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Paraenses em Portugal pedem apoio à organização para voltar ao Brasil

Só no mês de janeiro, 113 cidadãos brasileiros pediram ajuda à Organização Internacional para Migrações para retornar ao país de origem

Daleth Oliveira
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Atraídos pela aparente facilidade de ingresso no mercado de trabalho e melhora na qualidade de vida, muitos brasileiros optam por recomeçar a vida em Portugal. Entretanto, nem tudo são flores e, desde o ano passado, o aumento do número de emigrantes no país tem sido registrado, inclusive de cidadãos paraenses. Só em janeiro, 113 brasileiros pediram ajuda à Organização Internacional para Migrações (OIM), que tem um programa de apoio para repatriação de estrangeiros que vivem em território luso, para voltar ao Brasil. Desse grupo, 4 pedem para retornar ao Pará.

Ano passado, o Consulado-Geral do Brasil em Lisboa chamou atenção sobre essa tendência de emigração. Em 2022 foram registrados 912 pedidos de ajuda de brasileiros. Esse número representa mais que o triplo de 2021, quando houve 219 pedidos. Além disso, nesse mesmo período, a OIM auxiliou na compra de passagens de retorno ao Brasil para 243 pessoas, sendo que 67% estavam em Portugal há um ano ou menos e 91% viviam em situação irregular.

De acordo com a OIM, o Pará não é um dos estados de maior expressão no contexto do Programa de Apoio ao Retorno Voluntário e à Reintegração (ARVoRe). Em 2022, 10 cidadãos pediram apoio no regresso ao Estado.

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A OIM informou ao Grupo Liberal que quatro paraenses pediram ajuda em 2021 e outros três no primeiro semestre de 2022. No entanto, a instituição disse que não houve registro de apoio formal para nenhum paraense neste período. “A grande maioria dos cidadãos (74%) regressa para cinco estados: Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Espírito Santo e Goiás. A restante percentagem está bastante dispersa pelo Brasil”, afirmou Vasco Malta, chefe de missão da OIM em Portugal.

Inflação

Segundo informações da OIM ao Correio Braziliense, a razão desse aumento são as dificuldades econômicas enfrentadas pelos brasileiros no território português. Eles estariam alegando que não têm mais dinheiro para comer nem para pagar moradia.

Entre os que pediram socorro para voltar ao Brasil em janeiro, há crianças e, sobretudo, mulheres. Esses cidadãos alegam dificuldade em sobreviver com disparada dos preços dos alimentos e dos aluguéis, problemas que também afetam os portugueses, que reclamam dos baixos salários.

A inflação em Portugal bateu recorde em 2022, diminuindo o poder de compra dos trabalhadores. A inflação em 2022 foi, oficialmente, de 7,8% em Portugal, um disparo significativo face aos 1,3% de 2021. Desde 1992 que não havia uma variação anual da inflação tão elevada, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).

A OIM detalha que muitos dos brasileiros partiram para o país europeu com poucos recursos na esperança de, em pouco tempo, conseguirem fontes de recursos suficientes para sobreviver com dignidade. Contudo, a frustração tem sido recorrente.

Diante desse cenário, a situação se agrava para estrangeiros que vivem em condições irregulares. Levantamentos da embaixada e dos consulados do Brasil apontam que são mais de 100 mil em Portugal. Sem a documentação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), eles não conseguem trabalho formal, abrir contas em banco ou alugar imóveis.

Paraenses

O paraense Mateus Pantoja, 26, dentista, chegou em Portugal em fevereiro de 2020 para estudar, com planos de se formar e construir sua carreira no país luso. Entretanto, com a chegada da pandemia da covid-19, o sonho virou um pesadelo. “Fui atraído pela graduação com mestrado integrado. Estava dando tudo certo até o início da pandemia. Com a rigidez do isolamento social, não suportei mais estar lá, sozinho, e voltei”, relata.

“Meu plano era terminar todo meu curso lá. Mas voltei, me formei aqui em Belém e hoje, com minha profissão estabelecida, não pretendo mais voltar, continua Mateus.

image Mateus Pantoja voltou de Portugal para Belém em 2021 após agravamento da pandemia da covid-19 (Arquivo Pessoal)

O jovem conta ainda que gostava do país e a única dificuldade enfrentada foi para socializar. “Os portugueses são mais diretos, frios e objetivos na comunicação, em comparação com nós, brasileiros. Então tive problemas para fazer amizade na faculdade. Fora isso, foi bom”, finaliza Pantoja.

Já Dailton Rocha, 46, saiu de Marituba em junho de 2019 e ainda está em Portugal com esposa e filha, trabalhando como técnico de manutenção de automóveis. Entretanto, ele revela que já pensa em voltar ao Pará. O motivo: a saudade de quem ficou.

“Ano passado comecei a pensar em voltar para minha cidade natal por causa do tempo que já estou sem ver meus pais. Eles só têm dois filhos, eu e meu irmão, fomos criados sempre muito próximos, mas a vida adulta nos afastou fisicamente naturalmente. Porém, hoje meus pais já estão ficando idosos e penso que nada mais justo que ficar perto deles dando assistência depois de tudo o que fizeram por mim até aqui”, conta Dailton.

image Dailton e Elane Rocha são de Marituba e vivem em Portugal desde 2019 (Arquivo Pessoal)

Ele diz ainda que além da saudade da família que ficou, existe a saudade da culinária paraense. “Eu sinto falta da comida do Pará. Às vezes até encontramos os pratos típicos aqui mas nem vale a pena provar, não é a mesma coisa. Nossa comida é única”, explica.

O maritubense ressalta que há vantagens em morar em Lamego, distrito de Viseu, no norte de Portugal. “Aqui na região, temos muita segurança, a saúde pública é excelente, vizinhança tranquila e a educação básica é de qualidade”, descreve. Para ele, o ponto negativo é o salário mínimo do País, que em 2023 é de € 760,00. “Não é que ele seja baixo, mas ultimamente o nosso custo de vida ficou muito elevado e assim, sentimos no bolso”

“Apesar de gostar daqui, eu quero morrer na minha terra. Quero voltar e dar prosseguimento na minha vida profissional no Pará. Não planejo mais o meu futuro aqui. Planejo meu futuro no Brasil.

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