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Homicídios tendem a aumentar nos próximos três anos na RMB, estima livro de pesquisadores da UFPA

'Violência na Metropolitana de Belém - como enfrentar uma guerra civil não declarada nas zonas urbanas da floresta amazônica?' será lançado em agosto com a proposta de debater medidas emergenciais para reverter o número de homicídios

João Thiago Dias
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No triênio 2013/2016, os homicídios acumulados nos municípios de Ananindeua, Belém, Marituba, Benevides e Santa Bárbara, na Região Metropolitana de Belém, abateram 4.753 pessoas, sendo que dois terços (62%) destes crimes foram executados na própria capital, com 2.929 casos, onde se sobressaíram oito subúrbios (bairros e distritos) caracterizados por baixos níveis de renda e uma expressiva precariedade no âmbito da infraestrutura social. Entre eles: Cabanagem, Bengui, Guamá, Tapanã, Jurunas, Outeiro, Icoaraci e Sacramenta, com um total de 2.069 homicídios.

Esses e outros números foram sistematizados no livro "Violência na Metropolitana de Belém - como enfrentar uma guerra civil não declarada nas zonas urbanas da floresta amazônica?", que será lançado em agosto, também destacando estimativas de taxas de homicídios para 2019, 2020 e 2021, além de algumas medidas emergenciais para tentar reverter o avanço da violência.

A obra é de autoria do sociólogo alemão Thomas Mitschein, coordenador do Programa Interdisciplinar Trópico em Movimento e professor do Núcleo de Meio Ambiente, ambos da Universidade Federal do Pará, juntamente com o estatístico paraense Jadson Chaves, pesquisador do Trópico em Movimento e consultor do Banco Mundial do Brasil. 

De acordo com os pesquisadores, os números registrados de 2013 a 2016 representam uma nova dinâmica assustadora mediante o que se observou de 1995 a 2005. Neste período mais antigo, houve um aumento notável de homicídios de jovens de até 29 anos em Belém, na Região Metroplitana e no Pará, no entanto, a capital paraense não se destacava como território urbano mais violento do Brasil, considerando que figurava em um ranking atrás de Manaus, Fortaleza e Recife.

Em 2013, foram 1.116 homicídios nos cinco municípios mapeados, sendo 293 em Ananindeua, 685 em Belém, 87 em Marituba, 44 em Benevides e 7 em Santa Bárbara. Já em 2016, foram registrados 1.377 homicídios nos cinco municípios, sendo 348 em Ananindeua, 856 em Belém, 97 em Marituba, 59 em Benevides e 17 em Santa Bárbara. 

Belém

De 2013 a 2016, entre as áreas de Belém que lideraram o ranking de ataques contra a vida humana estão: Cabanagem com 216 homicídios, Bengui com 191, Guamá com 381, Tapanã com 268, Jurunas com 233, Outeiro com 240, Icoaraci com 328 e Sacramenta com 212 registros. 

Ananideua e Marituba

Foi pontuado, também, que Ananindeua e Marituba, sob o ponto de vista do avanço da violência, estão caminhando na mesma direção como a capital, uma vez que, nesse mesmo triênio, 70,9% (875) e 57,7% (206) dos homicídios registrados nestes dois municípios, respectivamente, foram cometidos em áreas caracterizadas por uma expressiva tendência de marginalização social. 

Em Ananindeua, as áreas são: União Guajára com 186, Águas Lindas com 180, Distrito Industrial com 121, Cidade Nova com 102, Curuçambá com 98, Coqueiro com 67, Aurá com 65 e Guanabara com 56 casos. Em Marituba, o livro aponta as seguintes áreas: Decouville com 91 homicídios, Centro com 70, Almir Gabriel com 19, União com 16 e Bairro Novo com 10.

Benevides e Santa Bárbara

Já em Benevides e Santa Bárbara, a ocorrência das taxas de homicídios revela altos índices nos respectivos centros destes municípios. Segundo os autores, isso se deve ao fato de que ambos nasceram como elementos integrais do cinturão periférico da capital paraense, tendo consolidado núcleos próprios, onde se movimenta a vida cotidiana de uma grande parcela dos cidadãos.

Em Benevides, foram 190 homicídios no triênio 2013/2016, sendo 130 no Centro, 21 em no centro de Benfica, 14 na zona rural de Benfica, 10 no Murinim, 8 na zona rural de Benevides e 7 no Majuri. Em Santa Bárbara, o histórico de homicídios deste mesmo período aponta 44 registros, sendo 27 no Centro e 17 e outras localidades.

ESTIMATIVAS 

No âmbito das estimativas, o livro alerta que, caso não haja investimento em políticas sociais e econômicas que defendam a necessidade imperiosa das camadas populares compartilharem as riquezas materiais e culturais de uma sociedade urbanizada, pode-se prognosticar, para os próximos três anos, um notável crescimento na taxa de homicídios na Metropolitana de Belém (MdB). 

Sendo assim, seriam 4.543 homicídios na MdB somando os possíveis números de 2019, 2020 e 2021. No Pará, somando as estimativas deste período, seriam 13.074. Para chegar às estimativas, foi usado um modelo polinominal do terceiro grau, gerado a partir de uma série histórica de 1979 a 2016, com 80% de probalidade de acerto, a partir das variáveis de homicídios e da população.

"Possíveis homicídios se políticas públicas não forem aplicadas, se não houver planejamento adequado nesse triênio. E a maioria sempre deve ser formada por jovens. São necessárias mudanças comportamentais, reforço na educação, na segurança e mais oportunidades para combater a desigualdade social", comentou Jadson Chaves.

5 MEDIDAS EMERGENCIAIS PARA FREAR A VIOLÊNCIA

Entre as cinco medidas que formam um plano emergencial para frear o avanço da violência na MdB, a primeira trata-se do fortalecimento das mulheres nos bairros e distritos mais afetados pela violência, por meio da criação de cooperativas onde elas ajudariam na questão da melhoria da segurança alimentar, moradia e saúde.

A segunda cita a segurança alimentar com merenda de qualidade nas escolas, por meio de uma integração entre várias secretarias públicas, aproveitando as potencialidades da região e gerando emprego e renda para pequenos e médios produtores. Assim, facilitando o desenvolvimento físico e intelectual dos alunos.

Já a terceira é sobre geração de emprego e renda a partir do fortalecimento das associações e cooperativas de catadores de resíduos. A quarta diz respeito à arborização na Metroplitana de Belém com grandes viveiros de espécies regionais, gerando oportunidade de emprego e renda para a população vulnerável e desempregada.

E a última medida sugere um mutirão operativo no campo da educação pública, envolvendo alunos de ensino fundamental e médio e, também, profissionalizante, onde a universidade discutiria possíveis resultados para formar jovens da periferia se distanciando do contexto da marginalidade.

"A partir de agosto, vamos aproveitar os resultados mostrados no livro para discutir em uma mesa redonda com representantes do governo, de instituições públicas e da sociedade civil. É o primeiro passo para a discussão mais aprofundada que queremos levar para Belém e outros municípios da MdB", adiantou Thomas Mitschein.

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