Fezes de aves podem causar doenças; veja a lista de cuidados
Entre as doenças que podem ser causadas, estão infecção pulmonar e até meningite
Andando por Belém, além de cuidados com a queda de mangas, os moradores também evitam ser atingidos por fezes de aves. Contudo, além da sujeira, as fezes também apresentam o risco de causar muitas doenças aos seres humanos, como meningite, infecção pulmonar e influenza, alerta infectologista. Para evitar complicações, as pessoas devem tomar alguns cuidados, como evitar o acúmulo de fezes e não removê-las a seco.
As fezes de aves são um ambiente propício para a proliferação de alguns microrganismos, como vírus e fungos causadores de doenças respiratórias, quando os seus esporos são inalados. O risco existe quando “as fezes secam, se fragmentam e liberam partículas contaminadas no ar”, explica o médico infectologista Lourival Marsola.
Os fungos podem permanecer nas fezes secas e no solo contaminado por anos. No caso de haver um revolvimento das fezes secas, o especialista explica que as partículas podem continuar suspensas no ar de minutos a horas – a depender da umidade, ventilação e movimentação de ar. “O risco é maior durante e logo após atividades que levantam poeira contaminada”, afirma.
A doença manifestada pela pessoa atingida depende da ave envolvida na situação. Os pombos estão associados ao agente Cryptococcus neoformans. As aves da família Psittacidae (papagaios, periquitos e calopsitas) estão relacionadas à psitacose. No caso das aves de granja e colônias densas de aves ou morcegos, é favorecido o desenvolvimento do fungo Histoplasma capsulatum. “O risco maior depende não da espécie isoladamente, mas da concentração de fezes, das condições ambientais e do tempo de acúmulo”, complementa o infectologista.
Doenças causadas
Entre as enfermidades que podem ser causadas pelas fezes de aves, destacam-se a histoplasmose, que é uma infecção pulmonar advinda da inalação de Histoplasma capsulatum, e criptococose, uma infecção por Cryptococcus neoformans e C. gattii que pode evoluir para um quadro de meningite, especialmente em imunossuprimidos.
Além das duas citadas, a pessoa pode sofrer com psitacose, causada pela bactéria Chlamydia psittaci, influenza aviária e infecções bacterianas como salmonelose e campilobacteriose.
Confira a lista das principais doenças que podem ser causadas, segundo o médico Lourival Marsola:
- Histoplasmose: infecção pulmonar adquirida pela inalação de microconídios de Histoplasma capsulatum.
- Criptococose: infecção por Cryptococcus neoformans e C. gattii.
- Meningite: quadro que pode evoluir da criptococose, sobretudo em imunossuprimidos.
- Psitacose: causada pela bactéria Chlamydia psittaci, que é adquirida pela inalação de poeira com fezes e secreções de aves.
- Salmonelose: infecção bacteriana.
- Campilobacteriose: infecção bacteriana.
- Influenza aviária: surge em contextos de contato com aves infectadas.
Cuidados e orientações
As orientações do infectologista para evitar doenças incluem evitar o acúmulo de fezes e impedir que as aves construam ninhos em edificações. Para realizar a limpeza das fezes, recomenda-se utilizar equipamentos de proteção, como máscara PFF2/N95, luvas e óculos. Antes da limpeza, é necessário umedecê-las para não removê-las a seco.
Para casos de grandes acúmulos de fezes, é indicado que seja feito um manejo especializado, controle de poeira e descontaminação adequada.
Confira a lista dos principais cuidados para evitar as doenças:
- evitar o acúmulo de fezes;
- impedir a nidificação de aves em edificações;
- não remover fezes secas a seco;
- sempre umedecer as fezes antes da limpeza;
- para a limpeza: usar equipamentos de proteção, como máscara PFF2/N95, luvas e óculos;
- para grandes acúmulos: manejo especializado, controle de poeira e descontaminação adequada.
Incômodo dos moradores de Belém
A doméstica Maria Regina já sabia sobre o perigo causado pelas fezes de aves e toma alguns cuidados. “Eu procuro nem passar por debaixo das árvores. Quando o cheiro está muito forte, eu procuro não respirar, principalmente quando chove”, relata Maria.
Já o vendedor Fabrício Pantoja, que trabalha há um mês vendendo coco, não sabia do risco causado pelas fezes, mas relata que é um incômodo. “É muito pássaro por aqui. O cheiro incomoda. Só de respirar já faz mal.”
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