Madeira e mineração: Pará se beneficia com isenção de produtos em tarifaço de Trump

Madeira, energia e mineração são os principais setores beneficiados pela isenção de tarifas, mas desafios logísticos e falta de infraestrutura portuária ainda limitam o potencial de crescimento das exportações no estado.

Jéssica Nascimento
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O decreto assinado por Donald Trump, em 30 de julho de 2025, isentou cerca de 700 produtos brasileiros da tarifa adicional de 40% imposta anteriormente. Para o estado do Pará, essa decisão traz vantagens estratégicas, especialmente para setores como mineraçãoenergia madeira tropical. Embora ainda existam desafios logísticos e barreiras a serem superadas, um economista paraense e representantes de setores veem como positiva a isenção de produtos. Já a  a castanha-do-pará, apenas o fruto com casca integrou a lista dos isentos de taxação extra, mas o estado exporta essencialmente a castanha descascada.

Madeira tropical: isenção com cautela

Embora a madeira tropical serrada ou lascada tenha ficado isenta da tarifa, o impacto total da medida ainda está sendo analisado. 

Deryck Martins, diretor executivo da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex), explica que o setor ainda está avaliando quais produtos foram realmente beneficiados. 

Mesmo com a incerteza, ele aponta que a isenção de parte das tarifas é um passo positivo para a indústria, que visa a manter sua presença nos mercados premium internacionais.

"O benefício é parcial, e ainda precisamos entender os detalhes das isenções. De qualquer forma, a medida traz um fôlego para a nossa indústria", afirma Martins.

Mineração e energia: setores estratégicos seguem competitivos

Outro grande beneficiado com o decreto são os minérios, como ferro, ouro e ferronióbio, que continuam sem ser taxados. 

Segundo o economista paraense Genardo Oliveira, o setor energético também ganha impulsos, especialmente em Barcarena, onde projetos de derivados de gás poderão continuar sendo exportados para os Estados Unidos sem o acréscimo da tarifa. 

Para o economista, esses dois setores, que já são pilares da economia do estado, poderão ampliar suas operações e aumentar a competitividade com a isenção das tarifas.

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Logística e barreiras para outros produtos

Embora o decreto traga boas notícias para diversos setores, a realidade da infraestrutura logística do estado ainda representa um grande obstáculo. 

Guilherme Minssen, diretor da Faepa (Federação da Agricultura e Pecuária do Pará), destaca que, apesar da isenção de polpas e sucos de laranja, a defasagem na logística portuária do estado ainda impede que o Pará capitalize completamente sobre esses produtos. 

"A logística portuária está muito defasada. Não conseguimos lucrar com produtos que estão fora das taxas sem resolver esse gargalo", afirma Minssen.

Em nota enviada ao Grupo Liberal, o Sindicombustíveis do Pará afirmou que não analisa a fundo as alterações, porém no contexto que foi informado, não haverá qualquer alteração. “Ou seja, nem benefício nem prejuízo”, informou. 

Alguns dos produtos que ficaram de fora do tarifaço de Trump:

1. Produtos agrícolas e alimentícios

  • Castanha-do-pará (com casca, fresca ou seca);
  • Polpas e sucos de laranja;
     

2. Minérios e materiais

  • Minérios de ferro;
  • Carvão;
  • Gás de carvão;
  • Gás natural (liquefeito);
  • Gás natural (em estado gasoso);
  • Gás de água;
  • Gás de produtor e gases semelhantes (exceto gases de petróleo e outros hidrocarbonetos gasosos);
     

3. Combustíveis

  • Combustível automotivo de óleo leve de óleos de petróleo e óleos de minerais betuminosos (gasolina, diesel, querosene);
     

4. Produtos químicos 

  • Perfis de borracha vulcanizada não celular (exceto borracha dura);
     

5. Produtos florestais

  • Madeira tropical;
     

6. Metais preciosos e minerais

  • Ouro (não monetário, lingotes e dore);
  • Ferronióbio;
  • Ferro;
  • Aço inoxidável.
     
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