Cotidiano de Belém inspira obras literárias

Os escritores Edyr Augusto e Alfredo Guimarães Garcia falam sobre a cidade, fonte de inspiração de seus livros.

Enize Vidigal

Vencedor do Prêmio Caméleon de Melhor Romance Estrangeiro, na Universidade de Lyon, na França, em 2015, pelo livro “Os Éguas”, o escritor e dramaturgo paraense Edyr Augusto Proença tem na cidade de Belém uma das suas principais fontes de inspiração. Morador antigo do centro da cidade, ele tem na capital do Pará o cenário comum de quase todas as suas publicações. “Um dos fatores importantes de êxito de alguns dos meus livros em termo de Brasil e em termos internacionais é, curiosamente, porque falo da minha cidade, da minha aldeia, do meu chão”, observa.

Do alto do edifício em que reside, Edyr Augusto observa personagens da vida real que vai inspirar os personagens de seus livros. Ele tem na Avenida Presidente Vargas um dos cenários mais comuns de suas narrativas, como a descrição de uma manga despencando do alto da árvore e pessoas correndo em direção ao fruto para disputá-lo. O vencedor cheira a manga, sorri e guarda na sacola. Uma cena tão comum na velha Belém do Pará de 407 anos, porém, inusitada para quem não mora nela.

Mais do que apresentar a cultura local, o autor de “Belhell”, “Pssica” e do recente “Eu Já Morri”, expõe a realidade cotidiana dos personagens de uma meio urbano fincado entre a floresta tropical que tem a atenção do mundo. “No mercado da França e da Inglaterra, uma das críticas curiosas que escuto por lá é de que eu teria quebrado uma espécie de cristal do ‘éden’ amazônico”, revela o autor homenageado na edição do ano passado da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes.

“Os meus dramas são muito da condição humana. Eu escolhi me fixar no centro da cidade, que funciona como uma espécie de imã de personagens deliciosos, diferentes, de pessoas que ficam perambulando, de pessoas ganhando e perdendo dinheiro e isso sempre me seduziu. Eu morei a vida inteira no centro da cidade, conheço muitos dos personagens”.

image Edyr Augusto e Alfredo Guimarães Garcia (Divulgação)

Belém inspiradora

O escritor, poeta e compositor Alfredo Guimarães Garcia também tem vários livros cujas narrativas se passam em Belém, com destaque ao romance “Fiapo”, de 2021, em que a capital paraense não apenas serve de cenário como também é personagem da história. O livro conta a história de um veterano escritor paraense que volta à terra natal para falar de suas obras em uma feira literária. No local, ele conhece um jovem escritor, seu fã, com que se envolve em conflitos ideológicos com pessoas bolsonaristas dentro da feira, que resulta em livros rasgados e queimados.

“Belém sempre foi tema dos meus contos e poemas. Em 1988, ganhei o concurso promovido pela Prefeitura de Belém, empatado com o escritor Fernando Canto, com o poema sobre o Ver-o-Peso. Publiquei vários contos com Belém como cenário, como ‘Dez Contos por Belém’, que lancei no aniversário de 400 anos da cidade, cujas histórias se passam em pontos turísticos, como o Bar do Parque, a Estação das Docas e o bairro da Cidade Velha”, destaca o autor de “O Livro de Eros”, “Enquanto Meu Pai Morre” e “Fragmentário”, entre outros.

“Belém é tema da minha literatura há muito tempo. Imensa felicidade de contribuir com a literatura sobre Belém”.

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