Ministros reforçam pressão por acordo climático no 9º dia da COP 30
Reuniões a portas fechadas marcaram o nono dia da conferência, com debates sobre financiamento climático, protagonismo local e pressões por maior rapidez nos acordos
O nono dia de atividades da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) foi marcado por negociações e reuniões intensas, a maioria a portas fechadas. Nesta quarta-feira (19), a grande expectativa era com a presença do presidente Luís Inácio Lula da Silva e dos ministros dos demais países. O resumo desses encontros terminou em demonstrações de apoio aos esforços do Brasil para fechar o acordo e cobranças de mais posicionamentos.
No fim do dia, o ministro das Cidades, Jader Filho, participou de uma dessas reuniões, ao lado do governador do Estado, Helder Barbalho, do prefeito de Belém, Igor Normando, e de prefeitos de cidades de outros países. Segundo Jader, o encontro tinha o objetivo de aproximar esforços em torno de projetos de infraestrutura, para que se mantenha um legado após a conferência climática. A conversa foi sobre o protagonismo dos líderes subnacionais para o processo de implementação de projetos a nível local.
Além de reforçar o reconhecimento das autoridades que tocam as obras em nível local, ele também defendeu a pauta do financiamento para os projetos em si. Essa é uma das discussões centrais na COP 30 e se preocupa em responder à questão sobre qual será a origem do dinheiro para as ações de combate aos impactos ambientais.
“O governo brasileiro tem cumprido seu papel. Realizamos ações preventivas, como obras de macrodrenagem para evitar alagamentos e contenção de riscos, visando garantir a segurança das famílias que vivem em áreas de risco no país. Estimamos a necessidade de 25 bilhões de reais para essas ações. E precisamos de mais recursos para a implementação desses projetos em todo o país”, defende Jader.
Ele ainda insiste na determinação de que a maior parte do valor a ser arrecadado para esses projetos deve vir das “maiores economias do mundo”. Além dele, representantes de outros países também se somam às iniciativas brasileiras e cobram mais assertividade nas negociações, isso porque há países que ainda relutam em aderir a um plano de ação climática.
Na América Latina, representantes falam em apoio à proposta brasileira de um Mapa do Caminho para combater o uso de combustíveis fósseis e defendem a atuação de André Corrêa do Lago, presidente da COP 30, como limitada pelo consenso total. Foi assim que a ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Irene Torres, descreveu o porta-voz durante coletiva concedida na tarde desta quarta-feira (19). Para ela, o papel do presidente é dialogar e criar as condições necessárias para a negociação.
“Ele [André] disse com muita claridade que o seu interesse é que essa COP 30 seja um sucesso, porque também depende disso mostrar que, apesar de muitas crises de multilateralismo, ainda vale o esforço de ter decisões tomadas globalmente”, afirma Torres.
A ministra do Meio Ambiente do Chile, Maria Rojas, também se demonstra esperançosa com o acordo final da conferência, que, segundo a presidência, não deve se estender em negociações para além do prazo limite, na sexta-feira (21). Ela destaca que o foco das negociações deve ser priorizar o que é “bom” e “suficiente”, em vez de buscar a perfeição, para a criação de indicadores de progresso climático.
Segundo Torres, isso inclui monitorar o financiamento climático, garantindo que ele vá tanto para mitigação quanto para adaptação, pois os países precisam de resultados tangíveis para seus cidadãos. A mensagem da ministra também enfatiza a necessidade de avançar e questiona quantos países apoiam essa abordagem, incentivando a adoção de métricas climáticas voluntárias.
O representante da Guatemala nesse debate, Edwin López, atual diretor científico do Instituto Interamericano para a Investigação do Cambio Global (IAI), cobra mais rapidez nas soluções e negociações. Ele lamenta que, enquanto os resultados não se concretizam, as comunidades mais vulneráveis continuam sofrendo. López é reconhecido no meio científico e possui vastas pesquisas sobre mudanças climáticas.
“Nós precisamos definitivamente de um fluxo mais ágil de fundos internacionais. Não é apenas a quantidade de fundos, mas também a acessibilidade dos fundos. Quer dizer que a maneira de acessar o projeto, o fundo, seja mais rápida. Às vezes, nós gastamos até 4 ou 5 anos antes de chegarmos ao final da negociação do projeto. E, nesse tempo, muitas comunidades já estão em situações diárias. Então, nós precisamos de um mecanismo mais rápido”, acrescenta.
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