Congresso discute soluções para zerar lixo em Belém

Instituto Lixo Zero terá representante paraense em evento on-line sobre redução de lixo

Eduardo Laviano
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Começa nesta terça-feira (22) o Congresso Internacional Cidades Lixo Zero, um  encontro de representantes de 116 cidades do mundo onde o Instituto Lixo Zero está presente.

O objetivo é discutir alternativas em relação à crise mundial dos resíduos sólidos, desde obtenção de energia elétrica, compostagem e a utilização de plásticos. 

Uma das discussões do congresso será o funcionamento dos aterros sanitários brasileiros, uma discussão central para o cotidiano da região metropolitana de Belém nos últimos anos, considerando os impasses entre prefeituras e o aterro sanitário localizado em Marituba. 

Para o embaixador da instituição no Pará, Heber Cavalheiro, a crise atual é resultado de discussões pouco aprofundadas na concepção inicial de projetos como os dos aterros sanitários.

"Será que precisamos de aterros tão grandes? O aterro é para cuidar daquele 3% de lixo que não tem mais jeito de reutilizar, e não fazer o trabalho que ele faz hoje, recebendo o caminhão do lixo que passa de casa em casa, uma grande mistura do lixo residencial, do plástico ao resíduo orgânico e até construção civil. Por isso que ele tem esse tamanho", afirma.

Cavalheiro lembra que diversas cidades ao redor do mundo tentam buscar soluções para que sejam construídos aterros menores, por meio de ações fortes de reciclagem e educação ambiental. 

"Tudo isso leva tempo, mas esquecem também que o aterro tem um tempo limitado para funcionar. Esse é um debate que não dá para ignorar não só aqui, mas em todo o Brasil. Vai chegar um tempo que a vida útil do aterro vai encerrar. E depois? O local vai servir para o que? Aí vão procurar outro lugar. E começa tudo de novo. É um ciclo. Nós do Instituto queremos conscientizar sobre esse fato também, de que hoje o mundo aposta em aterros menores porque consegue trabalhar pela menor necessidade da existência deles", conta ele.

Entre outras iniciativas, o conceito de Lixo Zero visa construir uma cadeia produtiva que se preocupa em criar, desenvolver e comercializar produtos que possam ser completamente reutilizados.

Sem o conceito Lixo Zero, os municípios gastam até R$313 por tonelada de lixo recolhida. Em grandes cidades, o valor pode alcançar mais de R$500 milhões anuais, que poderiam ser utilizados para a prestação de outros serviços na área de saúde, educação e segurança.

Heber lamenta que os gestores públicos não se importem nem com o meio ambiente e nem com os ganhos econômicos que iniciativas sustentáveis possam gerar para a população. 

"Falta conhecimento aos agentes públicos para implantar políticas públicas relacionadas à reciclagem. Cada cidade possui características diferentes e precisam de soluções diferentes. Tudo o que consumimos hoje é passível de amenização quando o assunto é impactos negativos. Temos hábitos muito relacionados ao consumo de plásticos. De 30% a 40% das nossas compras são lixo, resíduo, embalagens. Hoje, a iniciativa privada já se esforça para implantar mercados de lixo zero, alguns deles em São Paulo", destaca.

Ele exemplifica com as leis municipais e estaduais que visavam diminuir o uso de sacolas plásticas em Belém, implantadas há pelo menos 10 anos em outras cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.

Sem fiscalização, com pouco mais de uma semana da vigência, diversos supermercados voltaram a utilizar os materiais poluentes.

"É impressionante a desorganização e a falta de vontade dos governos e prefeituras de produzir educação ambiental e incentivar a redução dos resíduos. Veja o exemplo da lei anti sacolas plásticas: ao invés de ser educativo, ganhou caráter punitivo. Os grupos de interesse se movimentaram e voltamos para a estaca zero. Uma pena", afirmou. 

Esses e outros debates com palestrantes do mundo inteiro serão transmitidos gratuitamente nos dias 22, 23 e 24 no site www.cidadelixozero.com.br, sempre de 8h às 18h. Toda a programação pode ser encontrada no Instagram @belemlixozero.

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