Belém recebe final do Desafio Liga Jovem com projetos paraenses entre os destaques
Organizado pelo Sebrae, o DLJ chega à sua terceira edição. A banca final será nesta terça (2)
Belém se tornou, pela primeira vez, palco da final nacional do Desafio Liga Jovem (DLJ), a maior competição estudantil de empreendedorismo de impacto do Brasil. A disputa nesta segunda-feira (1º), no Hotel Grand Mercure, reuniu 78 equipes finalistas de todos os estados brasileiros. Ao todo, são 376 participantes, entre estudantes e professores, apresentando soluções tecnológicas e criativas para problemas reais enfrentados por escolas e comunidades. A banca final do DLJ ocorre na manhã desta terça-feira (2), quando serão conhecidos os projetos campeões que representarão o Brasil internacionalmente.
Organizado pelo Sebrae, o DLJ chega à sua terceira edição e, segundo o gestor nacional do projeto, Paulo Ventura, tem como objetivo incentivar uma educação baseada na criação e na prática.
“É um projeto do Sebrae que fomenta a educação criadora nas escolas. Trabalhamos com estudantes do ensino fundamental ao superior para que desenvolvam competências empreendedoras e construam projetos reais”, explica.
Segundo Paulo Ventura, trazer a final para o Pará neste ano teve um significado especial. "Viemos pra cá para beber dessa atmosfera da COP. Falamos muito sobre ODS e sustentabilidade, então era importante que os estudantes estivessem conectados ao que o mundo discute hoje”, afirma.
Ao longo do ano, cerca de 10 mil projetos foram inscritos em todo o país. Apenas um deles, por estado, chegou à final. “Ter um projeto paraense finalista é um grande mérito. A competição é muito acirrada”, destaca Ventura. Os vencedores embarcam em uma missão internacional, onde apresentarão suas soluções fora do Brasil.
O Pará chega à final com três iniciativas de destaque, todas voltadas para sustentabilidade ou empreendedorismo jovem. Entre elas, está um projeto universitário que busca reduzir o descarte irregular de entulhos na capital.
Criado por estudantes do CESUPA, o projeto propõe uma plataforma digital que conecta quem tem entulho a quem quer reutilizá-lo, incluindo prestadores de serviços de transporte. A solução surgiu a partir de uma observação feita durante as obras relacionadas à COP.
“Vimos a necessidade de pensar em algo que resolvesse a questão dos entulhos em Belém”, conta Lucas Andrei, estudante do 8º período de Engenharia de Habitação.
“Há muita oportunidade mal aproveitada. O entulho tem valor, mas essa informação não chega à população. Criamos um ecossistema em que o usuário anuncia o material e outro interessado pode comprar, negociar e contratar alguém para fazer o transporte”.
O colega de equipe, Thiago França, estudante de Arquitetura e embaixador do Programa Gênesis, explica que o aplicativo ainda está em fase de prototipação, mas com previsão de testes. “Achamos a ideia forte e resolvemos nos inscrever. A apresentação foi intensa, fiquei nervoso, mas confiamos no potencial do projeto”.
Sabão ecológico de manga
Outro projeto paraense finalista foi desenvolvido por estudantes da Escola João Carlos Batista, em Ananindeua. A proposta nasceu de uma atividade de campo realizada no entorno da feira do bairro 40 Horas, onde os alunos identificaram descarte irregular de óleo de cozinha e grande quantidade de mangas desperdiçadas no período da safra.
“Os problemas ambientais estavam muito relacionados ao rio e ao descarte inadequado de resíduos”, explica a professora Brenda Costa, que orienta os alunos de Geografia e Educação Ambiental.
“Não adianta identificar o problema e não buscar solução. A partir disso, chegamos ao sabão ecológico. No começo, ele não tinha aroma, até que um aluno do 6º ano perguntou qual seria o cheiro. Como havia muita manga pelo chão, decidimos usar as cascas para dar identidade ao nosso produto”.
As estudantes Stephanie Macedo e Sara Sueli, integrantes do projeto, celebraram a experiência. “Descobrimos que a casca de manga acelera o processo químico do sabão. Ficamos muito animados ao testar no laboratório”, conta Stephanie.
Sara destaca o impacto da iniciativa: “É importante para abrirmos os olhos para o meio ambiente. As pessoas poluem muito sem perceber. Esse projeto mostra como descartar corretamente e transformar resíduos”.
O grupo já recolhe óleo usado junto a restaurantes e lanchonetes da região. O produto é distribuído à comunidade, e o objetivo agora é ampliar a comercialização. “Queremos vender a preço acessível no bairro e, quem sabe, para todo o Brasil”, completa uma das estudantes.
O Desafio Liga Jovem não apenas estimula a criação de soluções inovadoras, mas também transforma a relação dos estudantes com o aprendizado, segundo o gestor nacional do programa.
“Os frutos já aparecem. Temos jovens que hoje estudam fora do país ou criaram startups reais. Mas o maior ganho, ainda que não mensurável, é que eles passam a acreditar mais em si e a produzir mais projetos”, afirma Paulo Ventura.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA