Dia Mundial do Braille é celebrado com avanços na comunicação

“O braille ainda é o melhor meio de alfabetização de pessoas cegas”, diz estudante em Belém

Dilson Pimentel

O Dia Mundial do Braille é celebrado nesta quinta-feira (4). A data foi criada em 2018, pela Organização das Nações Unidas (ONU), em homenagem ao aniversário do francês Louis Braille, com o objetivo de aumentar a consciencialização sobre a importância do braile como meio de comunicação para pessoas cegas ou com baixa. O Sistema Braille nasceu na França, em 1825, por Louis Braille, e continua sendo usado em todo o mundo por pessoas com deficiência visual.

Em Belém, a estudante Maurinea Albuquerque Ribeiro da Silva, 23 anos, que tem baixa visão, falou sobre a data. “Para algumas pessoas, o dia 4 só é mais uma data. Mas, para as pessoas com deficiência visual e que trabalham, estudam e vivem com a leitura do braille, é um dia diferente”, disse.

É diferente porque, explicou, o braille ainda é o melhor meio de alfabetização de pessoas cegas. “Logo essa data é importante para podermos não só discutir esse dia em um grupo só, mas levar para a comunidade toda, levar para a sociedade que o braille é um mecanismo de ensino, leitura”, contou.

image A data foi criada em 2018, pela ONU, em homenagem ao aniversário do francês Louis Braille, com o objetivo de aumentar a consciencialização sobre a importância do braile (Igor Mota/ O Liberal)

Maurinea Albuquerque disse que o ensino do braille nas escolas é importante por dois motivos. O primeiro: o ensino de braille em escolas públicas e particulares faz com que o próprio aluno com deficiência se sinta mais seguro e acolhido. Segundo: o ensino do braille nas escolas faz com que uma comunidade "toda se volte em prol da acessibilidade, que os professores sejam melhores docentes e que alunos sejam cidadãos melhores no futuro".

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Estudante fala sobre os desafios diários

Ela também estuda na Unidade Educacional Especializada (Uees) José Álvares de Azevedo, que, situada em Belém, é referência no trabalho educacional para pessoas cegas e com deficiência visual. “Eu comecei no ‘Álvares’ muito nova. Eu só era um bebê. Sai de lá e voltei anos depois. Ela entrou na UFPA para cursa o curso em 2019 e, como não conseguia conciliar, saiu novamente. Mas, no ano passado, retornou à instituição, que sempre me acolheu de braços abertos e sempre me deu todo o suporte como uma mulher com deficiência visual, como uma mulher com baixa visão precisa”, disse.

Maurinea está prestes a defender o TCC e irá se formar em licenciatura em História pela UFPA e, em seguida, começará a pós em educação inclusiva. Ela disse que, como tem baixa visão, o dia a dia pode ser um dia tanto pode ser tranquilo quanto complicado.

image O Sistema Braille nasceu na França, em 1825, por Louis Braille, e continua sendo usado em todo o mundo por pessoas com deficiência visual (Igor Mota/ O Liberal)

“Tem locais em que eu vou, estabelecimentos ou até mesmo nos hospitais que tenho consulta, que era para ser algo simples, mas que se torna complicado. A maioria dos locais tem placas, mas essas mesmas placas não são acessíveis. Elas não têm letras grandes e nem possuem a escrita em braille. Não consigo ler visualmente e muito menos ler tateando com o auxílio do braille, pois não tem essa inclusão no dia a dia, o que torna tudo um pouco frustrante”, afirmou.

image A estudante Maurinea Albuquerque, 23 anos, diz que a data é de extrema importância para quem tem deficiência visual (Igor Mota/ O Liberal)

Em novembro do ano passado, ela lançou o livro que se chama “Escritos de uma Mulher”. “Infelizmente ele não está em físico. Logo não tem em braille ou em tamanho grande. Ele está disponível na Amazon em e-book, porém, não está com o meu nome. A ideia é que as pessoas vejam os pensamentos e os relatos de uma mulher com deficiência, dificuldades, medos, sentimentos e afins, que as pessoas percebam o quanto a sociedade capacitista pode machucar uma pessoa ao longo dos anos”, disse.

"O Braille tirou o cego da escuridão e o trouxe para a luz", diz professor

O professor Ronaldo Alex leciona na Unidade Educacional Especializada (Uees) José Álvares de Azevedo destacou a importância do braille. E ele faz uma analogia com o mito da caverna. Antes do Braille, o cego não tinha leitura e nem escrita. “O Braille tirou o cego da escuridão e o trouxe para a luz. O cego passou a autonomia de leitura e escrita e passou a expressar o seu pensamento de forma textual”, afirmou ele, que é cego e leciona Língua Portuguesa.

Por isso que, dentro das escolas, o Braille é imprescindível. “Se o cego não tem acesso à leitura escrita, terá lacunas de escrita, de interpretação”, afirmou. “Quando o aluno deixa de ter acesso ao braille, ele cria enormes lacunas na vida acadêmica, na vida estudantil dele”, afirmou.

Saiba mais sobre o Braille:

Trata-se da representação tátil de símbolos alfabéticos e numéricos que possibilitam a escrita e leitura, através da combinação de 1 a 6 pontos entre si. É lido da esquerda para a direita, com uma ou ambas as mãos e tradicionalmente escrito em papel relevo. Por ser uma linguagem universal, pode ser adaptado a diversos alfabetos. Além de livros e publicações especializadas, é possível encontrar informações no sistema braile em elevadores, museus, cardápios de restaurante, entre outros.

No Brasil, o método foi introduzido por José Álvares de Azevedo, idealizador da primeira escola para o ensino de cegos no Brasil, o Imperial Instituto de Meninos Cegos – o atual Instituto Benjamin Constant. No dia 8 de abril, aniversário de José Álvares de Azevedo, é comemorado o Dia Nacional do Braille.

Fonte: Instituto Benjamin Constant

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