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Belém produz mil toneladas de lixo por dia e tem 100 pontos críticos de descarte ilegal

Educação ambiental, medidas de preventivas e investimento em coleta seletiva são as ferramentas para contornar a situação

Dilson Pimentel e Caio Oliveira

Garantir uma boa limpeza urbana e dar destinação adequada aos resíduos sólidos produzidos diariamente são dois grandes desafios para os gestores de Belém. A capital produz, por dia, uma média de mil toneladas de lixo. Além disso, a cidade tem, atualmente, mais de 100 pontos críticos de descarte irregular de entulhos. “O principal desafio para garantir uma boa limpeza urbana em Belém é, primeiro, melhorar a qualidade da coleta porta a porta”, disse a secretária municipal de Saneamento, Ivanise Gasparim.

A programação da prefeitura é para recolher todo o lixo da cidade. “Agora, as pessoas não têm educação ambiental, jogam o lixo antes do carro passar”, afirmou a secretária. Às vezes, a própria empresa que faz a coleta também falha no recolhimento dos resíduos, pontua. O desafio é regularizar a coleta na cidade toda e fazer um bom programa de educação ambiental. A ideia também é implementar a coleta programada de entulho. Esse trabalho já foi iniciado, garante Ivanise, mas ainda não está na cidade toda.

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A Sesan está criando ecopontos, que são estações de transbordo do entulho. Carrinheiros — trabalhadores informais com carrinhos de mão e que costumam atuar no transporte irregular de lixo — serão cadastrados. Assim, será possível evitar o despejo dos resíduos em pontos críticos, principalmente às margens de canais.

À medida em que se implanta a coleta seletiva, o volume de lixo pode diminuir, diz Ivanise. “Por enquanto, o volume continua o mesmo. Pretendemos fazer a ampliação da coleta seletiva, que vai depender muito da cultura das pessoas dentro de casa para fazerem a seleção do lixo (o orgânico, o molhado e o seco). Estamos trabalhando uma proposta e, em breve, vamos implementar um mais ampliado de coleta seletiva pra cidade”, disse a titular da Sesan.

Ao assumir, a atual administração encontrou 200 pontos críticos de descarte irregular de entulhos. Mais de 100 pontos já foram eliminamos. “Ainda temos muitos pontos críticos na cidade, os quais pretendemos eliminar com a fiscalização, aumentando realmente a coleta de entulho na cidade e implantando a coleta programada de entulho”, afirmou Ivanise.

image Centenas de pessoas ainda dependem do lixão do Aurá para sobreviver (Igor Mota / O Liberal)

Centenas de pessoas ainda trabalham no Lixão do Aurá

A vida no bairro do Aurá, em Ananindeua, ainda pulsa em torno do lixão. Centenas de homens e mulheres ainda reviram os resíduos que chegam ao local que, atualmente, recebe entulhos. Fernando Domingos, de 69 anos, mora em frente ao lixão, em uma das vias de terra que circundam o aterro. Foi dali que, por muitos anos, o homem tirou seu sustento, mas ele parou de trabalhar como catador quando o local deixou de receber o lixo doméstico das residências da região metropolitana de Belém.

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Fernando afirma: lixo é fonte de renda e os resíduos poderiam ser tratados de uma forma mais sustentável na Grande Belém, tanto do ponto de vista ambiental, quanto do social e financeiro. "Trabalhei por mais de 20 anos, catando material reciclável. Alumínio, pet, ferro... Hoje em dia, as pessoas ainda catam, mas para mim, não dá mais mesmo. É pouco material para muitos catadores. Não tenho mais idade e a saúde não é mais a mesma. Agora jogam entulho aí, mas não é 10% do que era antigamente. Eu não sei porque esse material vai para é aterrado. O lixo é rico, se extrai muito dinheiro. Esse lixo aqui sustentou muita família. Agora é uma dificuldade", diz o homem, que sonha com um melhor investimento para a coleta seletiva.

Hilton Pinto, de 67 anos, continua frequentando o lixão diariamente, vendendo chopp e cigarro para os trabalhadores. Às vezes, recebe pagamento em resíduo coletado. "Eu moro aqui na comunidade Santana do Aurá. A vida não é tão ruim não, pois as pessoas ganham um trocadinho aqui ainda. Mas, quando era o tempo do lixão mesmo, era uma beleza", diz o homem, que também acredita que o espaço poderia ser melhor aproveitado.

image Hilton ressalta que o lixo movimenta uma economia subestimada (Igor Mota / O Liberal)

Aterro Sanitário em Marituba recebe e trata 1,3 mil toneladas de resíduos sólidos

O aterro sanitário que fica em Marituba, empreendimento privado gerenciado pela Guamá Tratamento de Resíduos, diariamente, recebe e trata para destinação final 1,3 mil toneladas de resíduos sólidos de Belém, Marituba e Ananindeua. Deste montante, 73% é de Belém, 18% de Ananindeua, 5% de Marituba e 5% da iniciativa privada. Mensalmente, são enviadas ao aterro sanitário 40 mil toneladas de resíduos destes três municípios.

O chorume, que é produto da decomposição dos resíduos, começa o tratamento por meio de um sistema físico químico para a retirada dos sólidos dissolvidos, que viabiliza o melhor desempenho da segunda etapa de tratamento com a tecnologia Osmose Reversa, que conta com sete equipamentos para o tratamento do chorume gerado no aterro sanitário.

CHORUME O QUE FAZER?

A Osmose Reversa é uma tecnologia destinada ao tratamento de efluentes através de filtração por membranas, realizando a separação de substâncias contidas no chorume, filtrando a água tratada, que é reutilizada para umidificação das vias e lavagem dos equipamentos do Aterro Sanitário. O excedente de chorume gerado após o tratamento da Osmose Reversa é enviado para estações de tratamento externas. A Guamá também vai investir R$ 14 milhões na construção de uma nova Estação de Tratamento de Efluentes, que vai aumentar mais a capacidade de tratamento de chorume e tem previsão de implantação em até 08 meses.

image O senhor Edmilson reclama da falta de consciência da população sobre o descarte adequado do lixo e medidas para enfrentamento mais direto da sujeira (Igor Mota / O Liberal)

Margens do canal São Joaquim, na Sacramenta, estão tomadas pelo lixo

No bairro da Sacramenta, às margens do canal São Joaquim, quase não é possível enxergar onde começa a rua Américo Ferreira, já que a área está tomada pelo lixo. Edmilson Santos, pintor de 64 anos e que mora há uma década no local, reclama da perda de qualidade de vida por conta do mau cheiro e da infestação de animais nocivos à saúde.

"A fiscalização está levando os carrinhos que vêm despejar aqui, mas eles vêm de noite jogar o lixo agora. A maioria desse lixo aqui vem lá da pista, de supermercado. O pessoal dá um trocado e eles vêm jogar aqui. Vem osso, resto de galinha, tudo que é porcaria", diz o morador.

Apesar dos esforços, a sujeira segue. "A Prefeitura manda um trator três vezes na semana, limpa tudo, mas o pessoal vem e joga de noite. Dá muito urubu e mosca. Disseram que iam fazer uma quadra pros meninos jogarem bola mas, até agora, nada. A população tinha que ter mais consciência", lamenta Edmilson.

Singapura, na Ásia, é mundialmente conhecida pela limpeza

Localizada no continente asiático, Singapura é universalmente conhecida por suas estradas perfeitamente pavimentadas, parques públicos bem cuidados e ruas sem lixo, como aponta reportagem do jornal Correio Braziliense. Nesta pequena cidade-estado, com pouco menos de 56 anos de independência nacional, limpeza é sinônimo de profundas conquistas sociais, de um crescimento econômico sem precedentes e, mais recentemente, de uma contenção coordenada da pandemia de covid-19.

Na prática, alcançar a limpeza significava desenvolver sistemas de esgoto de qualidade, criar programas para combater a dengue e outras doenças, conduzir um projeto de dez anos para despoluição do Rio Singapura, o plantio de árvores em toda a ilha e a realocação dos vendedores ambulantes de comida, outrora onipresentes nas ruas, em centros cobertos voltados para isso. Ainda segundo a reportagem, também significou a realização de uma série de campanhas nacionais de higiene pública, convocando os cidadãos de Singapura a fazer sua parte.

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