Entre plantões, estudos e maternidade: veja como é a rotina intensa de uma mãe enfermeira
Enfermeira, mestranda e mãe de uma adolescente, Priscila Viana concilia dias corridos e noites sem dormir com afeto e cuidado na educação e no futuro da filha
Na correria dos dias e madrugadas, entre a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), as aulas do mestrado e as tarefas com a filha adolescente, Priscila Viana, de 32 anos, encontra tempo — e amor — para tudo. Enfermeira assistencial, responsável técnica em uma distribuidora de produtos para hemodiálise e mestranda em Enfermagem na Universidade do Estado do Pará (Uepa), ela representa tantas mulheres brasileiras que dividem a vida entre a profissão, os estudos e a maternidade. “É desafiador, mas apaixonante”, resume.
“Meu dia começa organizando minha filha, levando ela à escola, depois sigo para o trabalho, vou ao mestrado e, às vezes, ainda tenho plantão na UTI.” A fala de Priscila descreve o que, para muitos, seria uma maratona. Atuando na assistência noturna há cinco anos, ela se habituou a trocar o dia pela noite e a buscar pausas, nos raros intervalos da agenda, para estar com Nicole Viana, sua filha de 13 anos.
“Às vezes saio do plantão direto para levá-la à escola, passo a manhã trabalhando, à tarde tenho aula e, à noite, ainda tento estar presente para um sorvete, uma volta de patins ou ajudar no dever de casa”, conta.
Apesar da rotina intensa, Priscila não se sente sobrecarregada. Pelo contrário, diz que é feliz com suas escolhas. “Ser mãe me realiza. E poder cuidar, mesmo cansada, é algo que eu amo.” Mas reconhece que nem sempre foi fácil — principalmente no início da carreira, durante a pandemia. “A Nicole era menor, sentia mais a minha ausência. Ela cobrava, fazia perguntas. A culpa batia”, lembra.
Hoje, a adolescente compreende as ausências físicas da mãe e valoriza os momentos de qualidade que compartilham. “Ela é muito presente. Mesmo que esteja ocupada, quando estamos juntas é especial. Então não sinto falta”, afirma Nicole.
Rede de apoio e autonomia
Priscila conta com o apoio da família, mas admite que o papel de mãe raramente pode ser delegado. “Mesmo com rede de apoio, a criança quer a mãe. Quer o colo, a conversa.” Nicole já demonstra autonomia: prepara o café, pinta as unhas da mãe e entende as escolhas que Priscila faz em nome de um futuro melhor. “A maternidade já me dá retorno. Ela é uma menina madura, que entende que faço tudo isso por nós duas.”
Inspiração, mesmo sem seguir o mesmo caminho
Apesar de crescer acompanhando a mãe nas universidades, com direito a fotos de jaleco combinando, Nicole não se imagina na área da saúde. “Acho que fiquei até traumatizada”, brinca. Tem mais afinidade com português, história e geografia. Mas a admiração por Priscila é evidente.
E mesmo que diga que “não quer ter uma rotina como a da mãe” e deseje “mais tempo livre”, Nicole reconhece a força da mulher que a criou com tantas jornadas. “A nossa régua é diferente”, diz Priscila. Inclusive, a mãe ajuda a filha a estudar sempre que pode.
Aprovada em concurso público e ainda estudando, a enfermeira diz que aprendeu a respeitar o próprio ritmo. “Não adianta me comparar com quem não tem filho, com quem não trabalha. Cada uma tem sua régua.” E, para outras mulheres que vivem dilemas semelhantes, deixa um conselho: “A gente se culpa, se cobra, mas também precisa entender que não dá pra estar cem por cento em tudo. O equilíbrio é fazer o que dá, com amor e com orgulho.”
Neste Dia das Mães, histórias como a de Priscila nos lembram que o amor materno não se mede em horas — mas em presença, esforço e na coragem diária de seguir, mesmo cansada, porque alguém a espera em casa com o coração cheio.
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