Reverendo que negociou vacinas apresenta atestado e declara 'impossibilidade' de ir à CPI
Amilton Gomes de Paula, que negociou 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca em nome do governo, iria falar à comissão nesta quarta-feira.
Nesta segunda-feira (12), o reverendo Amilton Gomes de Paula apresentou um atestado médico declarando que não poderá comparecer à CPI da Covid. O depoimento aconteceria na próxima quarta-feira (14). As informações são do G1.
O documento informava “impossibilidade momentânea” e foi protocolado na comissão e está mantido sob sigilo. A CPI apenas informa que o reverendo “encaminha atestado médico, informando da impossibilidade momentânea de comparecer ao depoimento agendado para o dia 14.07.2021”.
Segundo apurações do G1, a validade do atestado é de 15 dias contando a partir do dia 9 de julho. Sendo assim, o dia do depoimento ainda não está definido.
Amilton Gomes de Paula é fundador de uma entidade evangélica chamada Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), com sede em Águas Claras (DF). A associação desenvolvia o Fest Vida, projeto que elaborava ações socioculturais no Distrito Federal e em cidades de Goiás.
O reverendo era responsável por negociar a venda da vacina AstraZeneca em nome do governo brasileiro. A convocação do seu depoimento foi aprovada na última quarta-feira (7).
O nome de Amilton Gomes de Paula foi citado pela primeira vez na CPI no último dia 1º, durante depoimento do policial militar Luiz Paulo Dominguetti – que se apresenta como representante da Davati Medical Supply, empresa que atuaria como intermediária na compra de vacinas.
O PM afirma ter recebido uma cobrança de propina por dose de vacina durante as negociações com o governo brasileiro.
Dominguetti afirmou que participou de duas reuniões no Ministério da Saúde – ambas viabilizadas pelo reverendo. Os encontros na pasta foram com Lauricio Cruz, com o tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Departamento de Logística, e com o coronel Elcio Franco, o então secretário-executivo da pasta.
De acordo com revelações do Jornal Nacional, e-mails mostram que o então diretor de Imunização do Ministério da Saúde, Lauricio Monteiro Cruz, deu autorização para que o reverendo e a entidade presidida por ele negociassem 400 milhões de doses do imunizante com a empresa americana Davati.
Em um dos e-mails, o reverendo chega a tratar sobre valores do imunizante e pede a atualização do preço da AstraZeneca para US$ 17,50 por dose – valor que representa três vezes mais do que os US$ 5,25 que o Ministério da Saúde pagou em cada dose da vacina comprada em janeiro, de um laboratório na Índia.
Lauricio Cruz foi exonerado da diretoria de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde na última quinta-feira, após a revelação do caso.
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