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Vinho e cerveja podem conter metanol? Saiba os riscos e como se proteger

Casos de mortes e intoxicações por metanol em bebidas destiladas acendem alerta para o consumo de outras bebidas alcoólicas, como vinho e cerveja

Hannah Franco

As autoridades de São Paulo investigam mortes e casos de intoxicação possivelmente relacionados ao consumo de bebidas destiladas contaminadas com metanol. Até o momento, foram registrados 37 casos suspeitos, sendo 10 confirmados e 27 em análise. Embora os incidentes recentes envolvam destilados, especialistas alertam que vinhos e cervejas também podem apresentar pequenas quantidades da substância.

O problema maior está em bebidas adulteradas ou produzidas de forma irregular, quando o metanol pode ser adicionado intencionalmente para aumentar o teor alcoólico. Nesse caso, tanto vinhos quanto cervejas podem se tornar perigosos, embora os incidentes recentes tenham envolvido apenas destilados como gin, uísque e vodca.

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Como o metanol aparece no vinho e na cerveja?

O metanol surge naturalmente durante a fermentação de frutas ricas em pectina, como uvas, maçãs e ameixas. No processo controlado de produção de vinhos e cervejas, os níveis permanecem baixos e dentro dos limites legais: até 400 mg/l em vinhos tintos, 300 mg/l em brancos e rosados e entre 6 e 27 mg/l na cerveja, quantidades consideradas seguras para consumo.

Além disso, o metanol pode aparecer em destilados se a fração inicial da destilação (“a cabeça”) não for descartada corretamente. Em produtos adulterados, porém, a concentração pode aumentar a níveis perigosos, causando intoxicação grave.

O que é metanol e como ele aparece nas bebidas?

O metanol (CH₃OH) é um álcool simples, incolor e altamente tóxico, produzido de forma natural durante a fermentação de frutas ricas em pectina, como uvas, maçãs e ameixas. Em processos controlados, o metanol aparece em concentrações seguras: até 400 mg/l em vinhos tintos e 300 mg/l em brancos e rosados. Na cerveja, a concentração varia entre 6 e 27 mg/l, níveis considerados seguros segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O grande risco não é o metanol natural, mas a adulteração de bebidas. Em casos criminosos, a substância é adicionada para aumentar o teor alcoólico de produtos de baixa qualidade ou de origem irregular. Destilados como gin, uísque e vodca já estiveram envolvidos em intoxicações graves em São Paulo.

Como o metanol afeta a saúde

No organismo, o metanol se transforma em formaldeído e ácido fórmico, compostos que prejudicam o sistema nervoso central e o nervo óptico, podendo causar cegueira e complicações graves. Os sintomas incluem:

  • Dor abdominal
  • Náuseas e vômitos
  • Visão turva
  • Confusão mental
  • Convulsões em casos graves

A ingestão de doses elevadas pode levar à morte. No Brasil, já foram confirmadas pelo menos uma morte e outros cinco casos estão sob investigação. Em Pernambuco, três suspeitas incluem duas mortes e um caso de perda de visão.

Vinho e cerveja podem ser seguros?

Sim, desde que adquiridos de fabricantes confiáveis e com registro oficial. Não há método caseiro seguro para identificar metanol em bebidas. Preços muito baixos, ausência de selo fiscal ou origem duvidosa são sinais de alerta.

A recomendação das autoridades é evitar bebidas vendidas informalmente, especialmente destilados, e sempre conferir procedência e certificação.

Como se proteger

  • Compre apenas em estabelecimentos regulamentados
  • Evite bebidas de origem duvidosa ou preços muito abaixo do mercado
  • Fique atento a alterações de sabor ou odor
  • Procure ajuda médica imediata se houver sintomas de intoxicação