Em ano de COP 30, Emaús promove sustentabilidade com o reaproveitamento de materiais

No bairro do Bengui, o Movimento República de Emaús dá um novo destino a brinquedos quebrados, roupas usadas, utensílios e móveis que seriam descartados

Gabriel Pires

Neste ano de 2025, quando Belém se torna palco para a discussão de pautas ambientais e sustentáveis, na COP 30, uma iniciativa local com 52 anos de existência reforça a importância do reaproveitamento. No bairro do Bengui, o Movimento República de Emaús dá um novo destino a brinquedos quebrados, roupas usadas, utensílios e móveis que seriam descartados. No local, os objetos são recuperados e, em seguida, disponibilizados por preços simbólicos ou doados à população — fomentando até mesmo a economia circular.

Além da campanha da Grande Coleta, realizada anualmente pelo movimento e que percorre pontos da capital arrecadando os mais diversos itens, a mobilização ocorre durante todo o ano na sede da entidade. Com a venda desses objetos, o valor arrecadado é destinado ao custeio dos projetos sociais da organização — que foca em ações voltadas aos direitos da criança e do adolescente, cursos para a comunidade, entre outras iniciativas. E é na sede do Emaús que os itens recebidos ganham um novo destino.

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Um dos focos do projeto é promover a sustentabilidade, como explica a coordenadora da Campanha de Emaús, Mailde Santos, de 52 anos. Entre os objetos recebidos, estão eletrodomésticos e móveis, roupas, brinquedos, livros, eletrônicos, entre outros. “A gente dá um novo ciclo de vida a esses materiais, prolongando a utilidade dos objetos. Todos vêm para a instituição, passam por uma triagem, higienização e depois são postos à venda nas feiras realizadas no Emaús às quartas, quintas e sextas-feiras”, explica a gestora, ao frisar que a ação é referência na capital paraense.

“A maioria desses objetos é colocada à venda nos feirões. Mas um dos itens que recebemos, de fundamental importância para o Emaús, são os eletroeletrônicos, que vêm para a instituição e vão para um centro de formação de jovens. Lá, eles trabalham com informática e com o recondicionamento de computadores. Essa é uma das estratégias para manter os jovens aprendendo uma profissão”, detalha Mailde, ao lembrar que uma das vertentes do movimento são os cursos profissionalizantes voltados à área da informática.

Oportunidade

Voluntário no setor de recondicionamento do Movimento de Emaús e profissional da área de tecnologia da informação, Alfeu Rosa, de 30 anos, conhece bem o impacto do projeto na vida dos jovens. Ele mesmo foi aluno do curso de informática da instituição e de manutenção e recondicionamento de equipamentos. Atualmente, Alfeu auxilia tanto na parte de manutenção quanto no acompanhamento dos alunos. “Quando os equipamentos chegam, fazemos a triagem e colocamos em teste junto com os alunos. Alguns ficam responsáveis pela desmontagem, com orientação do professor, e outros já partem para a instalação do sistema”, explica.

Segundo ele, a experiência prática permite que os estudantes aprendam na prática e ganhem confiança. Alfeu destaca que, além da requalificação dos equipamentos, o setor tem avançado para outras áreas da tecnologia. “Estamos iniciando agora uma nova temporada com foco em robótica e, quem sabe, em breve também vamos introduzi-los ao mundo da inteligência artificial”, projeta.

Voluntários

Para dar conta de todo esse trabalho de seleção dos objetos que serão colocados à venda ou doados, mais de 10 voluntários estão envolvidos no projeto diariamente — além das pessoas que participam especificamente das ações da Grande Coleta, que, neste ano, será realizada em junho. “O Movimento de Emaús, desde a sua idealização, tem sua força por meio dos voluntários. Em uma das estratégias, que é a Grande Coleta, contamos com cerca de 800 a 1.000 pessoas nesse evento”, destaca Mailde.

No dia a dia, os materiais que não podem ser reaproveitados são reciclados. “Temos duas voluntárias com habilidades magníficas, que transformam objetos descartados em peças únicas, dando-lhes um novo ciclo de vida — como ecobags; vidros, que são transformados em potes para guardar peças miúdas; e madeiras descartadas, que são reutilizadas para criar quadros, entre outros materiais”, descreve a coordenadora da campanha.

Conscientização

Recebendo doações diariamente, somente de janeiro de 2024 a março de 2025, a instituição arrecadou cerca de 9 toneladas de materiais, de acordo com a coordenadora. Segundo Mailde, é com todo esse trabalho que se torna possível disseminar a conscientização ambiental sobre o reuso de objetos entre a população. “É importante ressaltar que, se nós não tivéssemos essa estratégia no movimento, haveria uma grande possibilidade de parte desses materiais acabar em um aterro sanitário, em vias públicas ou em canais”, observa a coordenadora, ao frisar o engajamento da sociedade, que é indispensável.

Em ano de COP, essas ações ganham uma relevância ainda maior, conforme pontua Mailde — consciência essa que é um dos pilares do movimento: “É uma contribuição magnífica e considerável que o movimento oferece ao meio ambiente. Estamos felizes em fazer parte desse cenário, que está sendo discutido e que precisa mobilizar a sociedade. O Movimento de Emaús, dentro da sua atuação com os jovens e em sua educação pedagógica, aborda o meio ambiente desde sempre, desde o seu surgimento”.

Para quem desejar realizar doações, o Movimento República de Emaús recebe os objetos presencialmente, na sede da instituição, localizada na avenida Padre Bruno Sechi, no bairro do Bengui, de segunda a sexta-feira, em horário comercial. “Estamos aqui para receber. Agradecemos e recomendamos a esse doador que o material a ser doado esteja em boas condições, porque essa doação que é enviada ao Emaús vai para um novo lar. Seja uma cama que servirá para outra pessoa, seja uma roupa, um sapato ou um computador”, afirma Mailde.

Movimento

O Movimento República de Emaús é uma organização não governamental (ONG) sem fins lucrativos que atua na defesa dos direitos da criança e do adolescente em situação de risco social na região amazônica, com foco em Belém. A ONG foi fundada em 1970 pelo padre Bruno Sechi e desenvolve projetos que envolvem defesa jurídica, teatro, música, recreação, meio ambiente e profissionalização como ferramentas de formação cidadã.

Além da Grande Coleta, outro reconhecimento do movimento está em sua atuação em casos de violência institucional, tráfico de seres humanos, exploração sexual, violência doméstica e proteção a crianças e adolescentes ameaçados de morte.

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