Em Belém, Iphan tomba avião Catalina como Patrimônio Cultural do Brasil
Parte da defesa brasileira durante a 2ª Guerra Mundial e situado na Base Aérea de Belém (PA), o avião foi tombado nesta quarta-feira (10)

Parte da defesa brasileira durante a 2ª Guerra Mundial, um avião modelo Catalina, situado na Base Aérea de Belém (PA), foi tombado nesta quarta-feira (10) pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A decisão foi tomada durante a 98ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que também tombou outra aeronave desse mesmo modelo, situada no Museu Aeroespacial, no Rio de Janeiro (RJ).
Durante a reunião, a equipe do Iphan ressaltou a importância histórica, tecnológica e cultural dos modelos. "Hidroaviões que são marcas do início da aviação na região amazônica", informou o Iphan.
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Aviões Catalina - história
Avião de reconhecimento, bombardeiro, caça antissubmarino, de transporte e socorro marítimo, o modelo Catalina tem sua história diretamente associada à 2ª Guerra Mundial. Criado em 1936, pela Consolidated Vutee Aircraft Co., foi o hidroavião mais produzido, totalizando 3.290 unidades fabricadas nos Estados Unidos, Canadá e União Soviética. Com o acirramento do conflito mundial, unidades do Catalina incorporadas à Real Força Aérea da Grã-Bretanha estiveram em combate na Europa Oriental.
Em 1943, as primeiras unidades do Catalina foram entregues à Força Aérea Brasileira como parte de acordos firmados entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos. Das sete primeiras unidades enviadas, uma ficou baseada em Florianópolis (SC), três no Rio de Janeiro (RJ) e três em Belém (PA). À época, o Catalina foi utilizado no patrulhamento da costa brasileira, então sob ataque alemão. Em 31 de julho de 1943, um dos Catalinas entrou em combate e afundou o submarino alemão U-199 nas proximidades da costa carioca.
Ao término do conflito, esses modelos passaram a ter usos diversos na aviação civil, em operações de busca e salvamento. Na região amazônica, teve papel destacado devido às características técnicas da aeronave, que se adequava às condições geográficas da bacia amazônica e à ausência de aeroportos. A aeronave PBY-6A, que se encontra na Base Aérea de Belém, equipou a FAB e também foi utilizada pela Companhia Cruzeiro. Popularmente conhecidos como Cat ou Pata Choca, o Catalina esteve em todos os mares, em tempos de guerra e paz.
“Saliento que todos os técnicos e pareceristas que participaram desse longo processo foram unânimes em afirmar a importância desses aviões para a memória nacional e se manifestaram, de um modo geral, em favor de sua preservação, tendo em vista a grande relevância histórica de sua participação”, concluiu o parecer do conselheiro José Carlos Mathias, que foi relator do processo de tombamento dos Catalinas.
Outros tombamentos
Os membros do Conselho Consultivo também apreciaram o tombamento definitivo de outros dois bens: o edifício-sede da Cruz Vermelha, situado à praça da Cruz Vermelha, no Rio de Janeiro (RJ), e o conjunto Tecelagem Parahyba, que fica em São José dos Campos (SP). Ambos os bens já haviam sido tombados provisoriamente, mas a decisão do Conselho reconhece oficialmente a importância das duas edificações.
O prédio da Cruz Vermelha demarca a presença da instituição no Brasil, que data do início do século XX; já a Tecelagem Parahyba, o início da industrialização do país.
"As decisões do Conselho Consultivo de hoje percorrem diferentes regiões e capítulos da história do Brasil. A cooperação internacional por meio da Cruz Vermelha e a industrialização de São Paulo são dois deles. São momentos fundamentais da história nacional”, avaliou a presidente do Iphan, Larissa Peixoto.
“Já as aeronaves Catalina são exemplares da nossa participação durante a 2ª Guerra Mundial, especialmente na proteção da costa brasileira. Além disso, esses hidroaviões são o testemunho da formação da aviação civil no Brasil, especialmente na região amazônica.”, detalhou.
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