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Carros antigos transportam lembranças e amizades em Belém

Colecionadores não escondem paixão pelo antigomobilismo e mantêm coleções de veículos clássicos especiais

O Liberal

Os carros antigos ganham cada vez mais espaço entre os paraenses. A capital paraense registra mais de mil carros com modelos, marcas, motores e outros itens rodando, como informa o administrador de empresas Vinícius Moura, 57 anos, presidente da Associação de Automóveis Antigos do Estado do Pará (Asaap).

Os donos desses veículos contam que, diferente do que ocorria antes, agora muitos carros antigos chegam a Belém, revelando que a paixão por esses veículos se solidifica a cada dia. "A gente diz que tem ferrugem na veia, soa gasolina; não tem final de semana que a gente não fique embaixo de um carro desse e tem o prazer de mexer para botar na rua", revela o gerente de loja, Fabrício Oliveira, 43 anos, um dos aficcionados pelo antigomobilismo.

Ainda antes da pandemia, a Asaap promoveu eventos com até 350 carros e 112 motos. Carros antigos costumam tomar parte em desfiles cívicos e programações para públicos variados. Atuando também como gestor de restaurante, Vinícius revela ter um carro Aerowillys azul, modelo de 1970, avaliado em R$ 80 mil. "A Asaap surgiu por um grupo de amigos para reunir quem tem um carro antigo e também para quem não tem um, mas gosta muito", afirma. Ele destaca que carros sempre foram a paixão dos brasileiros.

image Vinícius é um dos apaixonados por carros antigos de Belém (Márcio Nagano / O Liberal)

"Tem muito a ver com a nossa memória afetiva, e os carros acabam atravessando gerações, e a partir deles, nós fazemos amigos, compartilhamos histórias, formamos uma comunidade em torno dos carros", acrescenta Vinícius Moura. Ele conta que os carros remetem aos pais, avós que também tiveram seus veículos, à infância dos colecionadores. "Os carros antigos compõem muito bem com as paisagens, os lugares bonitos que temos em Belém", frisa.

Vinícius pontua que o carro antigo começou a crescer cada vez mais no Pará, e, com isso, também alavancou vários segmentos ao redor, como oficinas especializadas, algo que não se tinha e gerava dor de cabeça aos colecionadores para mexer em um dos veículos. "O carro antigo é um patrimônio", completa.

Essa paixão acaba reunindo gente de todas as profissões e nível social e pode ser conferida e reafirmada, inclusive, no cinema, na música e na literatura, por exemplo.

Amizades se formam na pista

O gerente de loja, Fabrício Alves de Oliveira, preside o Pará Fusca Clube, com 250 sócios e com 12 anos de atuação. Coleciona carros antigos há 26 anos, desde o primeiro Fusca que teve. Aos 17 anos de idade, ele juntou um ano de salário para adquirir o primeiro Fusca, e, então, não parou mais. "Essa paixão vem desde a infância, porque eu admirava os carros, e aí tem a história, o valor sentimental, ou seja, o valor agregado a pessoas e locais basicamente", declara.

Hoje em dia, ele coleciona um Fusca 1973 e um Chevette DL 1991 e conta que a cultura do antigomobilismo vem de muito tempo, desde o pessoal que ia para a Doca de Souza Franco. "Os carros foram ficando guardados, e hoje as pessoas estão resgatando esses carros, graças a oficinas, como essa ("Garagem dos Sonhos"), especializada", afirma Fabrício.

Não bastasse cuidar de seus carros, Fabrício assume ainda a responsabilidade de gerenciar coleções de carros antigos de amigos. Ele está cuidando de uma Gran Blaser, ano 1998, avaliada em R$ 100 mil, de um amigo colecionador. "O objetivo é conservar as coleções, manter o antigomobilismo vivo", reitera. Fabrício mora no bairro da Sacramenta, e sempre gostou de colecionar objetos. Ele tem bicicletas antigas, miniaturas de carros e cédulas antigas.

Colecionar carros antigos tem a ver com a curiosidade, construir amizades, como reforça Fabrício. Ele já investiu mais de R$ 30 mil no Fusca e R$ 10 mil no Chevette. "O colecionador não pensa em se desfazer do carro, mas às vezes a gente vende para outro colecionador, até de outros estados", acrescenta. Muitos colecionadores mantêm o motor original dos carros. Durante muito tempo, como relata Fabrício, ocorreu uma migração dos carros de Belém para outros estados. "Hoje, está acontecendo o inverso, estão vindo muitos carros; quase que semanalmente estão chegando carros antigos em Belém, porque se tornou uma febre, uma paixão entre os colecionadores", salienta.

image Amizades se formam em meio à paixão pelos veículos antigos (Márcio Nagano / O Liberal)

"Garagem dos Sonhos" se especializou em cuidar dos veículos clássicos

A "Garagem dos Sonhos" é uma oficina mecânica especializada em carros antigos funcionando há dois anos no bairro do Telégrafo. Como as peças dos carros são frágeis e difíceis de ser encontradas, bem como se dispor de um lugar específico para manutenção desses veículos, a garagem dos amigos Marcelo "Flecha" Sacramento e Júnior Laredo, o "Wolverine", ganhou o apelido onírico. A "Garagem dos Sonhos", refletindo o sonho de quem adora carros antigos, reúne 22 carros em seu interior e 18 na fila para ingressar na oficina.

"Isso demonstra o crescimento dos carros antigos em Belém; e tem que muita gente que tinha um ou dois carros hoje tem três, quatro carros", revela Júnior. Tem gente em Belém com 40 carros antigos. Na Garagem, estão um Chevrolet 1950, um Fleetline 1950 e um Ford 1930. "Cada carro é o sonho de uma pessoa", observa.

"O meu pai era mecânico, eu sou mecânico e cresci no meio de Landau, Maverick e Dodge. Aos 15 anos, eu ia para aula em um Dogde", relata Marcelo.

Os colecionadores de carros costumam se reunir em locais abertos, como na Doca de Souza Franco, no Complexo Feliz Lusitânia, no bairro da Cidade Velha; e no Ver-o-Rio. O carro é considerado antigo quando atinge 80% de originalidade e 70% de conservação. Como relatam os colecionadores, ocorre um crescimento de carros antigos no Pará. Um bom sinal para a formação de novos amigos, mais carros para se observar em seus atrativos, incluindo a memória emocional de quem os coleciona e de quem gosta de observar a passagem dessas máquinas pelas ruas e pelo tempo.

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