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Iniciativas individuais movimentam a coleta seletiva

Nova gestão da Prefeitura de Belém ainda não informou quais os planos para essa política pública de saneamento

Victor Furtado
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O ato de separar os diferentes tipos de lixo e destinar a trabalhadores da coleta seletiva não é algo exatamente novo. Muitas famílias e empresas já adotam essa prática bem antes da implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, lei federal 12.305/2010), que oficializou a coleta seletiva como política pública obrigatória dentro dos planos de saneamento básico. E antes até de 2006, quando o decreto 5.940, do ex-presidente Lula, criou, em instituições federais, a coleta seletiva solidária. Todo esse tempo e a prática, saudável ao meio ambiente, ainda é um desafio pela falta de conscientização sobre o assunto.

São iniciativas individuais que costumam manter viva a coleta seletiva em Belém. Já não é fácil na capital. No interior do estado é mais difícil ou inexistente. Em 2019, a professora Andrenna Scafi começou a aprender sobre o assunto quando fez uma formação de agente ambiental. Ela morava em Soure à época, no arquipélago do Marajó. Passou a separar os resíduos, organizar, fazer compostagem dos resíduos orgânicos... e tudo ia para o lixo comum, porque não havia coleta seletiva em Soure.

"Quando me mudei para Belém, a síndica do condomínio estava implantando a coleta seletiva e então para mim foi ótimo e passei a apoiar aqui. Nem todo mundo sabe como separar adequadamente, o que ainda dificulta. A cada duas semanas a gente leva para o galpão do residencial e é um dos passeios de um dos meus filhos! Infelizmente eu não tive mais espaço para a minha composteira e as plantas estão ficando desnutridas", brinca Andrenna.

O engenheiro sanitarista Gabriel Hiromite Yoshino é membro da comissão da coleta seletiva solidária da Universidade Federal do Pará (UFPA). O projeto começou lá em 2007, logo após o decreto, com a instalação de locais de entrega voluntária (LEVs) pelo campus. A ideia era que todas as pessoas que transitam pela cidade universitária — para estudar, trabalhar ou usar algum serviço — passasse a colaborar. Cooperativas e associações que podem pegar o material são escolhidas por editais. Toda a comunidade pode separar e entregar na UFPA.

"Papel, papelão, plástico... por um tempo, não coletamos vidro, pois os catadores não podiam dar vazão a esse material e hoje em dia sim, então já recebemos vidro novamente. A coleta seletiva é importante para reduzir os resíduos em lixões e aterros. Uma política pública que gera consciência ambiental, nos leva a repensar nossos hábitos de consumo, colocamos esse material no ciclo novamente, sem desperdício, e ainda geramos emprego e renda. O poder público tem investido nisso, mas ainda de forma muito incipiente", comentou Gabriel.

image No ecoponto do Instituto Alachaster, na Wandenkolk, o material já separado é analisado, pesado, classificado e terá destinação correta para reciclagem (Cláudio Pinheiro / O Liberal)

Gerenciamento de resíduos é responsabilidade compartilhada

Ainda pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a gestão de resíduos é uma responsabilidade compartilhada: cidadãos, empresas e poder público participam do processo. Cada um faz a sua parte. Quem destaca isso é a empreendedora social Soraya Costa, presidente do Instituto Alachaster, um grupo multidisciplinar de empreendedores sociais com 
o objetivo de criar caminhos e transformar estruturas para uma sociedade sustentável. O grupo mantém um trabalho de coleta seletiva. Há dois pontos de coleta de materiais já separados: na travessa Almirante Wandenkolk e outro na travessa Humaitá.

"Deve haver uma postura ativa de cada um desses sujeitos nessa responsabilidade compartilhada. Com relação a isso, qual seria a parte do cidadão? Separar adequadamente seus resíduos e encaminhar para a destinação adequada, entregando para o serviço de coleta de resíduos domiciliar ou em ecopontos. A coleta seletiva é fundamental não só para garantir a execução adequada do processo, mas também para garantir que o próximo agente dessa cadeia produtiva tenha condições de manter o processo em condições adequadas de trabalho visando atender os objetivos maiores da PNRS", comenta Soraya.

Soraya ressalta que o poder público tem muitas frentes de ação ativas, voltadas ao gerenciamento de resíduos sólidos e a educação ambiental, incluindo as parcerias com instituições privadas. Do ponto de vista técnico e social do instituto, ela aponta que Belém precisa de mais sensibilização das pessoas para o papel de sujeito ativo desse processo de gerenciamento de resíduos. "Quando se fala de educação, as ações precisam ser contínuas até que pessoas sejam, naturalmente, multiplicadoras do processo. Percebemos que governos e cidadãos têm cada vez mais se envolvido e teremos bons resultados em breve", analisa.

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