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Alagamentos são gerados pela prefeitura, e não pela população, dizem comunidades

Entidades e moradores reagem ao discurso que culpa cidadãos por mazelas das chuvas

Dilson Pimentel
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As chuvas que voltaram a cair em Belém também trazem de volta uma série de transtornos aos moradores da capital. Para o poder público municipal, o lixo tem um papel importante nesse cenário. Segundo a administração municipal, esses resíduos sólidos, geralmente jogados às margens dos canais, são frequentemente arrastados pelas águas e causam danos e prejuízos aos moradores.

Essa semana a meteorologia já espera mais problemas com o acúmulo de chuvas no período, e novos alertas de alagamentos foram feitos. O alerta se sustenta mesmo com as manhãs de sol que a Grande Belém terá esta semana. As chuvas são esperadas para as tardes e noites. 

Os problemas com o lixo viraram parte da paisagem às margens do canal que fica na rua Caripunas com a travessa Doutor Moraes, no bairro da Cremação. Na esquina, uma placa tenta sensibilizar, sem sucesso: "Não jogue lixo. Respeite as crianças da creche". Um centro comunitário divide a vizinhança com o entulho e os descartes de detritos no local.

Mas, para os moradores, a responsabilidade é da própria prefeitura - e não da comunidade, como geralmente argumenta o poder público.

 

AÇÃO

"Essa área geográfica, que equivale a 60% do sítio urbano da capital paraense, vive uma situação calamitosa causadora de sofrimento, transtornos, prejuízos materiais e danos de ordem moral, em decorrência dos constantes alagamentos e inundações", afirma Alexandre Costa, membro da Frente dos Moradores Prejudicados da Bacia do Una (FMPBU), que engloba 20 bairros.

A frente reúne comunidades em quatro bairros, de forma parcial (Marco, Nazaré, São Brás e Umarizal) e 16 outros de forma integral e mais ativa (Barreiro, Benguí, Cabanagem, Castanheira, Fátima, Mangueirão, Maracangalha, Marambaia, Miramar, Parque Verde, Pedreira, Sacramenta, Souza, Telégrafo, Una e Val-de-Cães).

Segundo lembra Costa, que é enfermeiro de profissão, "é mais fácil criminalizar a população". Alexandre afirma que, após a conclusão do Projeto de Macrodrenagem da Bacia do Una, em 2005, o conjunto de obras "não recebeu a manutenção e conservação necessárias, o que tem causado alagamentos por transbordamento dos canais mesmo em áreas que não inundavam antes da execução do Projeto Una".

O resultado disso é vivido todos os dias pela população - e se agrava ainmda mais em períodos de inverno. Para a liderança da Frente dos Moradores Prejudicados da Bacia do Una (FMPBU), a grande causa dos alagamentos é justamente a "falta de compromisso e responsabilidade de cumprimento" das normas técnicas estabelecidas para a conservação e manutenção. "Nunca teve essa manutenção", afirma.

"As pessoas estão perdendo a esperança de encontrar soluções ao sofrerem prejuízos materiais e danos de ordem moral, tendo suas casas invadidas pelas águas impuras e seus bens imersos na lama fétida que essas águas consigo trazem. E, acima de tudo, compulsoriamente sendo infectadas por vírus, bactérias e protozoários causadores de inúmeras doenças".

PONTOS CRÍTICOS 

A Macrodrenagem da Bacia do Una foi feita com recursos do Estado do Pará, por meio de financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). E, concluída, a sua manutenção e conservação passou a ser responsabilidade da Prefeitura de Belém.

A Frente dos Moradores Prejudicados da Bacia do Una  ressalta que o projeto de macrodrenagem é composto de 17 canais, seis galerias e duas comportas. A entidade sustenta que os canais estão todos assoreados. E citou alguns pontos críticos na Bacia do Una: Antonio Baena, entre Pedro Miranda e Marquês de Herval, Governador José Malcher com Nove de Janeiro e, no bairro de Fátima, na convergência do canal da Visconde de Inhaúma com o canal Antonio Baena.

"Na verdade, há uma ação civil pública ambiental, ajuizada pelo Ministério Público do Estado, contra o Estado, a Prefeitura e a Cosanpa pela obrigação de fazer a manutenção no conjunto de obras na Bacia do Una, bem como a realização de obras complementares de microdrenagem que ficaram pendentes após a conclusão do Projeto Una", disse.

 

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