Fundação Pestalozzi celebra 70 anos, transformando vidas com ações de inclusão e reabilitação
Ao longo dessas sete décadas, a instituição se consolidou como referência e, atualmente, atende cerca de 200 pessoas
Com uma trajetória marcada pelo compromisso com a inclusão social, a Fundação Pestalozzi do Pará celebra, neste mês, 70 anos de dedicação ao acolhimento, à educação e ao desenvolvimento de pessoas com deficiência. Ao longo dessas sete décadas, a instituição se consolidou como referência e, atualmente, atende cerca de 200 pessoas, oferecendo uma ampla gama de atividades. Sediada em Belém, a fundação presta atendimento a crianças, jovens e adultos, fortalecendo a inclusão social dos seus assessorados.
Os programas multidisciplinares da Fundação Pestalozzi são voltados para o atendimento integral de pessoas com deficiência, promovendo seu desenvolvimento educacional, social, emocional e motor. As atividades envolvem a atuação conjunta de profissionais de diversas áreas, formando uma rede de apoio especializada e personalizada, conforme as necessidades de cada pessoa. Todo esse acompanhamento é realizado de forma gratuita.
O principal objetivo — e também um dos maiores frutos colhidos ao longo dos anos — é garantir que cada assessorado alcance pleno desenvolvimento e qualidade de vida no dia a dia, como destaca o presidente da Fundação Pestalozzi do Pará, Waldemar Júnior, que está à frente da gestão há cerca de dois anos. “Já atuo como voluntário há cerca de 15 anos, e estamos presentes no Brasil há 70 anos. Atualmente, somos a única Fundação Pestalozzi do país. As demais são associações”, comenta o gestor.
O trabalho da fundação é baseado no Método Pestalozzi, criado no século XVIII, que propõe uma abordagem pedagógica centrada na observação sensorial e na experiência prática como pilares da aprendizagem. “Na fundação, atendemos pessoas com Síndrome de Down, autismo e outras múltiplas deficiências. Diariamente, de segunda a sexta-feira, tanto pela manhã quanto à tarde, contamos com professores capacitados que aplicam uma metodologia essencial: inserir esses assessorados na sociedade”.
Entre as principais atividades também estão os serviços de saúde, como terapias especializadas e apoio psicológico, com foco na reabilitação, além de oficinas culturais envolvendo música e dança. A instituição promove ainda atividades esportivas adaptadas e programas de orientação e apoio às famílias, oferecendo suporte emocional. Para os jovens, há ações de formação e capacitação profissional, visando à inclusão no mercado de trabalho.
A Fundação tem ajustado seus serviços para atender às necessidades em constante evolução dos alunos e seus familiares, incorporando novas tecnologias, enfatizando a importância da inclusão e participação das pessoas com deficiência na sociedade, além de desenvolver programas personalizados para cada aluno e estabelecer parcerias com outras organizações e instituições, com o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços oferecidos”, reforça o presidente.
Equipe é formada por profissionais diversos
Com uma equipe formada por aproximadamente 18 profissionais, as atividades são organizadas conforme as necessidades de cada assessorado, como explica o presidente da fundação. “Todos que chegam passam por uma avaliação feita por um especialista, um dos professores, que determina se irão para o projeto de letramento digital, para um trabalho de reabilitação na piscina, para atividades esportivas ou, ainda, para aulas de dança”.
Sobre o legado do trabalho realizado ao longo de sete décadas, o presidente enfatiza: “Observamos pessoas que ficavam totalmente paradas e que, hoje, já conquistaram certa independência. Em alguns casos, estão até inseridas no mercado de trabalho.” E completa: “Isso é muito bom. Nos dá alegria e incentivo para continuar atuando como voluntário, tratando com carinho essas pessoas que dependem do nosso trabalho”. Atualmente, a fundação atende cerca de 250 pessoas, com idades entre 7 e 70 anos.
Dança leva desenvolvimento a jovens e adultos
Uma das formas de potencializar o desenvolvimento de habilidades dos assessorados é por meio das atividades de dança. Com participantes de diversas idades, ao som de ritmos regionais, os alunos são estimulados a se tornarem mais autônomos, como explica a professora de educação física Thays Reis. As atividades ocorrem na Escola Estadual Professor Lourenço Filho, que funciona nas dependências da Fundação Pestalozzi.
“Temos atividades rítmicas e realizamos alguns projetos, entre eles, o Grupo de Dança Lourenço Filho e o Grupo Folclórico da Fundação do Estado do Pará, da Fundação Pestalozzi. Atendemos 15 alunos no grupo de dança e 20 no grupo folclórico, além dos atendimentos regulares. Esses grupos representam a instituição nos eventos do calendário escolar e também em programações para as quais são convidados, seja no estado, em outras escolas ou até fora do Pará”, explica a professora.
No dia a dia, é visível o desenvolvimento dos estudantes. “Na turma, há pessoas com deficiência intelectual, nosso público-alvo. Entre elas, pessoas com Síndrome de Down, autistas e outras deficiências intelectuais. A dança, além de socializar e proporcionar momentos de felicidade, também estimula muitas capacidades. Eles se tornam autônomos e muito mais ativos na sociedade por meio do processo de dançar e das habilidades físicas estimuladas por essa modalidade”, afirma.
Paratleta é sinônimo de superação
A paratleta Sthefane Motta, que tem deficiência física e Transtorno do Espectro Autista (TEA), vem superando desafios por meio da dança. Atendida pela Fundação Pestalozzi desde o ano passado, ela já acumula diversas conquistas: participou de torneios nacionais e foi campeã em competições de paradança. Segundo a mãe, a pedagoga Elizabete Motta, a jovem nasceu com uma má formação congênita detectada no parto, condição que limita seus movimentos.
Desde que passou a integrar o grupo de dança da instituição, Sthefane apresentou uma melhora significativa em diversos aspectos. Além dessa atividade, sua rotina inclui aulas de informática, reforço de matemática e educação física. “Ela participa de campeonatos, o que reforça ainda mais os treinos. A Sthefane gosta muito de vir para cá. Desde então, percebemos uma melhora significativa no dia a dia dela. Hoje, ela tem 17 anos”, relata a mãe.
Avanços são visíveis entre os assessorados da fundação
Quem também teve avanços importantes por meio das atividades realizadas na Fundação Pestalozzi foi a estudante Ana Maria Silva — uma das assessoradas mais antigas do projeto de dança. A mãe dela, a doméstica Francisca Silva, destaca a melhoria na qualidade de vida da filha: “Ela iniciou na fundação aos 3 anos e 6 meses, hoje tem 33 anos. Antes, ela nem andava direito. Foi então que começou a andar e a falar. Com as atividades, ela se desenvolveu bastante, passou a interagir com as outras crianças. Já são 29 anos vindo aqui. Ela já viajou para o Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília com os grupos de dança”, relata.
Celebração de mais um marco
Com todos esses resultados acumulados ao longo dos anos, a expectativa é que as atividades da Fundação Pestalozzi — que sempre funcionou no mesmo espaço — sejam cada vez mais ampliadas, como destaca o presidente do conselho curador da instituição, Márcio Campos, ao celebrar os 70 anos da iniciativa. Segundo ele, melhorias na infraestrutura do prédio e nas condições de trabalho dos profissionais são preocupações constantes para garantir o melhor atendimento aos assessorados e familiares.
Entre as ações previstas para o futuro, ele cita: “Um dos passos importantes que iniciaremos no segundo semestre é o projeto ‘Inclusão Reversa’. A iniciativa, em parceria com escolas públicas, busca trazer jovens de 15 a 18 anos para visitar nossa instituição, onde serão recepcionados pelos nossos alunos, que irão apresentar e explicar como funciona a casa”, detalha. Ele acrescenta que também será inaugurado um ateliê para capacitação em costura, voltado aos responsáveis pelos estudantes.
Forrozão festeja os 70 anos
E para comemorar os 70 anos, a fundação promove a 23ª edição do tradicional Forrozão da Pestalozzi, neste domingo (8), a partir das 9h, na sede da instituição (Avenida Almirante Barroso, 3814, próximo ao campo da Tuna Luso). Com entrada gratuita, a festa contará com apresentações dos alunos da fundação e grandes atrações musicais, como Banda Warilou, Fruta Quente, Red Velvet, Sambloco, Jorginho Gomes, Layse, Kim Marques e a Orquestra de Percussão da escola de samba Quem São Eles.
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