CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Inflação e guerra na Ucrânia: os desafios de Truss a frente do Reino Unido

Aos 47 anos, líder do Partido Conservador assume o cargo nesta terça (6)

Eduardo Laviano
fonte

O Partido Conservador escolheu Mary Elizabeth Truss, de 47 anos, como nova primeira-ministra do Reino Unido. Ela assume o cargo de chefe de governo nesta terça-feira (6), tornando-se a terceira mulher no posto, após vencer a disputa contra o ministro das finanças, Rishi Sunak, por 81.326 votos contra 60.399.

Liz Truss, como é conhecida, atuou como secretária de comércio internacional e ministra das relações exteriores no governo anterior, liderado por Boris Johnson. Antes, ela já havia chefiado as pastas da Justiça, Tesouro e Meio Ambiente ao longo dos governos de Theresa May (2016-2019) e David Cameron (2010-2016).

Casada e mãe de duas filhas, Truss é natural de Leeds, onde cresceu em um lar de esquerda. Com o tempo, ela foi se enveredando para o Partido Conservador, onde iniciou a carreira política como candidata ao parlamento.

image Liz Truss é a nova primeira-ministra do Reino Unido
Terceira mulher a assumir o cargo, ela teve mais de 81 mil votos válidos (57,4%)

image Ucrânia está cada vez mais perto de se tornar parte da União Europeia, acredita Kuleba
A agenda desta segunda-feira, 7, do ministro incluiu ligações para o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, a secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, e para o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken

.

image Na Europa, Rússia planeja maior guerra desde 1945, diz Boris Johnson
Segundo Johnson, informações de inteligência indicam que a Rússia pretende lançar uma invasão que cercará a capital ucraniana

Para Gustavo Freitas, colunista de política internacional de O Liberal, Truss representa a continuidade, já que era aliada de Johnson, que deixou o cargo após diversas polêmicas envolvendo ele e a equipe.

Freitas destaca que a primeira-ministra promete cortar impostos e baratear os custos de energia, mas avalia que os caminhos apontados para tal são superficiais. Segundo Freitas, ela deve enfrentar problemas relacionados ao custo de vida britânico, que escalou por conta da pandemia de covid-19 e da guerra na Ucrânia. 

A taxa de inflação do Reino Unido alcançou 10,1% em julho - e as previsões são de que encostará nos 13% até o final do ano. Já são os maiores números em 40 anos.

"Além disso, precisará retomar a confiança no governo", destaca ele, ao lembrar que Johnson caiu por manchetes que foram desde festas privadas durante o lockdown até assédio sexual por parte de um ministro próximo a ele. 

Mário Tito é doutor em relações internacionais e avalia que a inflação é, de fato, o primeiro problema a ser enfrentado. Mas Truss deverá ainda observar a presença do Reino Unido na política internacional considerando os avanços da China no tabuleiro geopolítico, bem como retomar relações com antigas colônias, como a Índia.

O professor avalia que ela precisará repensar o papel do país na guerra na Ucrânia, pois o apoio dos britânicos a transferência de armas e aportes financeiros para ajudar o governo de Zelensky tem caído.

"Até porque o inverno vai chegar em breve e a Rússia vai jogar com disponibilidade ou não de gás nos próximos meses. Isso pode trazer sofrimento para a população", afirma. 

Desafios são grandes

Para Tito, há ainda o Brexit, que retirou o Reino Unido da União Europeia. Segundo ele, no médio prazo, a medida pode se revelar desastrosa para o equilíbrio econômico do Reino Unido, com a pandemia e a guerra acentuando esta noção. "Isso vai pressionar demais a primeira- ministra e o direcionamento do partido", ele avalia.

Truss é, ainda, menos moderada que Johnson, na opinião de Freitas. Ele acredita que a primeira-ministra pode tornar a guerra um problema ainda maior e a aponta como responsável pelo rigor das sanções à Rússia.

"Ela se mostrou mais entusiasmada em transformar a guerra em um confronto midiático, para ganhar apoio popular, do que para resolver a crise. Um ministro russo disse em janeiro que conversar com Liz Truss sobre política externa é o mesmo que um diálogo de um mudo com um surdo", diz Freitas. 

Truss é a quarta primeira-ministra do Partido Conservador em doze anos no poder. Para Tito, isso mostra que os britânicos olharam para a realidade dos últimos 12 anos com pragmatismo, imaginando que a legenda traria mais tranquilidade para a população.

"Acho que isso responde a uma situação específica do tempo. Mas o governo se destaca pela falta de lideranças. Tanto que não apareceu um nome forte despontando", afirma. Já Freitas atribui a longevidade do partido no poder ao movimento mais conservador desencadeado pelo Brexit.

"Além disso, o Partido Trabalhista vem apresentando candidatos que soam alheios à realidade ou extremos demais para o povo, como foi recentemente com Jeremy Corbyn", diz.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Política
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM POLÍTICA

MAIS LIDAS EM POLÍTICA