Implante ocular ajuda pessoas com perda parcial da visão a enxergar novamente; entenda
Implante ocular de 2 mm ligado a óculos especiais permitiu que 27 pacientes com degeneração macular voltassem a ler e a reconhecer rostos
Uma empresa de biotecnologia da Califórnia publicou um estudo sobre um dispositivo que pode ajudar pessoas que perderam parcialmente a visão a enxergar novamente e voltar a reconhecer rostos e a ler, através de um implante ocular ligado a um conjunto de óculos especiais.
O dispositivo, chamado de Implante Prima, de 2 por 2 milímetros — a espessura de um fio de cabelo — é feito de minúsculos painéis solares fotovoltaicos e é implantado cirurgicamente sob a retina.
A tecnologia foi apresentada em uma publicação no The New England Journal of Medicine por pesquisadores da empresa Science Corporation, que tem como fundador e CEO Max Hodak, cofundador da Neuralink, em 2016, com Elon Musk.
Resultados promissores em testes clínicos
Um grupo de 38 pacientes com atrofia geográfica (AG), uma forma avançada de degeneração macular relacionada à idade (DMRI), recebeu o implante nos olhos, testado em um hospital em Londres. 27 deles conseguiram voltar a ler usando a visão central.
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Um cirurgião do hospital Moorfields Eye, responsável por inserir os microchips em cinco pacientes, afirma que os resultados do estudo são “incríveis”.
Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI)
Segundo a organização sem fins lucrativos Retina Brasil, a DMRI é uma das principais causas de perda de visão em pessoas com a partir de 50 anos de idade.
Pessoas com essa condição têm uma pequena área da retina na parte posterior do olho gradativamente danificada e, como resultado, a visão fica turva ou distorcida. Cores e detalhes finos são frequentemente perdidos. A condição afeta quase 200 milhões de pessoas no mundo todo, sendo cerca de três milhões aqui no Brasil.
Como a tecnologia funciona
A nova tecnologia pode mudar a vida desses pacientes; o procedimento é feito através da inserção do microchip sob a retina.
Os pacientes implantados usam um óculos com uma câmera de vídeo embutida. A câmera envia um sinal infravermelho de imagens de vídeo para o implante na parte posterior do olho, que as envia para um pequeno processador de bolso para serem aprimoradas e tornadas mais nítidas.
As imagens são então enviadas de volta ao cérebro do paciente, através do implante e do nervo óptico, recuperando em parte a visão.
Limitações e disponibilidade comercial
Apesar dos resultados, os pesquisadores destacam que o dispositivo apresenta algumas limitações. Ele permite apenas uma visão embaçada do mundo e em preto e branco, o que, de qualquer forma, é muito melhor do que a cegueira total.
O implante Prima ainda não foi licenciado, portanto, não está disponível fora dos ensaios clínicos. Ainda não está claro quanto poderia custar se um dia for lançado comercialmente.
(Riulen Ropan, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Felipe Saraiva, editora web de oliberal.com)
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