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Dia da Mulher: deputadas da Alepa condenam postura de Arthur do Val e defendem cassação do mandato

Áudio do deputado federal do Podemos fazendo comentários machistas e sexistas sobre refugiadas na Ucrânia foi alvo de críticas no Brasil e internacionalmente

Natália Mello

Neste dia 8 de Março, data que marca o Dia Internacional da Luta da Mulher, as deputadas estaduais do Pará, Renilce Nicodemos (MDB), Marinor Brito (PSOL), Professora Nilse (Republicanos) e a líder da bancada do governo na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), Cilene Couto (PSBD), condenaram a postura e defenderam a cassação do mandato do deputado estadual paulista Arthur do Val (Sem partido). Na última semana, áudios do parlamentar fazendo comentários machistas e sexistas sobre refugiadas da Ucrânia vazaram e foram alvo de críticas no Brasil e internacionalmente.

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O parlamentar enviou, em um grupo privado com os amigos, no Whatsapp, áudios afirmando que as mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres”, e disse ainda: “passei agora quatro barreiras alfandegárias, duas casinhas pra cada país. Eu contei, são doze policiais deusas. Que você casa e faz tudo que ela quiser. Eu estou mal, cara, não tenho nem palavras para expressar. Quatro dessas eram 'minas' que você se ela cagar você limpa o c* dela com a língua. Assim que essa guerra passar eu vou voltar para cá".

Reprovação entre as parlamentares e a sociedade

Sobre os comentários sexistas, a deputada Professora Nilse diz que não só a declaração pública de repúdio ao ato foi feita, mas que a Procuradoria da Mulher da Alepa deu entrada em uma moção de repúdio na Casa, que será encaminhada para a Assembleia Legislativa de São Paulo. A parlamentar reforça que, sem dúvida, não poderão mais ser aceitos qualquer tipo de violência que atentem contra as mulheres.

“Isso é uma violência contra a mulher. E se nós não colocarmos o freio nisso, quantas mais mulheres serão ofendidas, quantas mais mulheres serão violentadas, porque isso é uma violência psicológica, isso é um desrespeito, e nós temos isso aqui mesmo no estado do Pará”, defendeu a deputada.

“Nós não podemos nos calar, nós temos que nos defender, mas nós temos que estar unidas e realmente veementemente repugnar esse tipo de ação. Eu, da minha parte como mulher, como Deputada Estadual, que a gente faz a fiscalização, esse deputado, ele deve sim ser cassado para que outros deputados não venham a incorrer nesse crime que é a violência contra a mulher”, declarou.

A líder da bancada do governo na Alepa, Cilene Couto, registrou, inclusive, de forma incisiva, a indignação com a conduta do parlamentar, que ela classificou como violência contra a mulher, prática covarde, repugnante e lamentável. A deputada disse que os comentários chocaram a todas as mulheres do mundo inteiro, devido à repercussão nacional do assunto em todo o mundo.

“Lamentável a posição em todas as colocações feitas pelo deputado. Uma decepção muito grande, porque o deputado e a deputada têm dever e obrigação de representar, dentro das casas legislativas, assim como têm o dever e a obrigação de defender, de proteger, de acolher, e trabalhar todas as políticas públicas voltadas para a mulher. E esse deputado, diante das colocações feitas, ele vem na contramão de tudo o que nós defendemos aqui na Assembleia Legislativa do Pará, tendo inclusive uma Procuradoria criada nessa legislatura, que justamente busca aproximação, acolhimento, o diálogo com a sociedade, em especial a sociedade feminina”, e concluiu, reforçando a necessidade de punição do deputado.

‘Não tem caráter’, diz deputada

Pelo MDB, a deputada Renilce Nicodemos também se posicionou sobre o caso e disse que o deputado não tem caráter. 

“Esse foi um posicionamento de um homem que, na minha opinião, não tem caráter. Nem como parlamentar, nem como pai, nem como ser humano, nem como esposo. Infelizmente não tem caráter”, disse a deputada.

“A forma que ele fala é muito clara, ele diz que lá a facilidade é tão grande e que o que ele dá a entender na fala dele é que a mulher é um objeto, o qual você pode fazer o que você quiser e depois você pode amarrar, botar dentro do saquinho e colocar no lixo. Foi isso que eu enxerguei da parte dele e que eu enxergo. Ele com certeza tem que ser cassado, tem que ser tirado. Porque a população brasileira com certeza não aprova um comportamento de um senhor como ele”, completou.

Pedido de desculpas não foi aceito

Renilce lembra, assim como Cilene, que o deputado ocupa aquela posição para legislar, e que o comportamento dele demonstra que não é digno de sentar na cadeira de um parlamentar. “Ele já pediu desculpas, mas está tudo bem. Aí vai, erra de novo e pede desculpa. Até quando as mulheres irão viver de desculpas? Até quando? Porque o cara também vai cometer um crime, assassina uma mulher e depois ele chega na delegacia e diz que está arrependido, pede perdão. Até quando nós vamos ter que viver de desculpas, de pessoas com esse tipo de caráter. Então o meu posicionamento é cem por cento indignação”, finalizou.

Declarou, ainda, num cenário de luta histórica das mulheres contra todas as formas de violência, a deputada Marinor Brito (PSOL), que considerou o ato repugnante, de preconceito, e de machismo estrutural. Ela disse ainda que o preconceito do parlamentar extrapola as fronteiras brasileiras, e que as afirmações vêm de um homem pago com dinheiro público.

“É repugnante a forma de fazer referência às mulheres pobres, às mulheres ucranianas que seriam, na fala dele, mulheres fáceis para o turismo sexual, pela sua condição de exclusão econômica e social. Nós do PSOL não nos contentamos, não nos acomodamos, não nos acovardamos diante de posturas indignas como a do deputado de São Paulo. O nosso repúdio veemente vem pelo pedido da Comissão de Ética está sendo movido pela nossa bancada do PSOL em São Paulo, e nós esperamos em breve ver este deputado cassado e excluído da vida pública, da representação política do nosso país. Não à violência, não ao machismo, não ao racismo estrutural e todas as formas de opressão contra as mulheres”, concluiu.

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