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Deputados do Pará responsabilizam Governo Federal por desaparecimento de Bruno e Phillips; entenda

Indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira, servidor da Funai, e jornalista inglês Dom Phillips, desapareceram na Amazônia, no último domingo

Natália Mello

Os deputados estaduais Marinor Brito (PSOL) e Carlos Bordalo (PT) declararam que o desaparecimento do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira, servidor da Funai, e do jornalista inglês Dom Philips, é resultado da política ambiental praticada pelo governo federal na Amazônia. “A gente não pode deixar de registrar com indignação e ao mesmo tempo preocupação esse desaparecimento durante expedição na Amazônia”, afirmou Marinor.

Bruno e Dom Philips desapareceram quando faziam o trajeto entre a comunidade São Rafael e a cidade Atalaia do Norte, no Estado do Amazonas, no último domingo (5). O sumiço dos dois gerou repercussão internacional. Entidades do Brasil e do exterior, ligadas ao jornalismo, à proteção dos direitos humanos e à defesa do meio ambiente, cobram providências das autoridades para que se descubra onde estão Bruno Pereira e Dom Phillips.

De acordo com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja, Bruno era ameaçado por madeireiros, garimpeiros e pescadores. Também conforme a Univaja, ele é "experiente e profundo conhecedor da região, pois foi coordenador regional da Funai de Atalaia do Norte por anos".

“O Pará é um dos líderes de conflito no campo, tem relatórios da Comissão Pastoral da Terra, e também é terceiro colocado em número de pessoas ameaçadas de morte. E a região amazônica tem sido palco de muitos conflitos. Enquanto não houver reforma agrária nesse país, enquanto as demarcações de terras indígenas, quilombolas, não estiverem absolutamente sedimentadas e acompanhadas pelos órgãos estatais, garantindo a proteção dessas populações, nós vamos vivenciar situações como essa”, complementou a deputada.

Marinor reforça que o desaparecimento é decorrente, provavelmente, de mais um caso de ameaça, e que jornalistas têm sido alvo do governo federal de diversas maneiras. “Jornalistas vêm sofrendo ataques, seja de condutas, inclusive de agressões físicas feitas pelo próprio presidente da república, e órgãos de segurança não têm conseguido deter essa fúria. Só no Brasil, foram 1.242 ocorrências. A Amazônia Legal detém quase metade dos conflitos registrados em todo o país”, detalhou.

O deputado Carlos Bordalo afirma que esse é apenas mais um caso registrado na Amazônia, o que mostra que a sociedade está em perigo, em risco. “Eu conheço o Dom Philips, já fui entrevistado por ele, um jornalista militante que me entrevistou sobre a Amazônia, sobre ações de populações tradicionais, dos povos indígenas, das perspectivas de desenvolvimento sustentável, eu não conheço pessoalmente o Bruno Araújo, mas me parece que é um indigenista extremamente comprometido com os povos indígenas, com a preservação da dos territórios indígenas. E ambos vinham sendo ameaçados. Justamente por aqueles que estão rapinando a Amazônia. Para aqueles que estão numa atividade predatória intensa”, diz.

Bordalo citou ainda os que alguns dos que ele considera responsáveis por essa atividade predatória: os garimpeiros ilegais. “Aqueles que fazem pesca de arrastão em vários lagos e rios da Amazônia, ou seja, mais duas possíveis vítimas. Não posso dizer que já são vítimas, mas duas possíveis que podem ter sido vítimas dessa esta onda de crimes ambientais e de crimes de tráfico de droga, de outros interesses escusos, que infelizmente se vê durante o governo Bolsonaro no estado do Pará e na Amazônia”, finaliza.

Entenda mais sobre o desaparecimento

Bruno e Dom Philips planejavam visitar a equipe de Vigilância Indígena que se encontra próxima à localidade chamada Lago do Jaburu (próxima da Base de Vigilância da FUNAI no rio Ituí), para que o jornalista visitasse o local e fizesse algumas entrevistas com os indígenas. Porém, não chegaram ao destino.

O Greenpeace informou que "o desaparecimento se deu em meio ao aprofundamento da política anti-indigenista promovida pelo atual governo". Para a entidade, “é urgente que o governo brasileiro mobilize todos os esforços necessários para encontrar Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips, sob pena deles se tornarem vítimas desse contexto de insegurança disseminado pela “política do vale-tudo” que se estabeleceu na Amazônia”;

A organização internacional de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) também cobrou que as autoridades dediquem todos os recursos necessários para realizar as buscas dos dois.

"As autoridades brasileiras deveriam escutar e atuar por meio de um esforço imediato para buscar Dom Phillips e Bruno Pereira".

A Polícia Federal e a Marinha do Brasil apuram o caso, e o Ministério Público Federal (MPF) acionou a Força Nacional e a Polícia Civil para participarem de buscas. A Marinha do Brasil informou que enviou uma equipe para procurar o indigenista e o jornalista. A Força será a responsável por conduzir as atividades de busca.

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