Dia Nacional da Educação Ambiental: uso de biodigestores levam sustentabilidade às escolas de Belém
A iniciativa ganha ainda mais destaque nesta terça-feira (3), Dia Nacional da Educação Ambiental, como uma forma de promover práticas sustentáveis na comunidade escolar
Nas escolas municipais de Belém, o uso de biodigestores vem dando outra destinação aos resíduos orgânicos e potencializando a educação ambiental. É o caso da Escola Municipal de Educação Infantil Canto do Uirapuru, no bairro do Maracangalha, que conta com um equipamento capaz de transformar restos da merenda em biogás e biofertilizantes. A iniciativa, presente em 32 escolas da capital paraense, ganha ainda mais destaque nesta terça-feira (3), Dia Nacional da Educação Ambiental, como uma forma de promover práticas sustentáveis na comunidade escolar.
Na unidade educacional, os resíduos orgânicos, como cascas de frutas e ovos resultantes do preparo da merenda escolar, em vez de serem descartados no lixo, são reaproveitados e se tornam a principal matéria-prima para a produção de biogás e biofertilizantes. Todo esse processo conta também com a participação dos estudantes e responsáveis, que colaboram levando resíduos de casa. Para a diretora da escola, Silvia Machado, essa é uma forma de despertar, desde cedo, a consciência ambiental nos mais de 100 alunos, do berçário ao Jardim II.
O biodigestor foi instalado na escola ainda no final de 2024 e integra as ações de educação ambiental desenvolvidas no local. “Temos cerca de 32 escolas da rede municipal de Belém que fazem parte desse projeto de escolas sustentáveis e que recebem financiamento da Itaipu Binacional, uma das patrocinadoras da iniciativa para desenvolver essas ações. O financiamento veio como um sonho: poder reutilizar o lixo orgânico produzido pela merenda escolar. E ficávamos pensando: como descartar todo esse lixo que é produzido?”, conta a diretora.
“Com o biodigestor, isso foi solucionado, porque, agora, todo o material orgânico produzido pela cozinha, como as cascas de frutas e legumes, os restos de alimentos que as crianças rejeitam — ou seja, tudo aquilo que seria lixo — vai para o biodigestor, para ser reutilizado e se transformar. Uma parte vira gás metano, que não é inflamável e é utilizado na cozinha da escola, com um sistema canalizado do equipamento até a cozinha, gerando economia na compra de botijões de gás. E, com o processo, também temos o biofertilizante, que doamos para a comunidade e utilizamos em outros projetos da escola, como na horta”, acrescenta Silvia.
Produção
A transformação dos resíduos em gás e fertilizante natural é realizada em poucas horas. Diariamente, segundo a diretora, é possível realizar esse processo com cerca de 10 quilos de materiais orgânicos, com a participação dos estudantes — que acompanham de perto enquanto aprendem sobre os conceitos de educação ambiental no dia a dia. “As crianças foram orientadas a conhecer o funcionamento e a importância do biodigestor. E foram até o local conhecer o equipamento”, reforça a diretora.
“E, quando a escola não produz alimentação suficiente para usarmos como matéria-prima para o biodigestor, solicitamos que a comunidade nos ajude, trazendo o seu lixo orgânico. Incentivamos que os pais dos estudantes tragam. Os responsáveis também receberam orientação sobre o funcionamento do biodigestor. Divulgamos à comunidade. Com isso, a escola trabalha com energia limpa, o que foi um ganho muito importante para nós, já que queremos ser uma escola sustentável. O nosso próximo passo é realizar a coleta seletiva com a comunidade“, observa a educadora.
A diretora enfatiza que projetos como este são essenciais para a formação consciente dos estudantes sobre sustentabilidade: “Há alguns mitos de que a criança pequena não tem certo nível de compreensão dessas questões maiores, como a crise climática, por exemplo. Mas todas têm compreensão. O que precisamos é adequar a linguagem e as atividades. E é no ciclo da educação infantil que a criança, de 1 a 5 anos, começa a construir o seu caráter, sua personalidade, seus valores morais e éticos. É nesse momento que precisamos plantar essas ideias e debater essas questões”.
Consciência
Essas ações ajudam a conscientizar até mesmo os familiares. A pedagoga Pâmela Dias, mãe do estudante Luan Felipe, que cursa o maternal, considera a iniciativa muito positiva, tanto por parte da escola quanto da comunidade. Para ela, projetos como o uso do biodigestor ajudam os alunos a aprenderem, desde cedo, a importância de separar os alimentos para reutilização e para contribuir com o meio ambiente.
“É uma forma dos alunos aprenderem, desde pequenininhos, como é que eles devem separar os alimentos para reutilizar. Se todas as escolas tivessem esse tipo de iniciativa, seria um ponto inicial para o desenvolvimento do meio ambiente e para toda a equipe escolar”, enfatiza a pedagoga. Ela contou que conheceu o projeto recentemente e que já está pensando em colaborar. “Estou pensando em doar e verificar quais são os tipos de materiais que podem ser doados para contribuir”, acrescenta.
Rede municipal
Atualmente, a implantação de biodigestores na rede municipal de educação contempla 32 unidades, como aponta a Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia (Semec). E a expectativa é que os equipamentos cheguem a mais escolas. No entanto, ainda não temos a confirmação sobre a quantidade de novas unidades que receberão a tecnologia.
Entenda como funciona um biodigestor em três pontos
- Entrada: resíduos orgânicos são colocados no biodigestor, misturados com água
- Processo: bactérias decompõem a matéria orgânica sem oxigênio, gerando biogás (principalmente metano)
- Saída: o biogás é usado como energia e o resíduo restante vira biofertilizante
Veja as escolas já contempladas:
- EMEF Ciro das Chagas Pimenta – Icoaraci (DAICO)
- EMEF Ruy da Silveira Britto – Marco (DABEL)
- EMEI Profª Lucia Soares Castro – Marco (DABEL)
- EMEC Maria Clemildes – Mosqueiro (DAMOS)
- EMEIF Alzira Pernambuco – Marco (DABEL)
- EMEF Benvinda de França Messias – São Brás (DABEL)
- Liceu Mestre Raimundo Cardoso – Icoaraci (DAICO)
- EMEI Profª Gilvânia Márcia – Val-de-Cães (DAENT)
- EMEF Lauro Chaves – Mosqueiro (DAMOS)
- EMEF Profª Ida de Oliveira – Maracangalha (DASAC)
- EMEF Madalena Raad – Icoaraci (DAICO)
- UP Faveira – Cotijuba (DAOUT)
- EMEF Manuela Freitas – São Brás (DABEL)
- EMEF Maroja Neto – Mosqueiro (DAMOS)
- EMEI Rita Nery – Tenoné (DAICO)
- EMEIF Rotary – Condor (DAGUA)
- EMEIF Amância Pantoja – Fátima (DASAC)
- EMEI Canto do Uirapuru – Maracangalha (DASAC)
- EMEIF Duas Irmãs Bianca e Adriely – Pratinha II (DABEN)
- Escola Bosque Prof. Eidorfe Moreira – Outeiro (DAOUT)
- EMEF Paulo Freire – Tenoné (DAICO)
- EMEIF Palmira Gabriel – Pedreira (DASAC)
- Escola Casa de Pesca – Outeiro (DAOUT)
- EMEC Milton Monte – Ilha do Combu (DAOUT)
- EMEC São José – Ilha Grande (DAOUT)
- EMEF Comandante Klautau – Sacramenta (DASAC)
- EMEF Olga Benário – Águas Lindas (DAENT)
- EMEIF Alda Eutrópio – Tapanã (DABEN)
- EMEIF Maria Stellina Valmont – Terra Firme (DAGUA)
- EMEIF Amália Paumgartten – Guamá (DAGUA)
- EMEIF Padre Bruno Sechi – Coqueiro (DABEN)
- EMEF Gabriel Lage – Tapanã (DABEN)
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