Dermatite atópica: dermatologista de Belém comenta avanços no tratamento da doença pelo SUS
"Essa ampliação de acesso reforça o compromisso do sistema público com uma abordagem mais completa e humana da saúde da pele”, diz a médica dermatologista Caroline Palheta

"A incorporação de novas medicações ao protocolo do SUS (Sistema Único de Saúde) representa um avanço muito importante para pacientes com dermatite atópica, especialmente os casos moderados a graves, que, muitas vezes, não respondiam apenas aos tratamentos convencionais". É o que afirmou em Belém, nesta quinta-feira (5), a médica dermatologista Caroline Palheta. Ela comentou o fato de que, a partir de agora, o SUS passa a oferecer tratamento integral para a dermatite atópica, doença crônica e hereditária que causa inflamação da pele, levando ao aparecimento de lesões e coceira.
Isso foi possível a partir de três portarias publicadas, no último dia 27, no Diário Oficial da União, e que ampliam o tratamento para dermatite atópica pelo SUS. Os documentos oficializam a incorporação, na rede pública, de duas pomadas para a pele - tacrolimo e furoato de mometasona - além de um medicamento oral para o tratamento da doença – o metotrexato, informou a Agência Brasil.
A médica dermatologista Caroline Palheta disse que a disponibilização do tacrolimo e do furoato de mometasona como opções tópicas, além do metotrexato por via oral, amplia significativamente as possibilidades terapêuticas na rede pública, permitindo um tratamento mais individualizado e eficaz. Ela acrescentou que a dermatite atópica é uma doença que vai muito além da pele. “Ela impacta a qualidade de vida, o sono, a autoestima e a saúde mental dos pacientes. Ter acesso a um tratamento integral pelo SUS é essencial para garantir não apenas o controle clínico da doença, mas também a dignidade e bem-estar dessas pessoas”, observou.
VEJA MAIS:
Abordagem mais completa e humana da saúde da pele
“Como médica dermatologista, vejo com entusiasmo essa ampliação de acesso, pois ela reforça o compromisso do sistema público com uma abordagem mais completa e humana da saúde da pele”, acrescentou. A médica dermatologista Caroline Palheta explicou que a dermatite atópica é uma doença de pele crônica, inflamatória e não contagiosa, com forte componente genético e imunológico. Costuma começar na infância, mas pode persistir ou se manifestar na vida adulta.
Os sintomas comuns são coceira intensa (prurido), que piora à noite; lesões vermelhas, descamativas e com crostas; ressecamento da pele; espessamento da pele em casos crônicos; possíveis infecções secundárias por bactérias devido ao ato de coçar. Já as causas e fatores de risco são as seguintes: genética (histórico familiar de dermatite, asma ou rinite alérgica); disfunção da barreira cutânea; hiperreatividade imunológica; fatores ambientais (clima seco, poluentes, alérgenos); e estresse emocional.
A médica também falou sobre o tratamento da dermatite atópica: hidratação intensa da pele (uso diário de emolientes); corticosteroides tópicos e inibidores de calcineurina (como tacrolimo); medicamentos sistêmicos em casos moderados a graves, como metotrexato, ciclosporina ou biológicos; controle de gatilhos ambientais; e acompanhamento dermatológico contínuo.
Nota do Ministério da Saúde
Em nota, o Ministério da Saúde destacou que o tacrolimo tópico e o furoato de mometasona poderão ser usados para tratar pessoas que não podem usar corticoides ou que tenham resistência aos tratamentos até então disponíveis. "A ampliação de acesso ao tacrolimo tópico para os pacientes do SUS é um benefício relevante já que, por ser um medicamento de alto custo, seu acesso era mais restrito”, informou. Ainda segundo o ministério, o metotrexato será indicado nos casos de dermatite atópica grave, sobretudo entre pacientes que não podem usar a ciclosporina, medicamento já disponibilizado na rede pública.
Doença não contagiosa, a dermatite atópica é uma condição genética e crônica caracterizada principalmente por coceira intensa e pele ressecada, que afeta especialmente as áreas de dobras do corpo, como a parte frontal dos cotovelos, atrás dos joelhos e o pescoço. “É uma das formas mais comuns de eczema, prevalente na infância, embora também possa surgir na adolescência ou na fase adulta”, explicou o Ministério da Saúde.
Em crianças pequenas, a face também é uma área frequentemente afetada pela dermatite atópica. A doença pode variar muito de paciente para paciente, com diferentes intensidades e respostas aos tratamentos”, acrescentou o Ministério da Saúde.
A reportagem solicitou um posicionamento sobre o assunto à Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), mas não obteve retorno.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA