Servidores da Anvisa receberam mais de 450 ameaças por aprovação da vacina infantil
Presidente da Agência disse que os ataques geram clima de ‘insegurança e tensão desnecessárias’
Diretores e técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) receberam 458 ameaças desde que a vacinação contra covid-19 entrou em pauta, afirma o presidente da Agência, Antonio Barra Torres, nesta quarta-feira (16).
Os ataques geram clima de "insegurança e tensão desnecessárias", declarou Barra Torres, em audiência na Comissão de Direitos Humanos do Senado.
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Ele afirma que as ameaças coincidem com as falas do presidente Jair Bolsonaro, que afirmou que iria expor o nome de técnicos do órgão que aprovaram o uso de doses da Pfizer na faixa de 5 a 11 anos.
As ameaças foram informadas à Polícia Federal e ao Supremo Tribunal Federal (STF). A soma abrange as ameaças até 14 de fevereiro.
"Esse outro que se somou agora, que é a preocupação com a própria segurança, é totalmente descabido e desnecessário, mas, infelizmente, ele está lá. Esse ambiente é um ambiente de insegurança", disse ele aos senadores.
O presidente da Anvisa foi chamado ao Senado para falar sobre a vacinação de crianças e sobre o documento do Ministério da Saúde que defendia uso de hidroxicloroquina e dizia que as vacinas não funcionam contra a doença.
Barra Torres disse que a Anvisa não participou da elaboração do documento. Afirmou ainda que a agência não concorda com os argumentos.
Ele declarou que causa "perplexidade" e "preocupação" cogitar o uso off label (fora das indicações da bula) da hidroxicloroquina como política pública contra a covid-19. "Não consigo vislumbrar uma razoabilidade", disse Barra Torres.
*Emilly Melo, estagiária, sob supervisão de Hamilton Braga, coordenador do Núcleo de Política.
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