Mercado de TI cresce no Pará, mas ainda enfrenta falta de vagas e salários defasados
Profissionais relatam que o avanço tecnológico impulsiona a demanda, mas o número de oportunidades e a remuneração seguem abaixo da média nacional
O segmento de Tecnologia da Informação (TI) integra uma gama de profissionais que concedem suporte técnico às demais áreas, o que facilita para um cenário com uma demanda grande pelos serviços dessa mão de obra especializada. No entanto, profissionais paraenses descrevem que o número de vagas abertas não acompanham essa demanda de maneira proporcional, assim como o salário também se mantém abaixo da média nacional. A média inicial para os cargos mais básicos, segundo o engenheiro, gira em torno de R$ 2 mil, o que varia conforme empresa, setor, cargo e outros critérios, como o nível de qualificação.
Bruno de Castro, engenheiro da computação, de Belém, há cinco anos no mercado formal com um empresa própria de serviços na área, é um dos que compartilha dessa leitura. Segundo ele, o setor se aprimora cada vez mais, exigindo mais experiência e preparação dos profissionais, o que também deveria refletir na qualidade das vagas e no aumento delas. Isso porque, como explica, toda empresa ou atividade que dependa, mesmo que minimamente da tecnologia, precisa de um profissional da área para “oferecer suporte e manter tudo funcionando”.
“No Pará vejo que existem muitos profissionais para poucas vagas e essas vagas são geralmente na área de help desk ou técnico de computador, com salários a baixo do valor proposto pelo Sindicato”, avalia Castro.
Esse cenário ficou ainda mais intenso após a pandemia da Covid-19, quando a necessidade do trabalho remoto, diretamente dependente da rede online e dos equipamentos eletrônicos, se tornou obrigatório. Esse episódio da humanidade alterou a relação com o trabalho e, muitas atividades absorveram o uso mais contínuo da tecnologia ou o intensificaram. O processo se repete no estado, que tem dificuldades em acompanhar as necessidades em torno da mudança, a exemplo dos reajustes financeiros e mais vagas.
Segundo Castro, o contingente de profissionais que não consegue se inserir no mercado tende a migrar para outras regiões em busca das oportunidades de trabalho ou de mais qualificação, que também se concentram em maioria nas regiões Sul e Sudeste. Os que ficam, encontram principalmente vagas em áreas de suporte técnico ou auxílios pontuais. “Técnico de suporte é o que tem maior demanda na região, principalmente quando se tem disponibilidade para viagens”, avalia o engenheiro.
Com uma trajetória de vinte e seis anos na área de TI, o especialista em computação forense e perícia digital Artur Nascimento também descreve a necessidade de melhorias na faixa salarial da profissão. Segundo ele, a base pode ser ainda menor, chegando a R$ 1.800 para os cargos iniciais de técnico, com pelo menos três anos de experiência. Os valores podem alcançar os R$ 8 mil na área de cyber segurança, a depender da empesa.
Ele avalia que esse é um recorte que recai principalmente sobre a região Norte. “O Cenário no somente no Pará e sim na região Norte como todos é bem desvalorizado, a mesma empresa que em belém paga menos, em outro estado de fora do norte paga bem melhor para a mesma função”, afirma Nascimento.
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Transformação
Presente em uma das muitas possibilidades de atuação desse mercado, o analista de sistemas e professor universitário Iranildo Ramos da Encarnação, dá destaque às transformações tecnológicas que a profissão lidera. A principal novidade é a explosão das Inteligências Artificiais (IA), que inauguram um novo momento do mundo online e impulsionam o desenvolvimento de sistemas. Essa movimentação aumenta a demanda por cargos estratégicos: cientistas, engenheiros de dados e profissionais de cibersegurança. O último influenciado pela crescente onda de golpes que acompanha o processo de modernização.
“A atuação dos profissionais de TI está sendo profundamente transformada por Inteligência Artificial (IA), Big Data e Cibersegurança. Essas áreas não só criam novas oportunidades, como também exigem novas competências e mais preparo. Na área de IA, a automatização de tarefas está substituindo processos repetitivos, liberando os profissionais para atividades mais estratégicas e os treinando para novas profissões”, explica.
Na educação, profissionais paraenses não possuem tantas opções de formação. O professor menciona as Instituições de Ensino Superior (IES), que oferecem cursos tecnológicos e bacharelados em TI. Segundo ele, são marcadas por uma grande competitividade e necessidade constante de aperfeiçoamento.
Há também projetos, como o Startup Pará, um programa do governo estadual que apoia empreendedores e startups com potencial de impacto positivo, social e tecnológico. Recentemente promoveu as Maratonas de Inovação em diversos municípios para desenvolver soluções tecnológicas em desafios propostos. Em relação à iniciativa privada tem o grupo Pará TIC, que tem por finalidade principal organizar e incentivar o desenvolvimento de software e da tecnologia da informação e comunicação no Estado do Pará e na região norte do Brasil.
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