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Crescente demanda por profissionais tecnológicos impulsiona robótica no Pará

Metodologia que valoriza ciência, tecnologia, engenharia, matemática e arte nas escolas desenvolve nos estudantes habilidades e competências desejadas pelo mercado de trabalho

Elisa Vaz

O uso da tecnologia robótica tem se tornado cada dia mais frequente na produção industrial, e conceitos como inteligência artificial e automação agora fazem parte da rotina de quem atua e vive nesse segmento.

Até 2030, o faturamento do mercado global de robótica deve subir para US$ 260 bilhões, segundo estudo do Boston Consulting Group (BCG). Localmente, embora não haja uma pesquisa específica sobre isso, o diretor de operações do Sesi/Senai, Raphael Barbosa, garante que o Pará deve acompanhar as demandas globais que vierem a surgir no futuro próximo.

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Já tem-se visto, segundo ele, evoluções muito presentes na indústria local. Isso porque a chamada “quarta revolução industrial” proporcionou ao setor mudanças antes inimagináveis, e a robótica tem ocupado seu espaço, contribuindo para a melhoria do trabalho humano e facilitando o alcance de resultados mais nítidos.

Ela inclui demandas como tecnologia da informação (TI), automação industrial, mecatrônica e programação, por exemplo. Os profissionais dessa área, afirma o diretor, estão entre os mais requisitados e mais bem pagos da indústria paraense.

Basicamente, segundo Raphael, a robótica é a resolução de problemas concretos. Dentro da metodologia Sesi de ensino, existe justamente a valorização da ciência, tecnologia, engenharia, arte e matemática, que nasceu a partir de uma demanda do mercado de trabalho por profissionais mais tecnológicos e com maior capacidade de resolução de problemas.

Essa metodologia não significa que o aluno do Sesi vai trabalhar com robótica, de acordo com Raphael, mas é capaz de criar profissionais completos, de acordo com o perfil desejado pelas empresas: com elevado conhecimento técnico, mas com habilidades socioemocionais para atuar no mercado.

“Nós estimulamos o aprendizado baseado em projetos, eles são desafiados a propor soluções, aprendem a arriscar, a lidar com erros, criam base de conhecimento aplicável à vida real, conceitos reais do mundo dos negócios, gestão de projetos, desenvolvem tecnologias de automação, mecânica, elétrica; tudo isso aplicado no conceito de indústria 4.0”, enfatiza.

Ensino

Na escola onde o professor e técnico de equipes de robótica Israel Silva ensina, as práticas tecnológicas existem desde cedo para alunos do ensino fundamental e médio, com o objetivo de prepará-los para as novas demandas do mercado. Na Escola Sesi Ananindeua, ele ensina diferentes modalidades aos alunos, desde introdução à robótica a robôs maiores, de até 19 kg.

Israel conta que atua há cerca de três anos na área e, de lá para cá, acumulou prêmios e reconhecimentos a nível nacional no segmento de robótica, e tenta incentivar outros alunos a seguirem o mesmo caminho. Hoje, na região Norte, o professor diz que é o técnico com mais premiações a nível nacional e tem acumulado diversos prêmios ao longo dos anos em que estuda robótica educacional.

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Já a acadêmica de farmácia Sofia Almeida, de 19 anos, já usa os diferenciais que adquiriu na robótica em sua vida estudantil e profissional, na parte de iniciação científica e pesquisa para os projetos. Ela também passou pela Escola Sesi Ananindeua, de 2016 a 2020, e participou de uma equipe de robótica, onde aprendeu diversas habilidades que utiliza até hoje.

“Primeiro que eu era uma pessoa completamente desorganizada. Não tinha organização nos meus estudos e sempre queria fazer as coisas de última hora, mas na robótica, nos torneios, há muitos prazos e precisamos ser organizados não só no nosso jeito de pensar e na forma de agir, mas na parte documental. Isso me puxou muito a orelha e, graças aos meus técnicos e aos membros da equipe, pude me transformar em uma pessoa mais organizada”, conta.

Outra vantagem aprendida na robótica foi a iniciação científica. Para ela, ter ingressado de forma “precoce” nesse segmento foi essencial para sua vida acadêmica, mesmo que não atue hoje na área tecnológica. Durante seis horas do seu dia, Sofia fica em um laboratório analisando amostras e trabalhando com químicos e fármacos, e é esse senso crítico na área da pesquisa que ela pegou da robótica.