No Pará, operação impõe prejuízo estimado em R$ 97,3 milhões ao garimpo ilegal na TI Kayapó
A operação se consolidou como uma das maiores ações já realizadas pelo Estado Brasileiro na Amazônia

Com prejuízo estimado de R$ 97,3 milhões às atividades criminosas de garimpo ilegal, encerrou-se a primeira etapa da Operação de Desintrusão da Terra Indígena Kayapó (OD-TIKAY), no Pará. A ação contou com a atuação integrada de mais de 20 órgãos federais, com resultados expressivos no combate ao garimpo ilegal, proteção dos povos indígenas e preservação ambiental.
Estrutura de garimpo encontrada durante as ações do Governo Federal. (Foto: Secom-PR) A operação se consolidou como uma das maiores ações já realizadas pelo Estado Brasileiro na Amazônia, superando o número de alvos inicialmente previstos. As ações iniciaram em maio deste ano, com a meta inicial de 650. No entanto, foram identificados e inutilizados 1.384 alvos de garimpo ilegal — dobrando a meta proposta. As ações causaram prejuízo estimado de R$ 97,3 milhões às atividades criminosas, com a destruição de estruturas e apreensão de combustível, equipamentos e ouro.
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“A operação reafirma o compromisso do Governo Federal com a proteção dos povos indígenas, o enfrentamento ao crime organizado e a defesa da Amazônia”, afirma o coordenador-geral da operação, Nilton Tubino. “E neste momento, após três meses de sua primeira fase, ela se consolida como uma das maiores ações integradas do Estado brasileiro contra o garimpo ilegal na Amazônia”, acrescenta.
Para impedir o retorno de invasores, a Força Nacional e a Funai permanecerão na área. Já o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) irá apresentar às comunidades locais o plano de sustentabilidade para o território no pós-desintrusão.
Segundo Marcos Kaingang, secretário nacional de Direitos Territoriais Indígenas do MPI, a operação “demonstra a importância e a necessidade de o Estado brasileiro proteger as terras indígenas e os povos que nelas habitam, garantindo o usufruto exclusivo e o bem-estar social e cultural das comunidades que pertencem a esse território, conforme prevê a Constituição Federal”, afirmou.
Confira os principais resultados da primeira etapa
- Estruturas de garimpo e maquinários clandestinos inutilizados: 967 barracos, 117 acampamentos, 406 motores, 25 escavadeiras hidráulicas;
- 686 ações de campo: terrestres, aéreas e fluviais;
- Queda de 96% dos alertas de garimpo desde o início da operação;
- 95% de redução nos alertas de desmatamento;
- R$ 164,5 mil em multas aplicadas;
- 22,8 mil litros de óleo diesel inutilizados;
- 63 gramas de ouro apreendidas;
- 257 kg de cocaína e 238 kg de pasta-base apreendidos nas rodovias federais da região;
- 4 caminhões carregando 217 m³ de madeira ilegal apreendidos.
Além disso, os rios da região, como o Rio Fresco, já mostram sinais de recuperação ambiental, com melhoria na qualidade da água após a remoção de dragas, nome dado às embarcações utilizadas pelo garimpo ilegal.
Determinação judicial
A operação atende à determinação do Supremo Tribunal Federal na ADPF 709, que exige a retirada de invasores de terras indígenas para proteger os povos originários e conter o avanço do garimpo ilegal. Segundo o STF, a permanência de não indígenas representa grave ameaça à vida, à saúde e à integridade dos territórios.
Esta é a oitava operação conduzida pelo governo, dentro do cronograma proposto para desintrusões, incluindo ações ainda em curso na Terra Indígena Yanomami.
Terra Indígena Kayapó
A Terra Indígena Kayapó foi homologada em 1991 e ocupa 3,28 milhões de hectares nos municípios de São Félix do Xingu, Ourilândia do Norte, Cumaru do Norte e Bannach, no Pará. Abriga 6.365 indígenas dos povos Mebengôkre (Gorotire, Kôkraimôrô e Kuben Kran Krên) e Isolados do Rio Fresco, distribuídos em 67 aldeias.
A OD-TIKAY é coordenada pela Casa Civil da Presidência da República e envolve os ministérios da Defesa; Justiça e Segurança Pública; Povos Indígenas; Trabalho e Emprego; AGU; SECOM-PR; além de órgãos e autarquias federais como ABIN, PF, PRF, Funai, Ibama, Força Nacional, ANAC, ANTT, ANP e Censipam.
*Ayla Ferreira, estagiária de Jornalismo, sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do Núcleo de Atualidades
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