Dia da Água: rios urbanos cortam a cidade e garantem o sustento de famílias em Belém

Muitos moradores dependem do rio Tucunduba, que é navegável e atravessa os bairros do Guamá e Terra Firme

Dilson Pimentel

Com o tema “A água nos une, o clima nos move”, o Dia Mundial da Água é celebrado, nesta sexta-feira (22), no Brasil. E, em Belém, há muitos rios urbanos que cortam a capital e que são fundamentais para o sustento de muitas famílias. Para essas pessoas, a água faz parte da rotina de trabalho delas.

Um deles desses rios urbanos é Tucunduba, que é navegável e corta os bairros do Guamá e Terra Firme. Jorge Corrêa Gurgel, 51 anos, é pescador e também reforma barcos. “Eu dependo do rio”, disse ele, que conhece bem o Tucunduba. “Por isso eu preciso estar perto do rio para poder exercer a minha profissão”, contou.

Em seu barco, que tem quase 10 metros de comprimento, ele transporta material de construção e, também, frutas, percorrendo as águas que cruzam aqueles dois bairros da capital. Jorge tem uma relação carinhosa com o rio. Ele afirmou que respeita as “regras” da natureza. Sobre os melhores horários para navegar, disse o pescador: “Quem faz o horário é a água. São as regras da maré”, contou.

Segundo ele, é preciso saber quando a maré ‘enche, que é o momento bom para navegar, e quando ‘vaza” quando baixa o nível da água e não dá para sair no barco.

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image Lucas Santos, 19 anos, mora em uma ilha nos arredores de Belém (Everaldo Nascimento/O Liberal)

"Na safra do açaí, o rio vira uma rua", diz pescador

Jorge lembrou que, na época da safra do açaí, quando passa esse período chuvoso, o movimento no rio é intenso, com muitas embarcações pequenas. São os ribeirinhos levando, para Belém, o açaí produzido nas ilhas que ficam próximas à capital. “Nessa época o rio vira uma rua”, contou.

O pescador disse ser importante preservar os rios e fazer ações para que as pessoas não joguem lixo às margens dos canais. Esses resíduos são levados pelas águas e prejudicam os barcos, pois atingem o motor das embarcações, podendo causar prejuízos financeiros.

Há, também, aqueles que usam os rios para fazer suas compras e, depois, levar os mantimentos para as comunidades onde residem. É o caso de Lucas Santos, 19 anos, que mora na ilha Grande, nos arredores de Belém. Na manhã desta quinta-feira (21), ele foi comprar alimentos em um comércio às margens do canal do Tucunduba, no bairro da Terra Firme. “Comprei frango, ovo e outros mantimentos”, contou.

Lucas comprou gêneros alimentícios para durar em torno de uma semana. Depois, volta para fazer novas compras na capital. Até chegar na casa dele leva de 30 a 40 minutos de canoa. “Depende da água, da correnteza”, disse. Lucas falou da importância do rio e de se preservar o meio ambiente, afirmando que é importante não jogar lixo nos rios, o que prejudica também os animais.

Manoel de Jesus Moraes Miranda, 40 anos, é dono de uma venda de açaí às margens do canal do Tucunduba, também na Terra Firme. Mais conhecido como “Jeco”, ele disse que o produto que comercializa vem da ilha das Onças e do “outro lado do rio”. “O rio é muito importante. Se não fosse o rio, não tinha como o açaí chegar aqui pra gente”, contou. “Se fosse de carro, o transporte seria muito mais caro”, contou.

Em 22 de março de 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia Mundial da Água em solo brasileiro. A data foi lançada durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Eco-92, no Rio de Janeiro, como um esforço da comunidade internacional para colocar em pauta as questões essenciais que envolvem os recursos hídricos no planeta.  

Em Belém, outros rios recebem requalificação urbana e paisagística

Além do Rio Tucunduba, outros rios cortam a cidade de Belém e são tão importantes quanto para o ecossistema local. Sobre alguns desses outros 'caminhos de água', a Prefeitura de Belém informa, em nota, sobre ações que vêm sendo realizadas para valorização desses espaços:

"Atualmente, a Prefeitura de Belém executa dois grandes projetos em rios urbanos de Belém: um deles é o de requalificação do igarapé São Joaquim, vinculado à bacia do Una, e que possui uma extensão de 4,6 km cortando os bairros da Sacramenta e Val-de-Cans. O projeto do Parque Urbano São Joaquim visa mudar a paisagem, a partir da sua requalificação urbana, ambiental e tratamento paisagístico, com sistema de esgotamento sanitário, drenagem pluvial e abastecimento de água, orçado em R$150 milhões, resultado de convênio entre a Prefeitura de Belém e o Ministério das Cidades. Essa é uma das obras estruturantes da administração municipal em preparação da cidade para receber a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP-30) em 2025".

"Outro grande empreendimento da Prefeitura de Belém é o Programa de Macrodrenagem da Bacia do Igarapé Mata Fome. O projeto prevê obras de mobilidade urbana; recuperação da mata ciliar, importante para evitar a erosão do leito do igarapé; a preservação das mais de 15 nascentes d’água existentes na área; e a integração viária com ciclofaixas, que vai contemplar moradores dos bairros da Pratinha, São Clemente, Tapanã e Parque Verde diretamente. O Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata), banco de fomento que reúne Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia, vai financiar 60 milhões de dólares para a execução da obra, que teve seu contrato assinado na última terça-feira, 19".

Limpeza de rios urbanos e canais

Ainda segundo a nota, a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) é a respponsável por realizar, diariamente, limpeza e roçagem das margens dos 65 canais da cidade com tração manual e uso de máquinas, bem como realiza ações de dragagem e microdrenagem. A Sesan pede para a população evitar o descarte inadequado de lixo e denunciar pelo 153 (Guarda Municipal de Belém) ao se deparar com qualquer descarte irregular feito nas ruas da cidade.

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