Amazônia na pele: tatuagens regionais conquistam adeptos e ‘espelham’ valorização cultural do Norte
Um dos elementos que Olga Garcia mais costuma tatuar é o muiraquitã, que simboliza a sorte e a proteção
Tatuar o corpo é uma boa maneira de eternizar uma memória ou reforçar o pertencimento a um grupo. No Pará, cada vez mais artistas estão sendo requisitados para fazer tatuagens com temáticas regionais. A tatuadora Olga Garcia, de 32 anos, é uma delas. Há três anos no segmento artístico, ela é bastante procurada para criar artes com referenciais na cidade de Belém quanto temas amazônicos, que incorporam lendas, costumes e até mesmo a culinária.
VEJA MAIS
Olga já desenhou na pele dos clientes uma dançarina de carimbó, a corda do Círio de Nazaré, Nossa Senhora, a escama de um pirarucu, um vidrinho do banho-de-cheiro vendido no Mercado do Ver-o-Peso, uma garrafa de tucupi e, uma das mais inusitadas: o boi-bumbá do Arraial do Pavulagem, uma das festividades mais tradicionais da cidade.
Confira:
Para ela, tatuar a Amazônia na pele dos clientes é como poder criar um elo do público com a “nossa cultura”. A tatuadora explica, que quando é procurado, geralmente os clientes chegam trazendo memórias de momentos felizes que viveram em situações cotidianas do Estado.
“Isso é muito legal porque a tatuagem ela vai ser levada para a vida inteira, então, é uma forma de você se ligar um pouco com o passado, com o que te conforta. Não importa onde você esteja, se você for para outra cidade, outro país, Belém irá te acompanhar”, afirmou Olga, acrescentando que também tem várias tatuagens regionais e sempre busca dar um significante diferente a elas.
Um dos elementos que Olga mais costuma tatuar é o muiraquitã, que simboliza a sorte e a proteção. Segundo a artista, é muito curioso o fato do artefato talhado em pedra na cor verde chamar tanta atenção dos paraenses. “Ele é tipo como um elemento da sorte. Se você pensar um pouquinho, faz muito sentido tatuá-lo e levar como um amuleto para sempre”, complementou.
Como é uma arte “repetitiva” no estúdio, Olga precisa sempre recriá-los de diferentes formas, com traços coloridos, sem cor, traços finos, com ou sem sombra. A tatuadora diz encarar tudo como um verdadeiro desafio de como trazer a identidade de cada cliente para o muiraquitã que deseja ter.
Olga pontua que todas as artes tatuadas no espaço onde atende são “geradas” por ela por meio de muitas pesquisas. Mas ela ressalta que é um trabalho em dupla com o freguês, que a tatuadora permite que sinta-se sempre à vontade para opinar sobre o desenho, tornando-se o mais autêntico possível. “Acredito que dessa forma fica mais única a tatuagem do que pegar da internet e reproduzir”, acrescentou.
De acordo com a artista, como a tatuagem é “algo” que você irá carregar para a vida inteira, é importante buscar por profissionais qualificados e que se conectem com o cliente. O resultado é um bom trabalho finalizado e uma recuperação tranquila .
Momentos eternizados na pele
A publicitária paraense Leila Souza começou a se tatuar com 18 anos de idade. Hoje, com 24 anos, ela já possui quatorze tatuagens espalhadas pelo corpo, sendo duas com destaques regionais: no tríceps, um um desenho do boi-bumbá do Pavulagem em frente a Theatro da Paz; e o contorno do mapa do Pará na parte da costela.
Desde criança ela sempre gostou muito de dançar, e um dos ritmos que mais chamava a atenção era o carimbó. “Tudo o que tinha carimbó eu queria estar no meio e assim conheci o Arraial do Pavulagem. Desde então, frequento todos os anos com exceção da pandemia”, explicou sobre o porquê da tatuagem Leila.
Inicialmente, a publicitária tinha a intenção de fazer a tatuagem do boi-bumbá na perna já que o braço estava “reservado” para outro desenho, mas decidiu substituí-la pela a do Arraial e se surpreendeu. “Fiz isso justamente por ser uma coisa que eu teria certeza que jamais iria me arrepender. Eu namorava aquela tatuagem há uns dois anos”, complementou.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA