, e ecocardiograma, que é o exame principal e que avalia a fração de ejeção e estrutura do coração”, pontua o médico.
Tratamento
De acordo com o médico, o tratamento inclui mudanças no estilo de vida, medicamentos, dispositivos e, em casos graves, cirurgia. ”Os medicamentos principais são os inibidores da ECA, BRA e ARNI, que dilatam vasos e melhoram o trabalho do coração. Tem ainda os betabloqueadores, que reduzem a frequência cardíaca e aumentam a sobrevida, antagonistas da aldosterona,diuréticos, para aliviar os sintomas de congestão. E os iSGLT2, originalmente para diabetes, mas hoje amplamente usados na insuficiência, com benefícios comprovados na redução de mortalidade”.
Outros mecanismos utilizados na medicina, segundo o cardiologista, ainda são terapias combinadas com múltiplos medicamentos otimizadas para cada tipo de insuficiência. E também dispositivos como desfibriladores implantáveis (CDI e marcapassos biventriculares (ressincronizadores cardíacos), além de transplante cardíaco ou dispositivos de assistência ventricular em casos refratários.
Prevenção
Adotar hábitos saudáveis é fundamental tanto na prevenção quanto no controle da insuficiência cardíaca. “Dentre as principais recomendações: manter o peso corporal adequado, controlar pressão arterial, diabetes e colesterol, evitar consumo excessivo de sal e água (em casos já diagnosticados), bem como parar de fumar e evitar álcool em excesso”, exemplifica o médico.
“É importante que o paciente pratique atividade física regular (com orientação médica), tenha alimentação balanceada, que seja rica em frutas, vegetais, grãos integrais e pobre em gorduras saturadas). E é importante a adesão ao tratamento e acompanhamento médico regular. Essas atitudes reduzem o risco de desenvolver insuficiência cardíaca e melhoram a qualidade e a expectativa de vida em quem já tem o diagnóstico”, acrescenta.
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